Embora seja uma doença relativamente comum, a amigdalite pode evoluir para quadros mais graves, quando não tratada de forma adequada. Por isso, a orientação de não se automedicar é ainda mais necessária no caso desta doença.
“Se por um lado o uso excessivo e desnecessário de antibióticos pode gerar bactérias mais fortes e resistentes, por outro o tratamento não adequado de amigdalites bacterianas predispõe a complicações, como abscessos, febre reumática e problema nos rins (glomerulonefrite)”, avalia Renata Christofe Garrafa, otorrinolaringologista do Hospital Paulista.
“É importante ter em mente que a maioria das amigdalites são virais e não necessitam de antibióticos. Entretanto, em casos bacterianos os antimicrobianos são essenciais para evitar a progressão para situações mais graves. Por isso, desencorajamos a automedicação e sugerimos sempre a avaliação de um especialista”, diz a médica.
Quem sofre com crises constantes também deve ficar atento na hora do tratamento. Apenas uma minoria dos casos de amigdalites apresenta a indicação cirúrgica para remoção das amígdalas, de acordo com a a especialista.
Para ela, isso só é necessário quando “as amigdalites são bacterianas e recorrentes ou em amigdalites complicadas”. “Nos casos em que as amigdalites são bacterianas e recorrentes, indica-se a cirurgia se o paciente tiver apresentado sete amigdalites em um ano; cinco amigdalites por ano, em dois anos consecutivos; ou três amigdalites por ano, em 3 anos consecutivos”, afirma.
Andy Vicente, otorrinolaringologista do Hospital Cema , afirma que não há um consenso sobre a indicação. Segundo ele, é importante ressaltar que é essencial um esclarecimento do paciente e de sua família, quando há indicação de cirurgia. “Muitas vezes, como se trata de uma cirurgia muito popular, as pessoas tendem a minimizar suas repercussões, não estando preparadas para as manifestações pós-operatórias, como possibilidade de dor, hemorragias e vômitos.”
O especialista explica que a amigdalite ocorre, geralmente, em decorrência de infecções virais ou bacterianas, a doença é transmitida por meio de gotículas de saliva. “Por isso é essencial tomar medidas preventivas de higiene, como lavar as mãos, para evitar maiores contágios.”
A amigdalite é uma inflamação das amígdalas, que se localizam na parte posterior da garganta. Os sintomas mais frequentes são dor de garganta e febre.
Frio favorece inflamação da via aérea
Muitos mitos surgem em torno da amigdalite, como os relacionados ao consumo de sorvete ou ao uso de ar-condicionado. No entanto, este tipo de fator não causa a doença que surge após o contágio por vírus ou bactéria transmitidos por gotículas de saliva.
Apesar disso, a médica Renata Christofe Garrafa afirma que é importante ficar atento para outros desconfortos que estas situações podem gerar.
Segundo ela, “o contato direto com ar-condicionado e com sorvete não é capaz de gerar amigdalite. Entretanto, ficar exposto ao frio pode favorecer inflamações das vias aéreas. A saúde e o bom funcionamento do epitélio respiratório dependem da temperatura local”, diz Renata.
“O epitélio respiratório, que compreende desde o nariz até o pulmão, passando pela garganta, é composto por células ciliadas capazes de filtrar o ar. Estar exposto a temperaturas muito frias pode diminuir a função dessas células e deixar lento o batimento dos cílios, tornando o indivíduo predisposto a inflamações e infecções locais”, conclui.
O otorrino Andy Vicente concorda. “O ar-condicionado pode facilitar o aparecimento de doenças respiratórias, especialmente em pessoas com alergias, com rinites e sinusites, isso porque ele provoca um ressecamento das vias aéreas, o que favorece a entrada de agentes infecciosos. Tomar coisas geladas, como o sorvete, não tem relação com propagação de doenças, pois não é a temperatura que causa a enfermidade”, conclui.
Amigdalite
O que é
- Inflamação das tonsilas palatinas, também denominadas de amígdalas, que se localizam na parte posterior da garganta
As amígdalas
- São glândulas na região da garganta e do céu da boca responsáveis pela defesa do organismo
- É a amígdala que avisa o corpo que existe uma inflamação em curso para que produza anticorpos
Forma de transmissão
- Viral
- É a mais comum
- É causada por um vírus que pode ser pego no ar e, como a gripe, ataca principalmente no frio
- Bacteriana
- Mais agressiva
- Causada principalmente pelas bactérias estreptococos e os estafilococos
- Elas provocam grande inflamação nas amígdalas e o surgimento de placas de pus
Sintomas
- Febre
- Perda de apetite
- Apatia
- Dor no corpo
- Placas brancas ou amareladas nas amígdalas
- Dificuldade ou dor ao engolir
- Halitose
- Cefaleia
- Congestionamento nasal e
- Coriza
Tratamento
- Medicação
- Cirurgia, em alguns casos
Prevenção
- Higiene pessoal
- Lavar as mãos
- Cobrir a boca com lenço ou com a dobra do braço ao tossir
- Evitar contato com alguém que esteja em crise.
Durante crises
- Evitar contato com cigarro
- Evitar ambientes com ventiladores e ar-condicionado
- Seguir corretamente o tempo de tratamento da doença
- Não se automedicar
Cirurgias
- De 2010 a 2014, o Sistema Único de Saúde realizou mais de 200 mil cirurgias de retirada de amígdala
- 97% foram realizadas em jovens de 0 a 19 anos
Fontes: Ministério da Saúde; Andy Vicente, otorrinolaringologista do Cema; Renata Garrafa, otorrinolaringologista do Hospital Paulista
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.