A xerostomia, ou boca seca como popularmente é mais conhecida, é a diminuição na produção de saliva. A condição pode acometer pessoas de qualquer idade, mas atinge com mais frequência idosos. Casos esporádicos são comuns, no entanto, a ocorrência constante pode indicar algum problema de saúde.

“A xerostomia atinge principalmente a terceira idade porque normalmente esses pacientes já possuem uma redução na produção salivar e fazem uso de maior número de medicações que podem causar a hipofunção glandular”, explica Marcio Seto, professor do curso de pós-graduação em Periodontia do Centro Universitário Senac. 

Segundo o especialista, a condição pode ocorrer por conta de uma desidratação ou ser sintoma de alguma doença. “Diversos podem ser os fatores, como ronco, desidratação, respiração bucal, má higiene e tabagismo. A queda expressiva na produção de saliva, pode ser sinal de algumas doenças das glândulas salivares, diabetes mellitus, doença de Sjogren [doença autoimune que afeta as glândulas produtoras de lágrimas e salivas] e doença de Parkinson”, analisa o professor de Periodontia do Senac.

“Pacientes submetidos a radioterapia e quimioterapia na região de cabeça e pescoço podem apresentar esse sintoma durante o período de tratamento”, afirma o professor do Senac.

A hipossalivação também pode ser efeito colateral de alguns medicamentos como antidepressivos, diuréticos e anti-hipertensivos. “A utilização de certos medicamentos pode diminuir a produção de saliva, principalmente o tratamento de pressão. Pode ser um sinal também de deficiência de algumas vitaminas, especialmente a vitamina B”, avalia Carlos Uehara, presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia.

De acordo com o geriatra, com o envelhecimento ocorrem algumas alterações no organismo, e “a principal delas é a diminuição de água no corpo, por isso, é muito mais fácil um idoso ficar desidratado do que uma pessoa jovem”, diz.

Paladar

Uma das principais consequências provocadas pela xerostomia é a alteração do paladar. Isso pode acarretar mais complicações à saúde.

“Pode gerar uma diminuição ou a perda. Com isso, os idosos acabam colocando excesso de sal durante a preparação da comida, para intensificar os sabores, e isso pode gerar outras complicações”, alerta o médico geriatra Carlos Uehara.

O professor do Senac Marcio Seto afirma que pacientes com boca seca podem apresentar lábios secos e rachados, dificuldade na deglutição, língua com maior número de fissuras e ardor, halitose, irritação na garganta, dificuldade de falar e engolir os alimentos.

“Normalmente, os pacientes relatam que o alimento fica aderido à mucosa e aos dentes. A diminuição do fluxo salivar também favorece o acúmulo de placa dental e, em consequência, há um aumento no índice de cárie, principalmente cáries radiculares e cervicais”, diz o especialista.

O tratamento da xerostomia geralmente é paliativo e tem como objetivo reduzir o desconforto causado pela secura oral e restabelecer as funções orais que foram alteradas. “Recomenda-se que o paciente beba uma maior quantidade de água durante todo o dia, faça uma boa higiene bucal, não fume, evite o consumo de bebidas alcoólicas, faça uso de protetores labiais. Em alguns casos, pode-se recorrer ao uso de saliva artificial através de spray ou gotas”, diz.

Uehara afirma que a saliva ajuda na produção do bolo alimentar através da facilitação da mastigação, que já é a primeira etapa do processo digestivo. 

Como dicas, ele orienta também alimentação com frutas e verduras e a ingestão de bebidas cítricas, isso nos casos esporádicos, provocados por desidratação, respiração pela boca ou mesmo ronco. Em situações crônicas a orientação é procurar médicos para a orientação adequada.

O tratamento da boca seca está relacionado a detecção da causa do problema e ao posterior tratamento.  Além de auxiliar na mastigação, a saliva tem outras importantes funções no organismo, como proteção contra entrada de vírus através da boca, controle da proliferação de bactérias, maú hálito e o desenvolvimento da fala.