Cinquentões revivem a infância com coleções de forte apache

Fãs do Velho Oeste criam grupos na internet e encontros para a troca e venda de brinquedos

São Paulo

Sucesso entre as crianças das décadas de 1960 e 1970 devido à influência dos filmes de Velho Oeste, os fortes apaches são brinquedos que não saíram de moda na vida de adultos saudosistas.

Esse é o caso do contador Marcos Guazzelli, 50 anos, que ganhou seu primeiro forte apache quando tinha três anos. Além de não se desfazer dos caubóis e índios da infância ao longo da vida, com ajuda da internet, ele ampliou a coleção. "Passei a entrar em grupos de redes sociais e encontrar colecionadores que me permitiram ter mais acesso aos brinquedos", diz.

Hoje, ele guarda a coleção, composta por milhares de itens, sob muitas chaves, em estantes de vidro. 
"Tem gente que guarda as coleções em caixas, mas para mim isso não tem sentido. Gosto de ver, deixar exposto", diz ele que afirma ter apenas peças originais, sem restauro. "Quando compro algo novo, coloco na estante. Ele não será mais tocado por ninguém." 

Vários brinquedos sobre uma mesa e homem de chapeu de caubói ao fundo
Wagner Azevedo Marques, 64, e fã de brinquedos e colecionador, incluindo o primeiro forte Apache produzido em madeira no Brasil. - Zé Carlos Barretta/Folhapress

Guazzelli explica que, originalmente, os personagens do forte apache eram pintados à mão, sem um padrão, e nenhuma peça era igual a outra. E isso amplia o leque dos colecionadores. 

 

Para o técnico de automação Rovilson José Raimundo, 58, poder colecionar estes brinquedos na fase adulta foi a realização de um sonho de criança. "Antes não tínhamos dinheiro para comprar as figuras de forte apache. Quando vi disponível na internet fui querendo ter um, depois outro", diz. "Nessa de relembrar, fui motivado a ter mais peças. Hoje tenho algo em torno de 2.000", afirma.

Raimundo conta que tem algumas raridades guardadas em sua coleção, como um boneco de 1967, que queria muito quando tinha seis anos, mas só pôde adquirir 52 anos mais tarde. Ele conta que mexer nas peças e trocá-las de posição é como uma terapia.

Wagner de Azevedo Marques, 64 anos, começou a coleção na infância. Apaixonado pelos filmes de faroeste, ele diz que brincar com um forte apache era como se o mundo da TV tivesse sido materializado. Com mais de dez mil itens, ele precisou usar um espaço extra na casa do pai para guardar os objetos em caixas fechadas para evitar o pó.

​Marques diz que a extensa paixão já causou conflitos em relacionamentos. "Já tive que ouvir 'escolha entre eu ou a coleção". A resposta? Está no quinto casamento. 

Coleções são encontradas por até R$ 7.000

Muito utilizada pelos colecionadores de forte apache, a internet tem um leque grande de opções para quem quer obter um novo item. Mas assim como essa exposição e o alcance desses produtos aumentaram ao longo dos últimos anos, os preços também subiram de forma expressiva.

Atualmente, um boneco mais antigo de uma das edições brasileiras, das décadas de 1960 e 1970, custa em média R$ 200 , em sites específicos sobre o tema ou especializados em vendas.

Segundo Marcos Guazzelli, devido aos altos custos, hoje é mais comum que os colecionadores adquiram item por item. "É mais comum comprar a coleção em partes. Um forte num bom estado, com figuras boas, pode custar entre R$ 5.000 e R$ 7.000", disse. Os esforços dos colecionadores para complementarem seus acervos também incluem compra de brinquedos no exterior.

Encontro nacional

Para unir adeptos dos brinquedos de faroeste para troca de experiências e de itens colecionáveis, além de pensar em projetos futuros, como uma fundação para preservar essas coleções de brinquedos, o grupo organizou no domingo (10) o 1º encontro de colecionadores de forte apache, na loja Ominiverse, na rua comendador Eduardo Saccab, 180, no Brooklin (zona sul).

Brinquedo teve origem nos EUA

Criado nos EUA, em 1952, o forte apache de brinquedo conta com índios, caubóis, cavalos e um forte, que divide territórios. Ele foi baseado em conflitos reais, ocorridos no estado do Arizona, que também foram parar nas telas do cinema. 

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