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A CAS (Corte Arbitral do Esporte), o máximo tribunal esportivo internacional, tomou uma decisão histórica anteontem ao rejeitar o apelo da meio-fundista sul-africana Caster Semenya e aceitar uma mudança de regra da Iaaf (Associação das Federações Internacionais de Atletismo) para que mulheres que tenham níveis elevados do hormônio testosterona, ainda que produzido naturalmente, passem por tratamentos para reduzi-lo, a fim de participarem de provas femininas de 400 m a 1.500 m rasos.
Essa regra foi criada especificamente por causa de Semenya, que possui a desordem endócrina hiperandrogenismo, que é a produção em excesso do hormônio masculino.
De acordo com a Iaaf, a maioria das mulheres, incluindo as atletas de elite, apresenta níveis de 0,12 a 1,79 nanomol de testosterona por litro de sangue, enquanto entre os homens a presença normal é de entre 7,7 e 29,4 nanomols.
O limite imposto pela entidade será de 5 nanomols, a ser mantido pelo período de seis meses. O nível de Semenya não é conhecido, mas diz-se que seria de três vezes o nível feminino, o que certamente dá vantagem física nas provas.
A questão, porém, é que o caso dela é natural. Ela nasceu com essa desordem e foi autorizada a competir até agora. E não porque usou doping, como muitas outras fizeram, como a russa Semenova, campeã olímpica em Londres-12 que admitiu ter se dopado e depois acabou por ceder a medalha de ouro nos 800m justamente para Semenya, que foi bicampeã na Rio-2016.
Com a decisão da CAS, a sul-africana terá de tomar remédios para diminuir seu nível de testosterona. É a Justiça criando o doping ao contrário. Em vez de se medicar para aumentar sua performance, será para diminuí-la.
Se fizer isso, suas chances de medalhas acabarão. Se não fizer, terá de mudar para provas mais longas ou competir entre os homens e não terá a mínima chance. O pior é a CAS reconhecer que se trata de discriminação e, mesmo assim, ser a favor.
Os defensores da nova regra da Iaaf dizem que o caso de Semenya é um doping natural. Mas os contrários destacam que desta forma outros atletas com ganhos naturais também teriam de ser proibidos de competir. Como os multicampeões Usain Bolt, que possui um gene especial que dá mais potência a sua musculatura, e Michael Phelps, que possui braços longos, pernas curtas e pés gigantes com tornozelos superflexíveis que dobram 15% mais que os outros nadadores, o que o tornou o maior medalhista olímpico da história...