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Até pouco tempo atrás, o futebol tupiniquim era assombrado pela “titebilidade”. O vocabulário rebuscado e prolixo do técnico Tite divertia alguns na mesma medida em que irritava outros a cada entrevista. Antes disso, nos anos 90, Sebastião Lazaroni deixava seus jogadores coçando a cabeça com o “lazaronês”. Lá nos anos 70, Cláudio Coutinho já era metódico ao se explicar. Perto do que se ouve nos dias de hoje, esses casos são músicas para os ouvidos.
Poucos dias antes de ser demitido do Palmeiras, Felipão foi criticado pela falta de “repertório” da equipe. Onde foi parar o jogo feio? Quando as jogadas repetitivas, o sistema sem variações, o excesso de chuveirinhos e os bicões para a frente viraram repertório?
Na semana passada, o Corinthians eliminou o Fluminense na Copa Sul-Americana não pelo gol fora de casa, mas pelo “gol qualificado”. Qual é o problema do antigo “maior número de gols como visitante”?
É bom lembrar que o gol qualificado só existe nos “playoffs” ou nos jogos eliminatórios, já que o bom e velho “mata-mata” é cada vez mais abandonado.
No início do ano, algum árbitro relatou na súmula que seu assistente havia sido atingido por “um recipiente contendo um líquido de cor amarela”. Não poderia simplesmente ter escrito “um copo com urina”?
Também criou-se um mantra nos clubes que todos os jogadores são titulares e importantes, mesmo que façam três jogos no ano. Assim, o tradicional mistão, equipe reserva ou esquadrão B agora virou o “time alternativo”.
Então, amigo leitor, não se assuste se o Flamengo ou o Grêmio disputarem a próxima rodada do Brasileiro com seus times alternativos.
Da mesma forma, pontas habilidosos são chamados de “externos desequilibrantes”, ataque passou a ser o “terço final”, retranca virou “menos ofensivo”, esquema com pontas abertos agora é substituído por “amplitude” e assim por diante.
Em um esporte como o futebol, feito pelo povo e para o povo, capaz de criar seus jargões, bordões e linguagem próprios, é muito requinte sem necessidade.