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Dificuldade com Caixa Tem motiva fila do auxílio emergencial

Beneficiários contam que decidiram madrugar no banco após tentativas frustradas de usar aplicativo

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São Paulo

A dificuldade para movimentar o dinheiro do auxílio emergencial por meio do aplicativo Caixa Tem é o que tem levado a maioria dos beneficiários a madrugar nas portas das agências do banco estatal, segundo relatos de trabalhadores que passaram a manhã desta terça (5) na fila para sacar a renda de R$ 600 nos bairros Jardim Iguatemi e São Mateus, ambos na zona leste da capital paulista.

O aplicativo permite a transferência do benefício para outras contas e também é o meio disponibilizado pela Caixa Econômica Federal para a geração de um código necessário para a realização do saque. Na prática, porém, isso nem sempre funciona.

Rosana Ferreira, 46 anos, tentou transferir o dinheiro pelo aplicativo, mas precisou encarar a fila para tentar sacar a renda, disponível há cerca de uma semana.

Quando a pandemia começou, Rosana e o marido já estavam desempregados. A quarentena causou a demissão do filho dela. “Não temos mais renda.”

Denis Carvalho, 30, é barbeiro autônomo. Quando ele chegou à agência da Caixa, por volta das 7h15, a fila contornava parte do quarteirão.

Ele foi ao banco porque, apesar de ter o benefício aprovado, não consegue gerar o código necessário para saques e nem fazer transferências. “Tem que ter paciência”, reclama.

O barbeiro Denis Carvalho, 30 anos, encarou fila do saque emergencial em agência da Caixa na zona leste de São Paulo - Larissa Teixeira/Folhapress

José Ricardo Rodrigues é profissional autônomo na área de serigrafia e está sem trabalho devido à pandemia. Há três semanas passa as madrugadas tentando acessar o Caixa Tem.

Ele descobriu que o seu benefício está aprovado desde o último dia 16 de março porque ligou para o 111, número de informações sobre o auxílio emergencial.

No entanto, quando ele tenta colocar seus dados no aplicativo, é informado que o CPF dele não existe. “Não consegui fazer nada pelo aplicativo”, conta.

Nesta terça (5), pela terceira vez nos últimos dias, começou o dia em uma fila da Caixa. Nas duas vezes anteriores não conseguiu ser atendido devido à quantidade de pessoas que estavam à sua frente. “Espero receber para pagar as contas de água e luz que estão acumulando”, diz .

Renato Silva Gomes, 33, está com o benefício aprovado desde o último dia 20. Apesar de receber a confirmação por telefone e aplicativo, ele não consegue consultar o saldo e nem fazer transferências pelo Caixa Tem.

“Esse dinheiro vai fazer muita diferença”, diz Renato. Ele e a esposa já estavam desempregados antes da pandemia começar. “A nossa única renda será o auxílio”, afirma.

O autônomo Rafael Fiorini, 33, também desistiu do Caixa Tem e resolveu tentar a sorte na agência da Caixa. Chegou às 5h e, às 11h, ainda esperava sentado em uma cadeira que trouxe de casa.

Ao lado de Fiorino, o amigo dele, Carlos Ferreira, 45, demonstrava preocupação com a aglomeração. “Não era para ter essa fila, é um perigo por causa do coronavírus.”

A vigilante Rosa Lima, 59, guardava o lugar da filha, que há dez dias tentava gerar o código para adquirir o auxílio.

Quando finalmente conseguiu acessar o aplicativo, nesta segunda-feira (4), o extrato informava que os R$ 1.200 (valor destinado a mães chefes de família) já haviam sido sacados. “O auxílio será a única renda dela”, diz.

O que diz a Caixa

A Caixa Econômica Federal informou que os funcionários do banco passaram a gerar o código do Caixa Tem nas agências, para auxiliar pessoas que estão tendo dificuldade em operar o aplicativo.

Além disso, o banco tem realizado atualizações nas versões do aplicativo para melhorar a capacidade de atendimento aos milhões de pedidos recebidos nas últimas semanas.

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