Motoboys fazem nova paralisação nesta terça (14) em SP contra apps de entrega

Entregadores criticam ausência de piso no valor pago por corrida e más condições de trabalho

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São Paulo

Entregadores preparam uma nova paralisação para esta terça-feira (14) em São Paulo. Os motofretistas pretendem cruzar os braços, principalmente, por causa da falta de valores mínimos repassados aos profissionais por empresas de aplicativos de entrega.

Essa é a segunda paralisação da categoria, embora a nível local. Em 1º de julho, milhares de motoboys se reuniram na capital paulista e em cidades de todo o país, como Rio de Janeiro, Brasília, Belo Horizonte, Recife, Porto Alegre e Salvador contra a precarização do trabalho dos entregadores de aplicativo. A próxima greve nacional de entregadores está prevista para o dia 25 de julho.

O TRT-2 (Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo) atendeu o pedido dos motoboys e realizará, nesta terça (14), uma audiência virtual de conciliação entre o Sindimoto (Sindicato dos Motoboys de São Paulo e Região) e as empresas de aplicativos. No entanto, mesmo com o encontro, a paralisação segue mantida, afirma a categoria.

A mobilização deve começar às 9h, em frente à sede do Sindimoto, no Brooklin, zona sul da capital paulista.

Por volta do meio-dia, os trabalhadores planejam seguir para a Câmara Municipal, onde deverão se manifestar contra o projeto de lei 130/2019, de autoria do vereador Camilo Cristófaro (PSB). O texto pretende incluir, na lei que regulamenta o motofrete, o microempreendedor individual e as empresas de entrega por aplicativo.

Às 16h, os entregadores se concentrarão no TRT, na Rua da Consolação.

Entre as principais reivindicações defendidas estão o aumento do valor por entrega realizada, o aumento do valor pago por km rodado e o fim das punições de bloqueios e desligamentos e do sistema de pontuação e restrição dos locais de trabalho.

"Hoje é uma bagunça. As empresas de aplicativo não têm um valor estipulado por entrega realizada ou valor pago por quilômetro rodado", diz Gilberto Almeida dos Santos, presidente do Sindimoto. "Hoje ela paga um valor, amanhã paga outro. Há cerca de cinco anos, o quilômetro custava, em média, R$ 4,50. Hoje, estão pagando em algumas corridas menos de R$ 0,70 por km rodado."

Os motoboys pedem, também, o fornecimento de EPI's para sanitização e contratação de seguros de vida e contra acidente, roubo e furto de moto, além de licença remunerada para os contaminados pela Covid-19 no exercício do trabalho.

Maia promete projeto para motoboys

Em reunião com representantes de entregadores de aplicativo na última quarta-feira (8), o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), se comprometeu a pautar um projeto que atenda às principais reivindicações da categoria.

Durante a reunião, realizada a pedido da bancada do PSOL, Maia disponibilizou técnicos da presidência da Câmara para ajudar a agrupar os cerca de 20 projetos protocolados e que tratam sobre o tema.

O novo projeto deve centrar em quatro eixos, que são os principais pedidos da categoria. Apesar de disponibilizar a estrutura da presidência da Câmara para ajudar na formulação do projeto, Maia ainda não fixou um prazo para a votação.

Resposta

Procurado pela reportagem, o iFood afirmou que considera manifestações legítimas e direito incondicional dos entregadores.

Em nota, a empresa afirma que "mesmo antes da primeira paralisação, já atendíamos a quase todas as reivindicações do movimento": taxa mínima de entrega: toda a rota do iFood tem um ganho mínimo de R$ 5, mas a média é muito superior, ficando em cerca de R$ 9; distribuiçãode EPIs, seguro roubo, acidentes e vida, transparência em desativação de cadastros e fim do sistema de pontuação.

Ainda segundo o texto, "este momento é parte de um processo de aprendizado para o iFood e para os próprios entregadores. Temos um compromisso institucional de seguir evoluindo no modelo de parceria dentro de uma nova economia e criar oportunidades de ganhos para todos".

A Rappi informou que "reconhece o direito à livre manifestação pacífica e segue sempre atenta a melhorias operacionais para todo o ecossistema". A empresa informa que o valor do frete varia de acordo com o clima, dia da semana, horário, zona da entrega, distância percorrida e complexidade do pedido. Ainda, reitera, que está à disposição das autoridades para participar das discussões legais sobre o setor de forma a aprimorá-lo ainda mais.

Procuradas, as empresa Loggi e Uber Eats não responderam até a publicação deste texto.

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