Trechos urbanos das rodovias em SP estão sujos e atraem ambulantes
Pista com remendos e buracos e falta de segurança são outros problemas na chegada à capital
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Asfalto com remendos e pequenos buracos, lixo às margens, falta de sinalização, de segurança, entre outros, foram alguns dos problemas encontrados nos trechos urbanos de rodovias de acesso à capital.
Além destes, a crise econômica aliada a constantes congestionamentos favorece o surgimento de outro problema nestas estradas na chegada a São Paulo: o comércio ambulante, que tem, cada vez mais, extrapolado os limites das marginais Tietê e Pinheiros.
O Vigilante Agora percorreu na segunda (16) os trechos urbanos de cinco rodovias para avaliar condições do asfalto, sinalização, segurança da pista, inclusive para pedestres, limpeza e fiscalização.
Em ao menos três delas -- Dutra principalmente, além do trecho semaforizado da Anchieta e na Raposo Tavares -- foi possível observar a presença de ambulantes circulando entre os veículos nos congestionamentos na chegada à capital. O risco vale a pena, justificam. "Temos de conviver com o perigo o tempo todo. Antes, eu ficava na marginal Tietê, mas aqui, na Dutra, a concorrência é menor e estou conseguindo faturar mais", afirmou o ambulante Paulo Gomes, de 26 anos.
Na Raposo Tavares, outro problema para o motorista é falta de acostamento --ou acostamento estreito-- em longos trechos da rodovia.
Outro problema observado é a quantidade de lixo acumulado em encostas e às margens das rodovias, onde há comunidades com construções irregulares, como ocorrem também na Raposo e na Fernão Dias.
A falta de segurança em pontos de ônibus também é motivo de preocupação. "Dependendo do horário, param de moto e roubam o celular e dinheiro de todo o mundo que está no ponto. Como o ônibus demora para passar, a gente fica apreensiva", relatou Soraia Fernandez, funcionária de uma loja do shopping Raposo.
Por outro lado, as pistas destas estradas apresentam, no geral, boas condições de asfalto, com remendos e pequenos buracos pontuais e, por isso, não chegam a afetar a dirigibilidade dos veículos.
As exceções são os trechos urbanos das vias Anchieta e Imigrantes, cuja manutenção do asfalto é de atribuição das subprefeituras das respectivas regiões. Não há como o motorista não notar que deixou de rodar em uma estrada administrada por uma concessionária e sentir que realmente chegou a São Paulo.
O que o Vigilante encontrou:
Fernão Dias
- Asfalto irregular com remendos e pequenos buracos em vários trechos da estrada
- Apenas duas passarelas no trecho urbano, bem distante uma da outra
- Sem sinalização de quilometragem
- Muito lixo às margens da rodovia, principalmente nas encostas onde há construções irregulares
- Trecho sem acostamento no km 81, região de construção do Rodoanel
- Asfalto bastante irregular no acesso para a Via Dutra, sentido Rio
Dutra
- Obras em canteiros sem sinalização
- Remendos na pista local em vários trechos
- Pontos de ônibus sem sinalização
- Trecho sem acostamento após o km 221
- Placas encobertas com plástico preto na altura da ponte estaiada, acesso a Guarulhos, sentido capital
- Ponto de ônibus sem sinalização, sem acesso, sem cobertura e distante de passarelas na região da Vila Maria
- Ambulantes na pista na região da Vila Maria, na chegada a São Paulo
Anchieta (trecho com semáforo)
- Ambulantes na pista
- Asfalto irregular e cheio de remendos
- Muito lixo em praça, canteiros e entornos da saída 10 para a Vila das Mercês, na chegada a São Paulo
Imigrantes
- Obra de piscinão próxima à avenida dos Bandeirantes sem sinalização para o motorista
- Asfalto irregular, cheio de remendos, em trecho que não é de atribuição da Ecovias
- Entulho acumulado na calçada na altura da São Paulo Expo (ex-Centro de Exposições Imigrantes), sentido São Paulo
Raposo Tavares
- Longos trechos da estrada sem acostamento ou com acostamento estreito
- Sem sinalização
- Ponto de ônibus sem estrutura para comportar o total de usuários na altura do shopping Raposo sentido interior
- Lixo acumulado às margens da rodovia na altura do km 14, sentido capital
- Ambulantes na chegada a São Paulo
Respostas
A Secretaria Municipal das Subprefeituras, sob gestão Bruno Covas (PSDB), por meio de nota, afirma que contratou 100 equipes para serviços de fiscalização de comércio ambulante na capital. "A contratação é um dos objetivos do Programa de Metas 2019/2020, que prevê a ampliação e qualificação das ações de fiscalização de comércio ilegal nas ruas", afirma.
Além disso, os trechos urbanos da Anchieta e Imigrantes vão ser vistoriados pelas subprefeituras responsáveis para, se necessário, incluir os locais na programação do serviço de tapa-buraco nesta semana. "A Subprefeitura Jabaquara esclarece que o trecho da Imigrantes citado na reportagem é um ponto viciado de descarte de entulho e trabalha junto à GCM e/ou Polícia Militar para combater essa prática. Além disso, semanalmente, às segundas, quartas e sextas-feiras, os fiscais vistoriam o local e, quando necessário, a limpeza é feita em até 48h".
A CCR Nova Dutra afirma que em canteiros laterais da rodovia Dutra normalmente ocorrem recolhimento de resíduos e capina. "Estes trechos estão fora da faixa de rolamento da via e possuem protocolos de sinalização, que são diferentes dos adotados em obras na pista/faixa de rolamento", diz. "Além disso, é importante ressaltar que em muitos trechos, como no caso de Guarulhos, as vias locais são de responsabilidade municipal", afirma a nota.
Sobre remendos, a concessionária diz executar melhorias no pavimento periodicamente ao longo dos 402 quilômetros da via Dutra, com o objetivo de oferecer mais conforto e segurança aos usuários. Sobre pontos de ônibus, afirma que não é de responsabilidade da concessionária, mas do município.
Sobre o trecho sem acostamento no km 221, diz que o da pista marginal sentido Rio em Guarulhos possui um volume alto de tráfego, com média diária de mais de 300 mil veículos. "Para comportar este tráfego a via neste local possui até 4 faixas de rolamento. Além disso, o trecho possui muitos acessos, entradas e saídas do município, ao aeroporto e postos de serviços", afirma a nota. "Acreditamos que, quando se cita que não há acostamento, refira-se às faixas de aceleração e desaceleração destes trechos, que dispõem de sinalização com traçado contínuo."
Sobre placas encobertas com plástico preto, a concessionária diz que normalmente quando as placas - principalmente de velocidade de um trecho - são encobertas, isso indica que há obra à frente. Esse procedimento significa que aquela sinalização, momentaneamente no período da obra, não terá efeito.
Sobre ambulantes, a concessionária diz que responde apenas pela operação e administração da rodovia Presidente Dutra . "A PRF (Polícia Rodoviária Federal e a secretaria de fiscalização de postura dos municípios são as instituições públicas com poder legal para atuar nesses casos."
O DER (Departamento de Estradas de Rodagem diz que, por suas características extremamente urbanizadas, a rodovia Raposo Tavares (SP 270) não possui acostamentos entre o Km 9,8 e o Km 34, nas cidades de São Paulo, Osasco e Cotia. Nesta extensão, a pista é duplicada, com três faixas de rolamento em cada sentido, segregadas por barreiras de concreto. "Foram construídas ainda pistas que possibilitam a aceleração ou desaceleração dos veículos para acesso às ruas municipais, empreendimentos residenciais e comerciais, bem como para dispositivos de acesso e retorno em desnível", diz a nota.
Quanto à sinalização, o DER diz que a SP 270 conta com placas em boas condições de conservação, conforme as regulamentações do Contran. "A sinalização de solo passará por nova pintura, pois com o intenso tráfego acaba por gerar o desgaste em alguns locais", diz. "A implantação e manutenção de pontos em paradas de ônibus não é responsabilidade do DER."
Também em nota, a a Arteris Fernão Dias diz que está em campanha para recuperação do pavimento em ambos os sentidos BR-381 MG/SP e que prioriza segmentos mais desgastados.
Também afirma que foram implantadas 53 passarelas ao longo da Fernão Dias, totalizando atualmente 86 passarelas.
A concessionária afirma que a sinalização de quilometragem está implantada nos canteiros centrais das pistas norte a sul da rodovia, conforme o projeto de sinalização aprovado pela ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres".
Sobre lixo, diz que realiza serviços periódicos de conservação e limpeza e que mantém contato constante com as prefeituras e a PRF.
Sobre trecho sem acostamento no km 81, diz que o local está temporariamente sem acostamento devido à obra de construção do Rodoanel, que é de responsabilidade do governo estadual.