Prefeitura de SP muda linhas de ônibus após assinar contratos
Documentos de 6 de setembro preveem a reorganização do sistema de transportes na capital
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Um dia após a assinatura de 32 contratos da licitação, que prevê reorganizar as linhas de ônibus na cidade, em 6 de setembro, a gestão Bruno Covas (PSDB) começou a fazer mudanças que até extinguiram trajetos.
Levantamento feito pelo Agora mostra que de 14 linhas canceladas ou alteradas, oito estavam previstas em uma lista proposta pela prefeitura durante audiência pública no ano passado
A SPTrans, que administra o sistema de ônibus urbanos, nega que as mudanças sejam por conta de reorganização.
As recentes alterações, porém, chamaram a atenção do Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor) que, na quarta-feira (23), reuniu-se com representantes da prefeitura.
Segundo Rafael Calabria, pesquisador em mobilidade urbana do Idec, entretanto, não ficou claro quais critérios foram usados para cortes de linhas.
Quando a lista foi divulgada, em março de 2018, o então secretário municipal dos Transportes Sérgio Avelleda disse que as mudanças seriam lentas, graduais e com participação da comunidade.
Também foi anunciado que elas só começariam seis meses após a assinatura dos contratos.
Em julho e agosto, porém, antes da assinatura dos contratos, três linhas previstas na consulta já haviam sido substituídas —2025, 7600 e 314V.
As mudanças surpreenderam a técnica de enfermagem Mirele Santiago, 36, que usava a linha 647C-10 —ligava o Terminal João Dias (zona sul) ao Hospital das Clínicas (zona oeste).
Após a linha ter deixado de operar, em 12 de outubro, o tempo de viagem de Mirele aumentou 40 minutos. “Faltou aviso, só soube do fim da linha quando já estava no ponto”, afirma.
A reformulação deve ser feita em três fases. A previsão de conclusão para a primeira é de até 24 meses e envolve 72,4% da rede (874 linhas). A segunda, em até 36 meses, e a terceira, em até 48 meses.
Planejamento
Para Rafael Calabria, pesquisador em mobilidade urbana do Idec, faltou planejamento nos recente cortes de linhas de ônibus. “Os cortes atropelaram uma discussão que ainda deveria acontecer”, diz.
O representante do Idec também lembra que, com o fim de algumas linhas, usuários terão de fazer integração com o metrô e pagarão mais por isso.
Os contratos devem mudar 30% das linhas da cidade e, para Calabria, é preciso diálogo com usuários para que as alterações sejam menos traumáticas.
Metrô
Para o especialista em trânsito e transporte público Horácio Augusto Figueira, os ônibus ainda não são tratados como transporte coletivo na capital. “O metrô é mais atrativo, porque ele funciona muito melhor”, diz.
Figueira afirma que com o possível aumento de baldeações no novo sistema, será necessário adequar as frequências de ônibus e adequar horários entre as linhas para para que as pessoas não percam tempo entre os embarques.
“É preciso aumentar essas frequências para tentar diminuir a espera dos usuários”, afirma.
Além das 14 linhas de ônibus com alterações ou cortadas (veja lista acima), outras nove tiveram mudanças no ponto inicial ou final desde o mês passado.
É o caso da linha 1156/10 Vl. Sabrina – Pça. do Correio, que desde 21 de setembro deixou de atender, no sentido centro, os pontos da rua Mauá, avenida Cásper Líbero e rua do Seminário. No sentido bairro, o embarque passou a ser realizado na praça do Correio, deixando de atender o ponto da avenida Prestes Maia.
Resposta
A SPTrans, da gestão Bruno Covas (PSDB), diz que as alterações deste momento ainda não são, necessariamente, aquelas previstas na rede de referência.
A nota afirma que a rede que consta no edital com previsão de implantação em até três anos projeta uma nova configuração no sistema como um todo. “A implantação deste novo sistema não começou”, afirma.
Em outra nota, a empresa afirmou que as alterações nas linhas fazem parte da rotina da empresa.
“O atendimento 3009/41, por exemplo, foi substituído pela linha 3009/10 Itaim Paulista – CPTM Itaim Paulista e faz o mesmo trajeto”, diz. “Quanto à linha 647C/10 Term. João Dias – Hosp. das Clíni Sobre a necessidade de integração, a SPTrans reitera que todas as ligações são preservadas, cas, havia sobreposição de linhas que atendem à mesma demanda de usuários”. afirma. “Houve ainda a abertura de estações de metrô ao longo do trajeto.”
Já sobre a linha 6262/21 Vl. Leopoldina - CPTM Leopoldina, a nota diz que foi substituída por outras cinco opções devido à baixa demanda. “A média de passageiros era de 20 pessoas por dia útil”, diz.
Para informar usuários sobre mudanças, afirma usar seus meios de comunicação como o site www.sptrans.com.br, edições especiais do Jornal do Ônibus e redes sociais.