Moradores de SP têm dificuldade para encontrar vacina tríplice
A DTP, que previne difteria, tétano e coqueluche, está em falta em unidades de saúde da capital
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A oferta da vacina tríplice bacteriana, ou DTP (difteria, tétano e coqueluche), ainda não foi normalizada nos postos de saúde da capital. A reportagem entrou em contato com unidades de todas as regiões da cidade, nesta quinta-feira (23). Em 12 delas não é possível imunizar as crianças.
Entre as UBSs (Unidade Básica de Saúde) com vacina em falta estão as do Parque Novo Mundo e do Jardim Vista Alegre (zona norte), Campo Limpo (zona sul) e José Bonifácio (zona leste).
Segundo funcionários dos postos, em alguns locais a DTP acabou há dias. Já em outros, a falta persiste desde o ano passado.
A DTP é um reforço da vacina pentavalente, que imuniza contra a difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e meningite. Segundo o Calendário Nacional de Vacinação 2019, a DTP deve ser aplicada em duas doses, aos 15 meses e 4 anos de idade.
O presidente do departamento de imunizações da Sociedade de Pediatria de São Paulo, Marco Aurélio Sáfadi, afirma que as imunizações feitas com a DTP e a Pentavalente são de suma importância. "A ausência e irregularidade [das doses] implica em riscos graves para a criança", afirma.
A vacinação é a melhor forma de prevenir essas doenças. Para o infectologista, apesar da difteria ter poucos casos registrados no Brasil, a Venezuela, país vizinho, está enfrentando um surto da doença, então há chance de volta. Em relação ao tétano, sempre há possibilidade de contaminação. E a coqueluche pode colocar bebês em risco.
Em caso de desabastecimento, Sáfadi afirma que é importante não deixar de se vacinar. "Os responsáveis pela criança devem procurar outros postos de saúde. Há ainda a possibilidade de buscar clínicas privadas, embora não seja acessível a toda a população e nem seja a solução do problema".
Em dezembro de 2019, reportagem do Agora já havia mostrado que UBSs da Grande São Paulo não tinham DTP disponível.
Pentavalente chega, mas acaba rápido
Dos postos sem DTP consultados pela reportagem, dois também não tinham a vacina pentavalente nesta quinta-feira (23). Funcionários dizem que as doses chegaram há poucos dias, mas devido a grande procura, já esgotaram. A vacina deve ser aplicada com dois, quatro e seis meses de vida.
Alan Vieira, 26, está desempregado e não conseguiu nenhuma das três doses. A falta da vacina fez com que ele procurasse uma clínica particular. "Meu filho vai iniciar a creche no começo do mês de fevereiro, por isso a minha urgência", diz.
Desde setembro de 2019, até o início de janeiro deste ano, Vieira buscou a vacina em unidades de saúde da região do Capão Redondo (zona sul), onde mora, mas não achou. "É muito difícil para um desempregado ter que pagar R$ 178 em uma vacina", diz.
Resposta
Em nota, o Ministério da Saúde afirma que em junho de 2019 a produção da DTP foi suspensa pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) "por problemas na qualidade, segurança e eficácia".
Segundo o governo federal, em janeiro de 2020, 600 mil doses da vacina foram enviadas aos estados, sendo que 133 mil foram enviadas para São Paulo.
A Secretaria de Estado da Saúde, gestão João Doria (PSDB), afirma que a medida que os lotes de vacina chegam, "apenas redistribui para os municípios". A pasta informa que novas remessas chegaram na primeira quinzena de janeiro. "Para a capital, foram destinadas 137,6 mil doses de pentavalente e 50 mil de DTP".
A Secretaria Municipal de Saúde, gestão Bruno Covas (PSDB), confirma o recebimento das quantidades informadas pelo estado.
Questionados, os três órgãos não disseram quando a situação será totalmente normalizada nos postos de saúde da capital.