Suspeito de aplicar golpes amorosos em mulheres é preso em São Paulo

Cerca de 50 pessoas, que se disseram vítimas, montaram um grupo de WhatsApp; polícia estima que ele deu prejuízo de R$ 500 mil

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São Paulo

Um homem de 62 anos foi preso na manhã desta segunda-feira (17), acusado de aplicar golpes em mulheres por meio de relacionamentos amorosos. O suspeito acabou detido por volta de 7h na região da República (centro da capital paulista), quando iria buscar dinheiro na casa de uma de suas vítimas.

A polícia estima que o falso "dom Juan" tenha conseguido tomar pelo menos R$ 500 mil de mulheres com idades entre 55 e 75 anos. Os policiais não disseram há quanto tempo ele vinha aplicando golpes.

Uma enfermeira de 54 anos disse à polícia que conheceu o suspeito em um site de relacionamentos em setembro do ano passado. Segundo a vítima, o homem se apresentou como piloto de avião e conversava com calma e educadamente.

"Ele ganhou minha confiança até que passei meu contato de WhatsApp para ele", afirmou. A polícia verifica se o homem de fato é piloto e o levou para a cadeia porque havia um mandado de prisão expedido no Mato Grosso, pelo mesmo crime. 

Ao menos 50 mulheres que teriam sido vítima de um idoso de 62 anos, acusado de aplicar golpes contra elas, criaram um grupo no WhatsApp, ironicamente chamado de "sobreviventes do jatinho", para compartilhar suas denúncias. O nome do grupo é uma referência à suposta profissão do homem, que seria piloto de avião. - Alfredo Henrique/Folhapress

Segundo a enfermeira, os dois trocaram mensagens até dezembro, quando o suspeito foi à casa dela, na República, e começaram a namorar oficialmente. Para a vítima, o homem disse que morava em Goiás. 

Viúva há quase três anos, ela acreditava ter encontrado alguém para amar, depois da morte do marido, com quem vivei por dez anos. Mas a mulher começou a desconfiar do "namorado", quando ele passou a pedir dinheiro para fazer um curso no interior paulista.

"Mas fiquei desconfiada de verdade quando fui realizar uma cirurgia [em janeiro] e o hospital constatou que o CPF dele [que seria acompanhante dela no procedimento] era inexistente", disse.  

O "namorado" teria alegado que o documento estava bloqueado pela Receita Federal e que iria regularizá-lo. 

Neste mesmo mês, a enfermeira assumiu o relacionamento em uma rede social e, por isso, acabou sendo procurada por uma mulher que o reconheceu e afirmou também ter sido vítima de golpes do homem, que igualmente conheceu em um site de relacionamentos. "Neste dia, mais três mulheres entraram em contato comigo. Aí tive a certeza de que meu namorado era um estelionatário". 

A enfermeira afirmou que deu para o homem R$ 12 mil. 

Grupo de vítimas

Um grupo no aplicativo de mensagens WhatsApp foi criado por cerca de 50 mulheres, chamado de "As sobreviventes do jatinho" —em referência ao fato de o homem se apresentar como piloto de avião— para trocar informações sobre ele. As vítimas dizem que chegaram a dar entre R$ 10 mil e R$ 40 mil, segundo apurado pelo Agora

Sabendo sobre as más intenções do falto namorado, a enfermeira procurou a 1ª Delegacia Seccional, na semana passada, onde deu detalhes do que estava acontecendo. 

"Com base nas informações da vítima, descobrimos que havia um mandado de prisão preventiva expedido contra ele pela Justiça de Mato Grosso, pelo mesmo tipo de crime [estelionato]", disse o chefe de investigações Cláudio Hélio Motta Alkimin. 

A enfermeira afirmou à polícia que havia combinado com o "namorado" de ele ir à casa dela na manhã desta segunda, para "emprestar dinheiro". Quando o homem chegou ao ao local, os investigadores cumpriram o mandado de prisão. 

Oficialmente, de acordo com Alkimin, há quatro casos sendo averiguados: o da enfermeira em São Paulo, e outros em Minas Gerais, Rio Grande do Sul e em Rondônia, além do mandado de prisão do Mato Grosso. "Mas ainda levantamos ao menos mais dez casos em que ele pode estar envolvido", afirmou o policial. 

O suspeito de estelionato seria encaminhado à carceragem do 77º DP (Santa Cecília). 

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