Início do ensino a distância em SP começa com dúvidas
Pais e alunos
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O ano letivo na rede estadual de ensino de São Paulo foi reiniciado nesta segunda-feira (27) para mais de 3,5 milhões de estudantes. Porém, devido à pandemia do novo coronavírus, as aulas serão feitas pelo meio remoto. No primeiro dia de atividades, pais e alunos ainda estavam confusos em relação ao novo método de aprendizagem.
Durante o período de quarentena, as aulas vão ser transmitidas pela televisão - nos canais digitais 2.2 (TV Univesp) e 2.3 (TV Educação) - e pelo aplicativo CMSP (Centro de Mídias SP), disponível para os sistemas operacionais Android e iOS. Para cada série, foi definida uma faixa de horário.
Por exemplo: os alunos do 6º ano têm aula nos dias úteis das 7h30 às 9h pela TV Educação e das 9h às 9h45 pelo aplicativo. A grade completa está disponível no site da secretaria de Estado da Educação.
Também está sendo entregue pelo estado um kit com materiais pedagógicos, que funciona como apoio ao conteúdo virtual.
A estudante Karen Hapuque, 18 anos, do 3º ano do ensino médio, tem dúvidas em relação à rotina de estudos. A mãe dela é cuidadora de idosos e está trabalhando normalmente durante a quarentena. Com isso, a jovem tem de cuidar sozinha de seus irmãos menores ao longo do dia. "Tenho que fazer as coisas para eles. Não sei como vai ficar minha situação se eu acabar perdendo as aulas", questiona.
A autônoma Ana Paula Félix, 45, anos, mãe de Gabriella, 11, aluna do 6º ano, diz não saber se o sistema é o ideal. "Mas é o jeito para que o pessoal não perca tanta aula. Espero que eles aprendam um pouco, pelo menos", diz Ana Paula.
Mãe de uma aluna do 6º ano, a recepcionista Alda Fernandes, 45, a solução online é "melhor do que deixar os alunos sem fazer nada". No entanto, ela manifesta preocupação em relação à dinâmica das aulas pela internet. "Na sala de aula, o professor está lá para responder as dúvidas. No aplicativo, não sei como vai funcionar isso."
Já a balconista Sandra Cristina da Silva, 38, mãe de duas meninas, teme que os estudantes não sejam assíduos às aulas virtuais. "Tem que haver algum tipo de controle de frequência. Senão, vai virar bagunça", alerta.
Para a professora de dança Gleicy Maris da Paixão Esposito, 46, mãe de uma menina do 4º ano do ensino fundamental, a falta de acesso à internet de qualidade pelas famílias mais pobres pode ser um problema para a continuidade do ensino. Ela também considera que o aplicativo não é simples de ser utilizado, o que pode dificultar o manuseio.
Escolas ainda não receberam material de apoio
Apesar de as aulas virtuais terem começado nesta segunda-feira, algumas escolas da rede estadual de ensino ainda não haviam recebido os materiais didáticos de apoio, compostos por apostilas de língua portuguesa, matemática e livros paradidáticos.
Na página da secretaria estadual da Educação, diversos pais comentaram a postagem sobre o reinício do ano letivo com mensagens sobre o não recebimento dos kits pedagógicos.
A administradora Juliana Damaceno da Silva, 38, é mãe de um adolescente do 9º ano que estuda na EE Diadema (ABC). Até o início da tarde de ontem, ela ainda não havia sido informada sobre a entrega dos materiais. Posteriormente, recebeu uma mensagem da direção da unidade na qual foi avisada de que a distribuição será feita na quarta e quinta-feira desta semana.
A pedagoga Andreia Forcela, 39, afirmou que, na EE Gabriel Ortiz, na zona leste, a entrega também será feita na quarta-feira. Ela é mãe de uma jovem do 2º ano do ensino médio.
Resposta
A secretaria estadual da Educação garante que os kits com os materiais de apoio para as aulas online serão entregues até o fim da semana. A afirmação foi feita pelo subsecretário de articulação regional da pasta, Henrique Pimentel.
Segundo ele, ao definir a logística para distribuição dos materiais, foi dada prioridade à capital, além de locais mais afetados pelo novo coronavírus.
Sobre as aulas virtuais para quem não tem internet Pimentel explica que o aplicativo desenvolvido tem uma tecnologia chamada de dados patrocinados, na qual o usuário não tem que pagar pela utilização.
Já a respeito da interação com o professor e do processo para tirar dúvidas, ele garante que isso pode ser feito por meio de um chat no aplicativo ou em contato direto com o professor da turma. Segundo ele, cada escola define o modelo dessa comunicação, podendo ser por e-mail ou grupos de WhatsApp ou Facebook.
Em relação à assiduidade dos estudantes, Pimentel diz que o sistema registra as vezes em que os alunos entram no aplicativo e por quanto tempo permanecem na ferramenta.