Mulheres grávidas estão encontrando dificuldades para começar ou continuar com as consultas para o acompanhamento da gestação. Segundo os relatos, as restrições começaram após a pandemia do novo coronavírus apresentar os primeiros casos no Brasil.

Este é o caso da técnica de enfermagem Rosilene Fernandes, 33 anos. Ela reclama que, ao tentar entrar em contato com o Iamspe (Instituto de Assistência Médica ao Servidor Público Estadual​), foi informada que as consultas no Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo estavam com agenda fechada, no momento.

"Eu tenho convênio, estou tentando agendar uma consulta já tem dois meses e não consigo marcar para começar o meu pré-natal. Quando ligo na central do Iamspe, eles alegam que a agenda está fechada por causa da Covid-19", diz Rosilene, que mora no bairro Eldorado, em Diadema (Grande SP). "Eu estou sem fazer meu pré-natal. Já entrei com uma reclamação, só que eu sei que não vou ter retorno", conta.

A funcionária pública Priscila de Oliveira Rodrigues, 38 anos, passa por situação semelhante. Grávida de seis meses, ela não consegue consulta no Hospital do Servidor Público de São Paulo.

"Eu estava fazendo todo o meu acompanhamento de pré-natal pelo Hospital do Servidor Público Municipal. A minha indignação é que nesta semana que passou eu teria uma consulta no dia 3 de abril. No dia 2, eu recebi uma ligação dizendo que minhas consultas estavam sendo canceladas e que a partir deste momento eu deveria procurar um novo serviço médico", diz.

"Eles não estariam fazendo consulta de pré-natal para nenhuma gestante. Somente gestantes em situação de risco. O único jeito será eu pagar pelas minhas consultas e talvez pagar pelo parto. Eles nem se preocuparam em repassar essas consultas", afirma Priscila, que mora no Sapopemba, na zona leste da capital paulista. "É muito complicado para gente, ter sido largada no pré-natal, e do nada dizer para procurar outro serviço médico".

A ginecologista e obstetra Camilla Pinheiro Barros alerta que o acompanhamento da gestação é fundamental. "O pré-natal é o começo de tudo, é onde você diagnostica qualquer doença, qualquer coisa que você pode evitar a morte do bebê e da mãe é toda feita no pré-natal. Não é só importante, é mandatório e essencial. Pedir todos os exames, garantir a saúde da mulher, garantir que não ocorra a passagem de nada para o bebê. E diagnosticar doenças que podem ser corrigidas", explica.

Segundo ela, não realizar pré-natal não está dentro de nenhuma justificativa. Tanto o Conselho Federal de Medicina como a ANS (Agência Nacional de Saúde) mantiveram as consultas de mulheres grávidas.

"Gestante tem que continuar o pré-natal, claro que você pode flexibilizar uma data ou outra, tentar ver alguns horários mais distantes, menor número de pessoas no consultório ou telemedicina em casos de análise de exames, mas jamais pular o pré-natal, principalmente, muito no início e muito no final. Isso evita prematuridade e evitam morte do bebê", afirma.

A ginecologista explica que embora exista uma baixa mortalidade, até o momento, as gestantes sempre são consideradas um grupo de alto risco. "Alteração da imunidade, qualquer doença infecciosa pode gerar um parte prematuro, então, todos os cuidados em relação a gestante têm que ser redobrados", diz.

Resposta

Em nota, o Iamspe, que administra o Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo, afirma que as consultas e os procedimentos relacionados ao pré-natal estão sendo ofertados normalmente.

"Sugerimos às usuárias que entrem em contato com a Central de Atendimento (11 5583-7001) para agendar o acompanhamento médico da gestação".

A direção do Hospital do Servidor Público Municipal diz, em nota, que devido a situação de emergência, o hospital está com novas medidas de segurança aos pacientes. "Desde o dia de 6 de abril as consultas de pré-natal (novas e de retorno) estão acontecendo no ambulatório descentralizado Lapa, unidade do HSPM que oferece atendimento ambulatorial e realização de exames."

As gestantes conseguem agendar o atendimento através do telefone da unidade (11) 3864-4671 ou no site do Hospital do Servidor.