Descrição de chapéu Coronavírus

Criminalidade despenca na capital paulista durante a quarentena

Dados da SSP mostram que somente os homicídios registraram pequena alta no estado de São Paulo

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São Paulo

A criminalidade despencou na capital paulista em abril, durante a pandemia do novo coronavírus, de acordo com dados divulgados nesta terça-feira (26) pela SSP (Secretaria da Segurança Pública), gestão João Doria. Somente os homicídios aumentaram, em 3,1%, no estado de São Paulo.

Furtos em geral foram os que mais diminuíram na cidade, em 59,5%, comparando abril deste ano (7.568), com o mesmo mês do ano passado (18.730). Furtos de veículos caíram de 3.274 para 1.541 (-53%), roubos, em geral, de 11.141 para 8.300 (-25,5%), de veículos em 48,7% e de carga 41,2%.

Na capital, os crimes violentos registraram queda. Os estupros tiveram redução de 44%, quando comparados os 229 casos de 2019 com os 128 deste ano. Homicídios caíram de 59 para 52 (-11,8%) e nenhum latrocínio foi registrado em abril deste ano.

A decretação da quarentena, em 24 de março pelo governo do estado, contribuiu para que crimes contra o patrimônio despencassem na cidade, afirma Rafael Alcadipani, professor da FGV (Fundação Getúlio Vargas) e membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

Segundo o especialista, o crime depende de atividade econômica para ser realizado. “Com a quarentena, as oportunidades para o criminoso diminuem. São menos pessoas na rua com celular, menos cargas para serem roubadas”, exemplificou.

No entanto, ele ponderou que o isolamento social pode acarretar no aumento de crimes cibernéticos, pelo fato de as pessoas estarem se relacionando mais intensamente pela internet, podendo cair em golpes.

Sobre o anúncio feito pelo governador João Doria nesta quarta-feira (27), em que prorrogou a quarentena por mais 15 dias, mas com eventuais flexibilizações, de acordo com setores do estado, Alcadipani afirmou que isso pode acarretar no aumento de crimes. “Conforme a economia for voltando, as oportunidades de realizar crimes também voltam [para bandidos]. A grande questão é como o estado fará para manter os índices baixos?”, questionou.

Homicídios aumentam no estado

O estado de São Paulo também registrou queda nos índices criminais, durante a pandemia da Covid-19, com exceção para os homicídios dolosos (com intenção), que aumentaram em 3%.

De acordo com a SSP, foram registrados 263 assassinatos em abril deste ano e 255 no mesmo período de 2019. Considerando os dados de 2020, é como se ocorresse um homicídio no estado a cada dois dias no estado.

Também houve queda nos roubos em geral (30%), roubos de veículos (45,5%), furtos em geral (53,3%) e furtos de veículos (49,2%) no estado.

Análise

O coronel Álvaro Camilo, secretário executivo da Polícia Militar paulista, atribui a queda dos crimes patrimoniais a dois fatores.

O primeiro, segundo o oficial, é o uso mais intenso da tropa no policiamento ostensivo. Como a PM não está, por hora, fazendo policiamento em estádios de futebol, em eventos, nem ajudando na escolta de presos, a corporação distribui seu efetivo de forma mais estratégica pela cidade. “A pronta resposta, para crimes, ficou mais rápida”, explicou.

Outro fator, ainda de acordo com o coronel, é a quarentena. Ele acrescentou, no entanto, que em decorrência do esvaziamento das ruas, é importante que as pessoas acionem a PM sempre que perceberem movimentações suspeitas. “Algumas ruas comerciais estão desertas. Isso pode contribuir para a ação de criminosos”, afirmou.

Sobre o aumento dos homicídios no estado, ele disse que eles ocorrem “por questões interpessoais”, entre pessoas que se conhecem, motivados em alguns casos pelo isolamento social, aliado a fatores como uso de álcool e drogas.

Por serem ações de difícil controle, o coronel acrescentou que a PM realiza trabalhos indiretos de contenção aos homicídios como o combate ao tráfico de drogas, a apreensão armas e a realização de operações para o controle de alcoolemia no trânsito.

Erramos: o texto foi alterado

Na comparação da queda dos furtos em geral na cidade de São Paulo, em abril de 2019 e no mesmo período deste ano, os números estavam invertidos na edição anterior deste texto. O texto foi corrigido.

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