Moradores da zona leste de SP pedem a reabertura de hospital comprado pela prefeitura em 2014
Na ocasião da compra, a gestão Fernando Haddad (PT) afirmou que local contaria com mais de 25 especialidades médicas
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Moradores da região de Ermelino Matarazzo (zona leste da capital paulista) pedem a reabertura do hospital e maternidade Menino Jesus, que está abandonado desde 2014, quando o local foi adquirido pela prefeitura, sob a gestão de Fernando Haddad (PT).
A reportagem esteve no local, na manhã desta terça-feira (12), constatando que o imóvel está cheio de infiltrações, mofo, azulejos soltos e, na área externa, tomado pelo mato alto, provocando a proliferação de animais como baratas e ratos.
A única opção de hospital para a população da região, atualmente, é o hospital Dr. Alípio Correia Neto,mais conhecido como hospital rmelino Matarazzo. Segundo a prefeitura de São Paulo e a Fundação Sead, 41 pessoas haviam morrido no bairro, por causa da Covid-19, até o início deste mês, sendo 3,4 óbitos para cada 100 mil habitantes.
A compra do Menino Jesus, que era administrado pela iniciativa privada, foi anunciado pela prefeitura em 22 de outubro de 2014. Na ocasião, o governo municipal afirmou que iria realizar obras de adaptação na unidade, onde seriam realizadas cirurgias menores, deixando a demanda de procedimentos mais complexos para hospitais gerais.
Além disso, também foi afirmado à época que o hospital contaria com atendimento em mais de 25 tipos de especialidades médicas. Porém, nada disso foi feito até o momento.
Moradores da região afirmam que protocolaram um ofício à Secretaria Municipal de Saúde, com cópia ao MInistério Público de São Paulo, solicitanto a reabertura da unidade de saúde. O MP não confirmou o recebimento da demanda, pois não a havia localizado até a publicação desta reportagem.
Somente um hospital no bairro
O aposentado Cícero Batista, 66 anos, mora desde 1978 na região de Ermelino Matarazzo. Ele afirmou que o atraso para a reabertura do hospital gera um impacto negativo à população local. “É triste ver um hospital abandonado no bairro, sendo que precisamos tanto, ainda mais com esse coronavírus aí”, lamentou.
O idoso acrescentou que, por causa do mato alto, animais como baratas e ratos se proliferam dentro do imóvel abandonado. Os bichos, segundo ele, acabam indo para residências da região. Além disso, Batista também afirmou que medidas são tomadas pelo governo municipal somente quando o mato está muito alto. "Fazemos as denúncias na mídia. Aí vem um povo da prefeitura, corta o mato e só volta quando tudo cresce de novo e a gente reclama", disse.
O professor Samoel Fonseca, 38, é nascido e criado em Ermelino Matarazzo. Ele explicou que o hospital Menino Jesus chegou a funcionar “um pouco”, após a prefeitura comprar a unidade em 2014. Mas, em questão de meses, foi fechado sem aviso.
“O abandono gerou focos de proliferação do mosquito da dengue, ocupação [irregular]. Foram gastos milhões no lugar, que está abandonado. Isso me deixa indignado, ainda mais diante da pandemia [do novo coronavírus]”, afirmou.
Resposta
A Prefeitura de São Paulo, gestão Bruno Covas (PSDB) afirmou que o hospital Menino Jesus foi incluído, em 2019, no projeto Avança Saúde, com financiamento do Banco Interamericano de Desenvolvimento. o governo garantiu que o hospital será transformado em uma unidade chamada de CCI (Cuidados Continuados Integrados).
"Com esse novo serviço, a estratégia é liberar a oferta de leitos de baixa e média complexidade dos hospitais municipais. O projeto executivo foi concluído na última semana e será iniciado o processo de licitação para contratação das obras ainda neste mês", diz trecho de nota.
Questionado sobre o valor gasto na compra do imóvel, o governo não o informou.
O ex-prefeito Fernando Haddad (PT) afirmou, por meio de nota, que sua gestão teve problemas com repasses de verbas prometidas, na ocasião pelo governo federal, os quais "nunca se realizaram."
A nota acrescenta que Haddad deixou recursos em caixa ao sair da prefeitura, que permitiriam, segundo o ex-prefeito, "concluir ou iniciar diversas obras", entre elas a do hospital e maternindade Menino Jesus. "Quase quatro anos depois de sua saida da prefeitura, a atual gestão não conseguiu equacionar os problemas de saúde pública da cidade, nem dar continuidade as obras da gestão anterior", diz trecho de nota.