Nove profissionais de empresas de ônibus de SP morreram por Covid-19, diz sindicato
Levantamento indica que ao menos 131 já testaram positivo e 520 aguardam resultados de exames para o novo coronavírus
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Nove funcionários das linhas de ônibus da capital paulista morreram por causa do novo coronavírus, segundo o Sindmotoristas (Sindicato dos Motoristas e Trabalhadores do Transporte Rodoviário e Urbano de SP). A instituição aguarda a confirmação da causa de outras 35 mortes de servidores do transporte público municipal.
Além dos óbitos, os dados levantados pelo sindicato indicam aumento de 22,4% no número de profissionais que testaram positivo para o novo coronavírus. Foram 131, até terça, contra 107, em 29 de abril. Casos aguardando resultados de exames também subiram no mesmo período, de 457 para 520, representando alta de 13,7%.
Valdevan Noventa, presidente do Sindmotoristas, atribui “a situação alarmante” vivida por motoristas e cobradores ao fato de São Paulo ser o epicentro da pandemia da Covid-19 no país, além do fato de os profissionais ficarem expostos a eventuais contaminações ao circular transportando passageiros pela cidade.
Durante a implantação do megarrodízio de veículos na cidade, entre os últimos dias 11 e 14, o número de usuários dos coletivos em São Paulo aumentou em 6,2%. Este percentual equivale a 69 mil pessoas a mais, diariamente, usando ônibus em meio à pandemia provocada pelo novo coronavírus.
O sindicato disse ter ido às garagens de ônibus para alertar motoristas e cobradores sobre a necessidade de uso de álcool em gel e máscaras, item, que, inclusive, se tornou obrigatório no início do mês.
Essas medidas de prevenção são tomadas pelo motorista de ônibus Roberto Rodrigues de Carvalho e sua mulher, a cobradora Patricia Ribeiro de Jesus Carvalho, ambos de 52 anos, no momento em que saem de casa. O casal trabalha junto na mesma linha há cerca de oito anos, fazendo a ligação entre os bairros de Santo Amaro e Parelheiros, ambos na zona sul.
Roberto afirmou que, desde a obrigatoriedade do uso de máscaras dentro de coletivos, decretada no último dia 4, não passou nenhum aperto com passageiros. Ele precisou apenas, em duas ocasiões, dar orientações a usuários que se alimentavam, sem usar máscaras de proteção, antes de eles embarcarem.
“Em um dos casos, o rapaz tava comendo bolachas. Aí falei, na maior educação, que ele não poderia entrar no ônibus [sem máscara], porque é lei. Por isso, ele guardou o pacote na mochila, colocou a máscara e embarcou, falando que ia comer as bolachas depois”, diz o motorista.
Roberto afirma também ter orientado outro passageiro, que comia canjica, adquirida no terminal de Santo Amaro. Como o pote ainda estava cheio, o usuário preferiu terminar de comer. “Ele me disse que preferia terminar a canjica e pegar o próximo ônibus, depois do meu.”
Esposa na retaguarda da prevenção
Após embarcar, os passageiros saem do campo de visão do motorista, ficando sob a atenção da cobradora do veículo e esposa de Roberto. Patrícia afirmou que, em grande parte, os passageiros respeitam à lei, mantendo as máscaras em seus rostos.
Porém, admitiu haver exceções, que ela procura contornar com educação e bom humor. “Já peguei passageiro com a máscara embaixo do nariz ou no queixo. Quando isso acontece, aponto para o meu rosto, mostrando que estou usando máscara e mando joinhas [com os polegares]. Sempre dá certo e a pessoa recoloca a máscara”, diz.
Patrícia acrescentou que, por ter pressão alta e lidar diretamente com o público, toma todas as medidas de prevenção possíveis para não se contaminar com o novo coronavírus. Da mesma forma que o marido, leva ao trabalho duas máscara de reserva e deixa o álcool em gel sempre à mão. “Só tiro a máscara quando chego em casa e se precisar sair no quintal, coloco de novo”, afirma.
Resposta
A Prefeitura de São Paulo, gestão Bruno Covas (PSDB) afirma ter tomado medidas de prevenção para motoristas e cobradores, como a obrigatoriedade do uso de máscaras, além de reforçar a necessidade de cuidados pessoais, como a lavagem das mãos após cada viagem realizada.
O governo municipal também autorizou, como medida de proteção, para que motoristas utilizam cortinas, em formado de "L", evitando contato direto com passageiros.
"A SPTrans também sinalizou a distância de um metro entre os usuários nas plataformas para aguardar o embarque nos terminais", diz trecho de nota. .