Alguns lojistas do comércio popular da zona leste da capital paulista descumpriram decreto estadual ao atender clientes nesta terça-feira (2), segundo dia de funcionamento da nova classificação da cidade, mais branda, anunciada pelo governo estadual, na semana passada, com o objetivo de flexibilizar a reabertura gradual de estabelecimentos não essenciais durante a pandemia do novo coronavírus.

Alguns comerciantes, no entanto, desrespeitam a proibição de atender presencialmente ao público. A reportagem chegou por volta das 9h50 desta terça à avenida Mateo Bei, famosa via de comércio popular do distrito de São Mateus (zona leste) e verificou que comércios de médio e pequeno porte atendiam clientes, dentro dos estabelecimentos, com portas fechadas.

Na mesma via, um comércio de itens do lar, com as portas escancaradas, permitia a entrada de pessoas, mas controlando o acesso delas no local -- gerando, mesmo assim, pequenos focos de aglomeração em frente ao estabelecimento.

Uma controladora de acesso de 26 anos permaneceu por cerca de 40 minutos dentro de uma loja de roupas na avenida Mateo Bei. Ela não teve problemas para entrar no estabelecimento, que lhe ofereceu álcool em gel quando entrou no local, usando máscara. Por fim, ela não comprou nada, pois nenhum item lhe interessou.

A mulher afirmou estar ciente de que o comércio não poderia estar aberto ao público, em decorrência do decreto estadual, mas acrescentou ser favorável à reabertura gradual de estabelecimentos na cidade. “As pessoas precisam trabalhar. Sou favorável a reabertura das lojas, desde que garantam a saúde dos clientes, com limite de pessoas para comprar. Não precisa entrar todo mundo ao mesmo tempo”, sugeriu.

Nesta segunda-feira (1º), comerciantes da região de comércio popular do Brás também desrespeitaram a quarentena, decretada em 24 de março.

Segundo decreto estadual, publicado no último dia 27, a capital foi colocada na fase 2, identificada como laranja, do chamado Plano São Paulo. Nesta etapa, serão liberados comércio de rua, concessionárias, imobiliárias, escritórios e shoppings, após aprovação de planejamento pela Vigilância Sanitária e com restrições.

Nesta segunda, a Prefeitura de São Paulo recebeu para análise as propostas de 50 associações, dos cinco setores que podem reabrir as portas nesta fase determinada pelo decreto estadual. Nenhuma data para a reabertura dos estabelcimentos, no entanto, ainda foi anunciada.

Prefeitura se reúne com Vigilância Sanitária para analisar propostas

A prefeitura, gestão Bruno Covas (PSDB), se reuniu nesta terça com representantes da Vigilância Sanitária, além da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico e Trabalho, para analisar as propostas enviadas por 50 associações dos cinco setores que eventualmente poderão reabrir ao público na cidade.

O governo municipal afirmou que ainda pode devolver as proposições à entidades, para que sejam corrigidas e, posteriormente, endossadas pela prefeitura. A data para a reabertura gradual de comércios, porém, ainda não foi anunciada.

Ainda de acordo com a prefeitura, somente entidades setoriais podem enviar os protocolos solicitando a reabertura de comércios. “Os cidadãos que quiserem contribuir deverão enviar suas sugestões para as empresas onde trabalham ou entidades de classe”, diz trecho de nota.

Já as empresas, devem enviar suas propostas para as entidades setoriais, que serão responsáveis pelo envio à Prefeitura de São Paulo.

Resposta

A prefeitura, gestão Bruno Covas (PSDB), afirmou que até esta terça-feira (2) foram interditados 37 comércios, na região da Subprefeitura de São Mateus, que desrespeitaram a quarentena decretada pelo governo estadual, em 24 de março. Em toda a cidade, no mesmo período, foram 537.

O governo municipal acrescentou que, desde 20 de março, cerca de dois mil agentes trabalham na cidade para conscientizar ambulantes e comerciantes sobre os riscos de atender ao público por causa da pandemia da Covid-19.

Os comércios que não tiverem suas licenças de funcionamento cassadas, acrescentou, serão desinterditados após o cumprimento do decreto estadual, ainda com data indefinida.