A dona de casa Lídia Bernardino da Silva, 67 anos, e a filha Maria Cecília, 37, passaram por maus bocados na Semana Santa. Contaminadas pelo novo coronavírus, as duas apresentaram os tradicionais sintomas da doença, como falta de ar, tosse, febre e cansaço, e tiveram de procurar ajuda médica.
Apesar de mais jovem, Maria Cecília foi mais castigada pelo vírus. Tanto que naquela semana chegou a ir a um posto de saúde e ao Hospital Municipal São Vicente de Paulo, em Jundiaí (a 56 km de São Paulo), mas nas duas vezes ela foi mandada de volta para casa. Os médicos disseram que estava com sinusite.
Foi apenas na quinta-feira, dia 9 de abril, que ela decidiu ir a um hospital do convênio, o da Unimed, onde fez o teste da Covid-19 e já ficou internada.
“Ela ficou com medo porque estava com muita tontura. No hospital, eles fizeram os exames e falaram que o pulmão dela estava muito manchado, 40% comprometido. A falta de ar dela era aquela que até faz barulho”, conta dona Lídia, explicando que, como não estava tão mal quanto a filha, acabou protelando um pouco a ida ao hospital.
No dia seguinte, dona Lídia seguiu os passos da filha e também ficou internada, mas no Hospital São Vicente de Paulo. Ela afirma que não estava com o pulmão tão ruim quanto o de Maria Cecília, mas também não estava mais aguentando a fraqueza.
“Antes de eu ir para o hospital, larguei tudo. Comia e vomitava. Fiquei quatro dias sem comer nada, nem água. Nada, nada. Foi muito ruim mesmo. Não sei se era por isso, mas não sentia gosto, nada tinha tempero. Até a água era amarga. Eu ainda fiquei insistindo mais um dia e só fui na Sexta-Feira Santa para o hospital.”
A dona de casa lembra que o Domingo de Páscoa foi o mais difícil para ela. “Eu só balançava a cabeça que não queria comer nada e eles falando ‘vamos, força, se não comer você vai tomar soro na veia”. Tossia muito e tinha muita falta de ar e dor nas costas. Quando o médico perguntava eu falava que estava com muita dor nas costas e canseira.”
Dona Lídia ficou uma semana internada, e a filha, dois dias a mais. No final, as duas saíram bem e não apresentam mais sintomas. Embora Maria Cecília precise fazer acompanhamento com um pneumologista, por causa das sequelas no pulmão.
“Graças a Deus não tive mais nada desde que vim embora. Nada mesmo”, agradece a mãe, afirmando não fazer ideia de como foram contaminadas. Ela mora com outra filha, Josélia, o filho Juliano, 42, e o neto, Carlos Eduardo, 20. Por isso, acredita que todos tenham sido contaminados.
“Acho que pegaram. Minha filha (Josélia) ficou um dia comigo no hospital em um quarto fechado, e sem proteção. Os médicos falam pra ficarmos 14 dias isolados em casa, mas quando eu cheguei, ficamos todos juntos. Ninguém quis separar. Neles a doença deu mais fraca porque não separou nada, não.”
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