Igrejas trocam festas de rua em SP por entrega de comida típica

Paróquias conseguem manter a arrecadação, uma vez que dinheiro das vendas vai para obras sociais

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São Paulo

A pandemia do novo coonavírus provocou o cancelamento das festas de rua que acontecem no mês de junho na capital. Enquanto o público não pode saborear comidas típicas nas quermesses presenciais ou nos grandes eventos da época, organizadores buscaram alternativas para mão deixar as datas passarem em branco e manter projetos sociais.

A Paróquia São João de Brito, localizada no Brooklin (zona sul), precisou trocar a festa junina na rua, que costuma reunir cerca de 20 mil pessoas, por um sistema de entrega de comidas.

Voluntários da Paróquia São João de Brito, no Brooklin, preparam pedidos; igreja substituiu festa junina por delivery de comida portuguesa  - Adriano Vizoni/Folhapress

A integrante do comitê de organização da festa e fonoaudióloga Patrícia Barboza de Castro, 51 anos, diz que os pedidos são feitos pelo site da igreja de segunda-feira a sexta-feira. No sábado eles são preparados pela equipe de voluntários e entregues. “Começamos com 25 pedidos e chegamos a 220 em um dos finais de semana.”

Ela afirma que a preparação é feita seguindo os cuidados de distanciamento e higiene pessoal.

Assim como a festa presencial sempre tem uma barraca portuguesa, entre os quitutes juninos típicos, o cardápio virtual também conta com doces e pratos portugueses, como bolinho de bacalhau. Este trabalho será feito até o último fim de semana de junho.

Patrícia afirma que a substituição pelo delivery é uma forma de manter a tradição e suprir alguns custos da paróquia, já que parte do dinheiro arrecadado para manter o local e suas obras sociais vem da festa de rua.

A Festa da Achiropita é o principal meio de manter as atividades sociais da Paróquia Nossa Senhora Achiropita, no Bexiga (região central). A 94ª edição da festa que iria acontecer em agosto foi substituída, entre outros, por uma live de música italiana realizada ontem.
A igreja da região da Bela Vista também vendeu por delivery e pronta entrega ontem fogazzas, cuja barraca é uma das mais disputadas na festa anual.

Tamanho menor

A festa de rua de São Vito, no Brás (centro), é responsável por 80% da verba que mantém as obras sociais da Paróquia São Vito Mártir. Diante da perda de receita com a pandemia, novos projetos foram cancelados.

“A preocupação é manter a igreja aberta”, explica Fátima Cruz, psicóloga e integrante da comissão de festa da paróquia.

A comemoração italiana costumava reunir milhares de pessoas nos sete finais de semana de celebração.

No entanto, em 2020, a 24ª edição foi reduzida ao dia de homenagem ao santo. No dia 15 de junho, a paróquia montou uma barraca com voluntárias apenas para a entrega de ficazzella e bolo de São Vito.

A aposentada Edenir Alves dos Santos, 73, foi voluntária na barraca de ficazzela por 20 anos. Mas, neste ano, deixou o avental e a touca guardados. “Foi triste porque gosto muito da festa e é importante para ajudar a paróquia”, conta.

Desde o dia 13 de março, Edenir só sai de casa para fazer atividades essenciais. Apesar de ter parado de ir até a igreja neste período, ela continua assistindo a missa pela TV diariamente. “Espero que isso passe logo”, afirma a idosa.

Em casa

Mesmo com luto na família e admitindo que não sabe cozinhar pratos juninos, a contadora Fabiane Moraes, 36 anos, não esqueceu o mês de Santo Antônio, São João e São Pedro.

Fabiane conta que em anos anteriores os quitutes eram feitos pela mãe, que morreu de Covid-19 há cerca de um mês.

Por isso, desta vez ela conta que precisou comprar kits temáticos com doces e salgados juninos
para a família.

Ela conta que a pandemia e o luto mudaram sua rotina e manter a tradição resgatou boas lembranças da mãe. “Foi uma forma de manter esses sabores com a minha família”, diz.

O professor Rafael Nogueira, 37, frequenta festas juninas desde criança. Todo ano ele vai a ao menos uma. “É uma coisa que sempre gostei, além da tradição tenho memória afetiva.”

No entanto, ele comemora que algumas pessoas tenham encontrado formas de manter a tradição dentro de casa durante a pandemia do novo coronavírus.

Há duas semanas, o professor encomendou uma caixa contendo de doces típicos juninos a bolo de fubá e manteve a tradição.

Faça um arraial em casa!

COMIDAS TÍPICAS
Procure receitas de quitutes tradicionais em livros ou na internet
Também é possível adquirir os alimentos de empresas que fazem a festa junina em caixas prontas para entrega

Delivery
A paróquia São João de Brito criou um sistema de delivery próprio.
Os pedidos podem ser feitos no site paroquiasaojoaodebrito.com.br/, de segunda a sexta até o dia 26 de junho

Drive-thru
O Centro de Tradições Nordestinas fez o “São João de Nóis Tudim” virar um drive-thru. O passeio pode ser feito aos sábados e domingos das 11h às 17h até o dia 26 de julho
R. Jacofer, 615 - Limão (zona norte)


DECORAÇÃO

  • Aposte na criatividade para trazer as cores da festa para dentro de casa
  • Não dispense a toalha xadrez na mesa
  • Faça bandeirinhas com papel colorido ou recortes de jornal
  • Inclua aquele chapéu de palha guardado da festa do ano passado

TRILHA SONORA
Escolha a sua seleção de músicas ou sintonize em lives temáticas de cantores e organizações

23, 24 e 27 de junho
“O São João de Campina Grande em Casa”, nomes como Elba Ramalho e Cavaleiros do Forró estarão na comemoração virtual do maior São João do mundo

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