Pessoas circulam sem máscara em Sapopemba, onde número de mortes dispara em SP
Distrito da zona leste da capital registrou 40 óbitos pela Covid-19 em menos de dez dias, totalizando 245 casos
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A maioria das pessoas ainda usa máscaras ao circular pelas principais vias de Sapopemba (zona leste de SP), locais em que já é possível também avistar gente sem o item de proteção, ou ainda utilizando-o incorretamente sob o queixo e o nariz.
Já em ruas paralelas do bairro, principalmente em comunidades carentes, é como se não houvesse pandemia da Covid-19, pois a maioria das pessoas caminha sem máscara, inclusive dentro de comércios, se expondo a eventuais contaminações pelo novo coronavírus -- descumprindo orientações de autoridades em saúde.
O distrito de Sapopemba somou 40 mortes pela Covid-19, em menos de dez dias, ficando apenas dois casos atrás da Brasilândia (zona norte), que lidera os óbitos pela doença na capital paulista, com 247 casos, segundo dados da prefeitura divulgados no último dia 5.
Caminhando sem máscara, o vigilante Cláudio Andrade, 49 anos, voltava para casa, a poucos metros do terminal rodoviário de Sapopemba, por volta das 13h desta terça-feira (9). Ele não acredita nos números divulgados pelos governos estadual e municipal, alegando que os dados são usados com interesses políticos. “No meio deste povo, deve ter gente que morreu de outras coisas, como do coração, e colocam [autoridades] que foi coronavírus”, argumentou.
Apesar de desacreditar nos números, Andrade leva consigo uma máscara de proteção, dentro de um dos bolsos da calça, “para emergências”, como entrar em locais em que o item é obrigatório. “Não tenho medo de morrer, mas sigo as regras”, afirmou.
Empinando pipa e jogando bola na rua
A reportagem circulou de carro, no fim da manhã desta terça, em vias próximas à avenida Sapopemba. Na rua Ana Essipova, crianças sem máscara jogavam futebol, no meio do asfalto, enquanto idosos conversavam também sem o item de segurança na calçada. Todos sem máscaras, seis rapazes compartilhavam um cigarro, aparentemente de maconha, na rua Alberto Lupo, na qual jovens também empinavam pipas.
Em ambas as vias, dezenas de pessoas caminhavam sem máscara, ou com o item nas mãos, da mesma forma que na estrada da Barreira Grande.
A ambulante Maria do Socorro, 63 anos, trabalha nas ruas de Sapopemba. Usando máscara, ela critica pessoas que circulam pelo bairro sem necessidade e ficou surpresa após ser informada pela reportagem sobre as mortes no bairro. “O problema é morrer gente por causa da falta de bom senso dos outros”, criticou.
O autônomo Reginaldo Ferreira Rocha, 58, sai todos os dias de casa para, segundo ele, espairecer. Ele afirmou não aguentar ficar em isolamento social, acrescentando “tomar as providências necessárias” para se proteger da Covid-19.
Apesar disso, conversava com o primo, de 65 anos, que não quis se identificar e estava com o rosto desprotegido, usando a máscara de proteção no queixo.
Resposta
A Prefeitura de São Paulo, gestão Bruno Covas (PSDB), afirmou realizar fiscalização diária na região de Sapopemba, em conjunto com a Polícia Militar e a Guarda Civil Metropolitana, para evitar aglomerações e exigir o cumprimento da quarentena.
Para evitar a realização de bailes funk, a subprefeitura realiza operações, também em parceria com as forças de segurança, em finais de semana. Ao todo, já foram realizadas sete delas nas ruas Lírio do Vale, Inocêncio de Góes, Doutor Frederico Martins da Costa Carvalho e Josef Labor. Nenhum dado sobre pancadões interrompidos, pessoas presas, ou responsabilizadas, além de objetos apreendidos foi informado.
O governo municipal acrescentou ter interditado 15 estabelecimentos não essenciais em Sapopemba até esta terça (9), que descumpriram decreto estadual de 24 de março. Em toda a cidade, foram 585. "Os locais que descumprem o exposto no decreto estão sujeitos à interdição imediata de suas atividades e, em caso de resistência, cassação do alvará de funcionamento", diz trecho de nota.