Polícia investiga participação de dois PMs em morte de jovem em São Paulo
Vila Clara, em Americanópolis, zona sul da capital paulista, teve segundo dia de atos contra a morte de Guilherme
Já é assinante? Faça seu login
Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:
Oferta Exclusiva
6 meses por R$ 1,90/mês
SOMENTE ESSA SEMANA
ASSINE A FOLHACancele quando quiser
Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.
A Polícia Civil investiga a participação de dois policiais militares na morte de Guilherme Silva Guedes, 15 anos, encontrado morto em Diadema (Grande ABCD, com um tiro na cabeça, segundo a família, após ser levado por dois homens na noite de domingo (14).
O caso ocorreu na Vila Clara, em Americanópolis (zona sul) e provocou uma onda de protestos e agressões de policiais, segundo vídeos de moradores.
Um PM prestou depoimento nesta terça-feira (16), na Corregedoria das Polícias, suspeito de participação no crime, segundo apurou a reportagem.
No local do onde o jovem foi levado foi encontrada uma tarjeta, semelhante à usada por PMs, com a inscrição "SD PM Paulo." A motivação para a abordagem ao jovem também é apurada.
Após o desaparecimento, o corpo de Guedes foi localizado e reconhecido por parentes, na tarde desta segunda-feira (15), no IML (Instituto Médico Legal) da zona sul da capital.
O garoto teria sido confundido com um invasor a um galpão na região no fim de semana.
No fim da tarde desta terça-feira (16), manifestantes caminharam pela avenida Cupecê pedindo Justiça. O ato, que reuniu cerca de 200 pessoas, foi acompanhado a distância pela Polícia Militar. Porém, diversas viaturas da PM ficaram espalhadas pela região.
A comissão de direitos humanos da OAB acompanhou o ato para garantir a integridade dos manifestantes e para agir caso ocorresse algum eventual caso de violência policial.
Após a dispersão, no início da noite, um pequeno grupo se dirigiu a rua Olivério Girondo, espalhou lixo no meio da via e atearam fogo em sacos de lixo.
O grupo também obstruiu o trânsito, virando diversas caçambas de lixo. O Batalhão de Choque da PM interveio e ocorreu um princípio de confusão.
No dia anterior, ao menos sete ônibus foram queimados, três depredados e um adolescente apreendido.
Avó afirma que jovem foi baleado em uma das mãos
A avó materna de Guilherme, Antonina Arcanjo Silva, 59 anos, afirmou nesta terça-feira ter ido com o neto a um churrasco, pouco antes de o garoto ser levado de frente da casa da avó paterna. Ambas moram a poucos metros de distância uma da outra.
Durante a festa, realizada na casa de um parente, também na zona sul, Guilherme se negou a dançar com dona Antonina, alegando estar envergonhado. "Mas ele queria ser MC, aí não dá pra ser tímido não é?", afirmou sobre a última lembrança que tem do neto ainda com vida.
A avó acrescentou ter lido o atestado de óbito do jovem, no qual consta que ele foi baleado na cabeça e em uma das mãos. "Ele foi muito machucado também", acrescentou a mulher.
Caso está sendo investigado
As circunstâncias da morte de Guilherme Silva Guedes, 15 anos, estão investigadas pelo DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa) e pela Corregedoria da PMs, segundo a SSP (Secretaria da Segurança Pública), gestão João Doria (PSDB).
De acordo com a pasta, as diligências e oitivas estão ainda estão em andamento, bem como a análise de imagens de câmeras de segurança. "Se confirmada a participação policial, medidas serão adotadas."
A pasta não confirmou se policiais militares foram ouvidos como suspeitos no caso da morte do jovem.
A PM disse já ter instaurado um Inquérito Policial Militar para identificar os policiais que aparecem em vídeos com agressões a moradores.