Descrição de chapéu Zona Sul

Sete dos dez distritos com mais mortes em SP são da zona sul

Para especialistas, números mostram necessidade de ações públicas nesta região da capital

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São Paulo

A zona sul da capital tem sete dos dez distritos com mais mortes confirmadas ou suspeitas pelo novo coronavírus, segundo mapa divulgado pela Secretaria Municipal de Saúde, gestão Bruno Covas (PSDB).
O balanço, com números absolutos, se refere a casos até o dia 22 de julho.

Fila com aglomeração de pessoas na agência da Caixa Econômica Federal no Grajaú, zona sul de São Paulo - Rubens Cavallari/Folhapres

Sapopemba, na zona leste; Brasilândia, na zona norte; Grajaú, Sacomã, Jardim Ângela, Capão Redondo, Cidade Ademar, Jardim São Luís, Jabaquara, na zona sula; e Tremembé, na zona norte, são os bairros que lideram o número de mortes.

Nesta semana, a gestão municipal também divulgou a terceira etapa do inquérito sorológico que revelou que 11,1% da população na capital já contraiu o vírus.

O estudo mostra que do em relação à taxa de prevalência da infecção por Covid-19, 16,1% das pessoas estão concentradas na zona sul, o maior percentual entre as regiões da cidade.

“Pegue o mapa da pobreza e coloque em cima, vai bater com as regiões. Existem outras com bairros pobres a alta densidade demográfica em São Paulo, mas a zona sul apresenta maior falta de estrutura, tanto a estatal, como a da própria organização da sociedade”, afirma o professor de saúde pública da USP (Universidade de São Paulo) Gonzalo Vecina Neto.

André Ribas, epidemiologista da Faculdade São Leopoldo Mandic, afirma que em determinadas localidades os números podem mostrar a necessidade de ações específicas de combate à doença.
O especialista lembra que, a doença começou nas áreas mais ricas, mas migrou para as mais pobres.

“Por isso, suporte para as famílias terem condições sociais de isolamento deve ser olhado como medida de saúde pública” diz.

Líder comunitário diz que região não colabora para evitar vírus

A população que não colabora com as medidas de combate à pandemia do novo coronavírus na zona sul, diz o líder comunitário Bony Silva, 39 anos, morador no distrito do Grajaú.
Segundo ele, “desde o início [da quarentena] as pessoas não estão cumprindo com as normas impostas pelo governo”.

Silva diz que muitas pessoas se recusaram a cumprir o distanciamento social. E que também se negam a usar máscaras na rua, o que é obrigatório.

Ele acredita também que o transporte público está cheio nos bairros da zona sul. O morador cita, por exemplo, o terminal Grajaú, que tem apresentado grande circulação de pessoas
diariamente.

O professor de saúde pública da USP (Universidade de São Paulo) Gonzalo Vecina Neto acredita que o transporte público pode ser um dos fatores que expliquem a prevalência da doença na zona sul, já que a região é a mais afastada do centro da capital paulista.

“Com certeza ficam mais tempo no transporte, existem menos, também existem menos agências bancárias e por isso as pessoas precisam se deslocar mais”, afirma o professor.

Aceleração no número de óbitos diminui em quase toda cidade

O ritmo de aceleração da Covid-19 na cidade de São Paulo segue diminuindo. Embora o número de casos da doença ainda seja alto e esteja em aceleração, a velocidade deste crescimento está perdendo intensidade.

O levantamento da Prefeitura de São Paulo, gestão Bruno Covas (PSDB), leva em conta os óbitos confirmados e suspeitos por coronavírus até 22 de julho e mostra que só um distrito da cidade (Bela Vista, no centro) teve aumento percentual de mortes de 20% em relação à última divulgação, feita em 9 de julho.

Apenas outros dois, Água Rasa (zona leste) e Lapa (zona oeste) têm taxa acima de 15%. Todos os outros 93 distritos registram índices de crescimento abaixo dos 15%.

No levantamento anterior, 86 distritos do município tinham taxa de aumento do coronavírus abaixo de 15%.

A Brasilândia (zona norte), por exemplo, teve aumento no número de casos de 6,63%, no atual levantamento, enquanto, no estudo anterior, registrava um crescimento de 8,85%. O distrito é um dos mais atingidos na pandemia.

Secretaria diz que realiza monitoramento

Em nota, a Secretaria Municipal da Saúde, gestão Bruno Covas (PSDB) diz que na região sul, conforme apresentado na análise dos dados recolhidos na segunda fase de inquérito sorológico, a prevalência dos casos está relacionada diretamente a falta de isolamento e distanciamento social.

A pasta diz que mais de 395 mil pacientes foram monitorados pelas equipes das unidades básicas de saúde. “O monitoramento é realizado em pessoas com sintomas leves e moderados diagnosticadas com a Covid-19”, diz.

“A atuação consiste em ligações diárias por 14 dias ou as equipes realizam visitas domiciliares. Nas regiões com Estratégia de Saúde da Família (ESF), há intensificação das ações com profissionais de saúde e agentes comunitários de saúde”, afirma trecho da nota.

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