Descrição de chapéu Grande SP

Laudo mostra que marmitas foram envenenadas após doação no interior de SP

Perícia indicou que alimento consumido por duas vítimas fatais estava misturado com veneno de rato

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São Paulo

Laudo pericial afirma que as marmitas consumidas por moradores de rua, que acabaram morrendo na madrugada do último dia 22, em Itapevi (Grande SP), não foram envenenadas no momento da preparação delas. Com essa constatação, a polícia agora investiga quem colocou veneno no alimento e em qual momento após a preparação.

Outro laudo, divulgado no fim de julho, apontou que veneno de rato foi misturado à comida doada aos moradores de rua, por volta das 22h do último dia 21, em um posto de combustíveis desativado. Um garoto de 11 anos, que também comeu o alimento de uma das marmitas, permanece internado, sem previsão de alta. A cadela Dalila, de um dos moradores de rua mortos, também morreu após comer o alimento das marmitas.

As quentinhas foram doadas por integrantes de uma igreja evangélica. A pastora Agda Lopes Casimiro, 51, procurou a polícia, ainda no dia 22, para dizer que preparou a comida recebida pelos moradores de rua e negou que houvesse problemas. Ela afirmou que a própria família comeu o alimento, sem passar mal. A movimentação da religiosa foi registrada por uma câmera de monitoramento.

Uma pastora de 51 anos, que preparou a comida servida a dois moradores de rua, mortos em 22 de julho em Itapevi (Grande SP), garante que ela e seus familiares também se alimentaram das mesmas marmitas e não passaram mal. A mulher procurou a Polícia Civil assim que soube sobre a morte dos dois homens - Divulgação/Polícia Civil

Duas das marmitas foram consumidas por Vagner Aparecido Gouveia de Oliveira, 37 anos e José Luiz de Araújo Conceição, 61, mortos com sinais de intoxicação na madrugada do dia 22 de julho. Outras três foram entregues por Oliveira a um vendedor de churros de 46 anos. A namorada dele, uma adolescente de 17 anos, e o filho de Araújo, de 11, passaram mal e foram internados. A jovem teve alta quatro dias depois.

Antes da conclusão dos laudos, a polícia investigava se as marmitas haviam sido envenenadas no posto de combustíveis ou se os moradores de rua se alimentaram com comida estragada que estaria no local. Esta última hipótese já foi descartada, da mesma forma que a do envenenamento no momento da preparação.

De acordo com os atestados de óbito dos moradores de rua, a causa de suas mortes é intoxicação exógena (interação de um ou mais agentes tóxicos com o sistema biológico).

A polícia analisa outras imagens de câmeras de monitoramento, que registraram a movimentação perto do posto de combustíveis no dia em que as marmitas foram doadas. O material pode ajudar na identificação de todas as pessoas que estiveram no local, além da dinâmica de alguma eventual atividade suspeita.

Defensor dos amigos de rua

O morador de rua Vagner Aparecido Gouveia de Oliveira era conhecido como protetor dos colegas que dormiam no posto desativado.

Cléber Viginóski, 36 anos, conhecia Oliveira há cerca de dez anos. Ele afirmou que ambos permaneciam grande parte do tempo nas ruas, em decorrência da dependência química e do alcoolismo.

Viginóski disse que há cerca de seis meses passou a dormir no posto de combustíveis, no bairro Vila Aurora, junto com outros moradores de rua. Segundo ele, o local também costuma receber visitas de estranhos que provocam e ofendem quem fica lá, principalmente durante a madrugada. "O Vagner não deixava quieto [as provocações]. Como ele era alto e forte, nos protegia de perigos e ameaças [de estranhos]."

Vagner Aparecido Gouveia de Oliveira, 37 anos, morreu na madrugada de 22 de julho após comer marmita doada a ele e amigos, em situação de rua, na cidade de Itapevi (Grande SP) - Arquivo pessoal

Há cerca de 20 dias, Viginóski afirma que o amigo defendeu uma mulher, supostamente assediada por um homem que foi até o posto durante a madrugada. "Ele [Oliveira] virou um 'rolo compressor' para ajudar nossa amiga. Eram dois caras, mas só um apanhou e o outro saiu correndo", lembra.

Por causa do "comportamento protetor" de Oliveira, Viginóski não descarta a possibilidade de que alguém tenha envenenado as marmitas. "É engraçado que só as marmitas que deram para o Vagner que mataram ele, e o seu José, e também fizeram os dois 'de menor' passarem mal", afirmou, sobre o fato de Oliveira ter compartilhado quatro das cinco marmitas doadas a ele.

Outro morador de rua, de 32 anos, e que pediu para não ter o nome publicado, disse que os amigos de Oliveira se sentem desprotegidos, desde a morte dele. "Acho que mataram nosso amigo por vingança, porque ele protegia a gente."

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