Prefeitura de São Paulo leva 34 dias para atender queixa sobre mosquito

Levantamento mostra que há reclamações que chegaram a demorar 163 dias para serem concluídas

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São Paulo

Reclamações sobre presença de pernilongos ou outros mosquitos em casas de paulistanos no primeiro semestre levaram em média 34 dias para serem finalizadas pela Prefeitura de São Paulo, gestão Bruno Covas (PSDB). O prazo foi obtido pela reportagem com base em dados do Portal 156, que compila as solicitações feitas por telefone e pelo site.

No período, foram feitas 899 reclamações do tipo. Dessas, 789 foram finalizadas, o que significa que a casa dos reclamantes recebeu a visita de um técnico para avaliar a situação. O tempo para essa resposta varia: algumas levaram apenas um dia, enquanto outras chegaram a 163.

Há, ainda, aquelas que não foram finalizadas: 102. Como a última atualização do portal é do dia 3 de agosto, é possível que algumas delas tenham sido finalizadas até agora. Contudo, na ocasião do levantamento, havia solicitações “aguardando atendimento” que foram feitas desde janeiro.

O médico Fabio Secolin, 58 anos, “caça” mosquito no condomínio onde mora, no bairro de Pinheiros, na zona oeste de SP; ele diz ter feito reclamação junto à prefeitura, mas problema não foi resolvido - Rivaldo Gomes/Folhapress

Como o calor causa a aceleração do ciclo de vida dos pernilongos e está diretamente relacionada ao aumento da população desses insetos, os primeiros meses do ano foram os que tiveram mais reclamações. Em janeiro e fevereiro, foram resolvidas 424 solicitações, com uma média de 43 dias.

O distrito que mais realizou reclamações no primeiro semestre foi Campo Belo, com 61. Outros bairros próximos (à exceção do Grajaú), todos na zona sul, compõem os cinco que mais solicitaram medidas à prefeitura.

O médico Fabio Secolin, 58 anos, mora em Pinheiros e fez uma reclamação à prefeitura sobre os pernilongos em 11 de setembro. Mesmo no 13º andar, ele diz que e um “inferno” a invasão dos mosquitos, que acontece principalmente nos períodos de calor.

Depois de 17 dias, o prédio recebeu a visita de um agente da vigilância sanitária. Segundo ele, foi prometido um reforço na dedetização da rua, mas Secolin afirma que não observou se aconteceu.

Certo é que o problema segue. “Este ano coloquei uma tela com velcro e deu uma melhorada, mas ainda assim eles entram pelas mínimas frestas que ficam, e a gente tem que se virar com raquete. Aqui no prédio, esse é um problema generalizado, e o problema está muito pior, sem dúvida.”

Pernilongos se reproduzem mais no calor

Com o aumento das temperaturas, o tempo que um pernilongo leva para sair picando as pessoas é de 10 a 15 dias, em média. No frio, para completar as fases de ovo, larva e pupa até ficar adulto ele leva de 25 a 30 dias.

“O aumento da temperatura é um estímulo biológico. Com isso, ele vai se reproduzir muito mais”, afirma Sérgio Bocalini, biólogo especialista em entomologia urbana e vice-presidente executivo da Aprag (Associação dos Controladores de Vetores e Pragas Urbanas).

Os bairros mais suscetíveis aos pernilongos são os que margeiam o rio Pinheiros, diz o biólogo. Isso porque, como o fluxo da água é muito lento e há muita poluição, o local vira um criadouro ideal. Mas isso não impede que os mosquitos alcancem até 4 km de distância, impulsionados por correntes de ar.

Segundo Bocalini, por enquanto não há indícios de que 2020 tenha uma infestação de pernilongos maior que as de anos anteriores. O que pode influenciar essa percepção é que, como o inverno teve períodos de calor intenso, a temporada dos pernilongos acabou adiantada.

Outro fator é a quarentena da Covid-19. “Como as pessoas estão mais em casa, ficaram mais atentas [aos pernilongos]. E nas residências, normalmente não tem ar condicionado para diminuir temperatura como tem em escritório. Isso acabou despertou mais atenção para o problema”, diz o biólogo.

Resposta

A gestão Bruno Covas (PSDB), por meio da Secretaria Municipal de Inovação e Tecnologia, diz que, de fato, o tempo médio de atendimento foi de 34 dias. Na carta de serviço, o máximo indicado é 60 dias.

Para os protocolos recebidos até 22 de julho que ainda aguardavam atendimento (102 protocolos), segundo a secretaria, a média de tempo de espera era de 119 dias. Havia 20 protocolos aguardando atendimento há mais de 160 dias. Dos 900 protocolos recebidos, apenas 11% ainda aguardavam atendimento.

Sobre a reclamação do morador, a Secretaria Municipal da Saúde diz que a região recebeu a visita da vigilância ambiental. No dia da visita, é feita orientação e, se for permitida, uma vistoria na área externa da casa, para que se eliminem focos de água parada.

COMO SE PROTEGER

  • Passar repelente (verifique o apropriado para crianças)
  • Instalar telas em janelas e portas
  • Colocar mosquiteiros sobre berços e, quando possível, camas
  • Usar roupa comprida, chapéus e botas em áreas com mato ou áreas de reprodução de mosquitos, como locais próximos a rios e lagos
  • Em pontos com muitos borrachudos, vestir meias ou espalhar óleo (de cozinha ou amêndoa) nas pernas ajuda a evitar picadas, já que esses insetos costumam atacar mais os membros inferiores

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