Descrição de chapéu Coronavírus

Em meio à Covid, doenças com transmissão respiratória caem em SP

Registros de sarampo e H1N1 na cidade despencam neste ano em relação a 2019

São Paulo

O número de casos de doenças de transmissão respiratória, como sarampo e gripe, teve queda em 2020, na comparação com o ano passado, segundo dados da Prefeitura de São Paulo, gestão Bruno Covas (PSDB).

Até a 36ª semana (ou até o último dia 4 neste ano), foram confirmados 430 casos de sarampo na capital, enquanto no mesmo período do ano passado foram contabilizados 5.839.

Ainda considerando o mesmo período, a influenza A H1N1 contaminou 79 pessoas em 2020 e 188 pessoas no ano anterior.

Essa diminuição pode ter associação com métodos de prevenção ao novo coronavírus, já que as doenças têm formas similares de transmissão, diz Cristhieni Rodrigues, infectologista do Hospital Santa Paula.

A empresária Lilian Amaral Vieira, 23 anos, foi tomar vacina contra o sarampo em ação na estação Comendador Ermelino, da CPTM, nesta terça-feira (29) - Rubens Cavallari/Folhapress

"A diminuição pode ter relação com o uso de máscara, distanciamento social e com outras medidas. As escolas também estão fechadas e essas doenças têm mais dificuldade de circular", afirma.

A mesma tese da médica é repetida pela Secretaria Municipal da Saúde.

A especialista lembra que campanhas de vacinação contra gripe, intensificadas neste ano, pensando em grupos de risco da Covid, podem ter contribuído para a redução.

Como o país tem enfrentado dificuldade no caso de outras vacinas --pela primeira vez em quase 20 anos, o Brasil não atingiu a meta para nenhuma das principais imunizações indicadas a crianças de até um ano-- há uma série de ações na capital paulista.

Nesta terça (29), numa delas, a empresária Lilian Amaral Vieira, 23 anos, se vacinou contra o sarampo na estação Comendador Ermelino, linha 12-safira da CPTM. "Acho importante me prevenir. Isso pode ajudar a evitar mais aglomerações em hospitais", afirma.

Dengue também está com menos confirmações

Os registros de dengue na cidade também despencaram. Segundo a prefeitura, de janeiro a setembro de 2019 foram 16.755 casos da doença enquanto no mesmo período de 2020 ocorreram 1.905 confirmações.

Os casos suspeitos de dengue também apresentaram redução. De acordo com o levantamento da Secretaria Municipal da Saúde, entre janeiro e setembro do ano passado foram 47.678 pessoas com suspeitas da doença na capital paulista. No mesmo período de 2020 foram 13.990.

Com relação ao chikungunya, doença também transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, assim como a dengue, foram dois casos confirmados entre janeiro e setembro do ano passado. No mesmo período de 2020, o município contabilizou apenas um registro da doença.

Tanto nos nove primeiros meses deste ano quando de 2019, não houve nenhuma confirmação de zika vírus. Já os casos suspeitos foram 261, em 2019 e 51 neste ano.

30.09 Nas Ruas - Doenças de Transmissão Respiratória
Doenças de Transmissão Respiratória - Arte Agora

Casos podem não ter sido relatados

Embora o isolamento possa ter contribuído não só para evitar o contágio pelo coronavírus, mas também para afastar outras doenças, Leonardo Weissmann, infectologista e consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia, diz que há risco de subnotificação, já que as pessoas podem não ter ido a hospitais ou postos.

"As medidas de prevenção contra Covid podem ter relação [com a redução de outras doenças], mas não dá para dizer se é só prevenção ou se teve subnotificação já que muitas pessoas estavam em casa e casos podem não ter sido registrados".

Precauções ajudaram, diz secretaria

A Secretaria Municipal da Saúde diz que as precauções adotadas por causa da pandemia do novo coronavírus, como distanciamento social, uso de álcool gel, lavagem das mãos com maior frequência, e, especialmente uso de máscaras, contribuem para a redução da propagação de outras doenças respiratórias, como o sarampo e a influenza.

A pasta afirma ainda que a vacinação é o método mais efetivo para o combate às doenças agudas transmissíveis. "A cobertura vacinal da tríplice viral (Caxumba, Rubéola e Sarampo) foi de 88,97% no primeiro semestre deste ano, diz.

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