As salas de cinema e alguns teatros de São Paulo estão com todos os protocolos sanitários prontos para a reabertura. Além de máscara, álcool em gel e distanciamento social, esses espaços culturais adotaram uma série de cuidados para que o paulistano volte a ter momentos de lazer com o máximo de segurança.
O protocolo de segurança para espaços culturais foi assinado nesta semana pelo prefeito Bruno Covas (PSDB), mas desde agosto as empresas do setor cinematográfico já estavam se organizando e dialogando com a administração para retomar as sessões. Agora tudo depende que a capital entre na fase verde do Plano São Paulo para que as portas reabram. No dia 9 de outubro, o governo do estado vai divulgar a nova reclassificação das regiões de SP.
Placas de acrílico nos locais de atendimento, totens de autoatendimento, interdição de assentos na plateia e de cabines e pias nos banheiros, cartazes orientando o distanciamento e a higienização das mãos, limpeza das salas entre as sessões e recomendação de compra de ingresso pela internet são algumas das adaptações feitas pelos cinemas para receber o público.
"Está tudo absolutamente pronto. Só estamos esperando entrarmos na fase verde pra reabrir", afirmou o diretor comercial e de marketing da Cinépolis Brasil, Juliano Russo.
Além da higiene e do distanciamento, outro item que as empresas de cinema ressaltam a segurança é o sistema de ar-condicionado. Segundo Russo, os equipamentos dos cinemas possuem dutos que trocam o ar automaticamente.
"O ar-condicionado dos cinemas renovam o ar constantemente. É o mesmo sistema de hospitais e dos aviões. Nunca precisamos falar sobre isso, só agora com a pandemia da Covid-19. Cinema sempre foi um ambiente saudável", afirmou Russo.
Os teatros que ficam em shoppings possuem o mesmo sistema de ventilação. Já os pequenos espaços que dependem apenas da bilheteria dependem de investimentos para reabrir.
E enquanto as cerca de 370 salas de cinema da capital não reabrem, os demais espaços de todos país continuam assistindo a filmes que até são inéditos, mas não são os grandes lançamentos da indústria.
"A cidade de São Paulo é o fiel da balança, pois tem 11% das salas e 20% do faturamento de todo o país. Se não reabrir aqui, os estúdios não colocam os grandes lançamentos no circuito", diz Paulo Celso Lui, presidente do Sindicato das Empresas Exibidoras Cinematográficas do Estado de SP.
Teatros vão ter a capacidade reduzida
O teatro Alfa, em Santo Amaro, na zona sul, é um dos espaços culturais da capital que já está preparado para reabertura ao público. Fechado desde março, quando iniciou a quarentena em São Paulo, a sala contratou uma empresa para certificar as medidas de higiene e limpeza contra a propagação do novo coronavírus.
Segundo Fernando Guimarães, gerente operacional e de programação, oferecer álcool em gel, cobrar o uso de máscara e marcar o distanciamento não é o suficiente. Por isso, em agosto contratou uma empresa para auxiliar no cumprimento das medidas sanitárias.
O selo Safeguard certifica que os centros de arte e cultura adotaram todas as medidas preventivas específicas para o segmento cultural e necessárias para reabrir suas portas com segurança. Além do teatro Alfa, a Sala São Paulo também está recebendo a certificação.
O Alfa já está treinando seus funcionários para o uso de equipamentos de segurança individual, aumentou a frequência de limpeza dos espaços e da manutenção do ar-condicionado, sinalizou com fitas os espaços para garantir o distanciamento social tanto em todos os espaços do teatro.
"Nós só retomaremos [as apresentações] quando tiver certeza que fizemos todo o possível para garantir a segurança do público, dos funcionários e dos artistas", afirmou Guimarães.
Quando reabrir, apenas 40% dos 1.110 lugares do Alfa estarão disponíveis ao público. Porém, como será necessário o distanciamento de 1,5 metro, a capacidade cai para 315 pessoas. "E é com essa capacidade que vamos reabrir", disse.
Espaços pequenos estão em crise
Os pequenos e médios teatros que não tem patrocínio e dependem dos recursos da bilheteria correm o risco de não reabrirem mais, mesmo depois da fase verde do Plano São Paulo, segundo o presidente da APTR (Associação de Produtores de Teatro), Eduardo Barata.
Fechados desde março, esses espaços não terão grana para todas as adaptações previstas nos protocolos sanitários. Além disso, com a limitação de público nas salas devido ao distanciamento social, a arrecadação com a venda de ingressos não será suficiente para cobrir as despesas de manutenção e funcionários.
"Os teatros têm realidades diversas em cada cidade e em cada espaço cultural. Alguns já têm condições de abrir. Os que são pequenos e não têm patrocínio vão ter que se reinventar. Correm o risco de não reabrir, pois não têm viabilidade econômica", disse Barata.
Outra incerteza para os produtores de teatro é com relação ao retorno do público aos espaços. Ele ressalta que quem vai ao teatro é mais informado e pode preferir ficar em casa com receio de se contaminar com o novo coronavírus.
"Somos muito pressionados [pelos produtores e alguns artistas] para reabrir os teatros. Mas quem vai? O público de teatro não vai se arriscar. Eu prefiro esperar mais um pouco para reabrir com segurança".
Prefeitura crê em nova reclassificação
O protocolo assinado na semana passada pelo prefeito Bruno Covas (PSDB) para reabertura de espaços culturais abrange não apenas salas de cinemas e teatros, mas museus, casas de shows, circos, galerias e bibliotecas, entre outros.
Mas a reabertura depende da capital entrar na fase verde do Plano São Paulo para a retomada econômica no estado, o que deve ser anunciado somente no dia 9 de outubro.
No início do mês, o prefeito disse em entrevista coletiva que a capital poderia entrar na fase verde entre os dias 20 de setembro e 10 de outubro. Porém, no dia 11 de setembro o governador João Doria (PSDB) anunciou que a atualização do plano seria mensal, e não mais quinzenal, como estava ocorrendo até então.
Apesar disso, o prefeito já anunciou que a capital tem números que a colocam na fase verde do plano.
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