A Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus, afeta as pessoas de formas diferentes. Isso inclui infectadas que apresentam ou não os sintomas. Segundo o Ministério da Saúde, entre os sintomas mais comuns da doença estão: tosse, coriza, perda de olfato, dificuldade para respirar e febre. Esta última é uma consequência da reação do corpo ao combater algo estranho, como vírus e bactérias.
Renato Kfouri, infectologista e pediatra, explica que a febre é um aumento anormal da temperatura corporal. Em geral, há febre quando a temperatura ultrapassa 37,5ºC ou 37,8º.
Segundo o médico, este aumento acontece devido a resposta imunológica do organismo. Ou seja, quando micro-organismos como vírus e bactérias entram no corpo, as células de defesa vão combatê-los. Neste processo, substâncias químicas são liberadas e elas causam esse desregulamento da temperatura. “A febre não é doença, é sintoma. É preciso reconhecer a [sua] causa”, ressalta.
“A febre é um sinal inespecífico”, afirma Gustavo Prado, pneumologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz. Ele explica que, na maioria das vezes, a febre é causada pela resposta do organismo a agentes infecciosos, como os que resultam em gripe ou Covid-19. Doenças inflamatórias ou autoimunes também podem ser causadoras deste sinal.
Segundo Prado, caso um paciente tenha febre, mas não apresente outros sintomas ou doenças de base, o que o tornaria predisposto a condições de maior gravidade, o aumento da temperatura pode ser apenas uma manifestação inicial de infecções virais. “A maioria se resolve espontaneamente”, diz.
Os médicos explicam que ela é motivo de preocupação quando é alta e persistente. Kfouri destaca que caso um recém-nascido tenha febre, é preciso ir ao médico imediatamente, pois isso não é comum nesta fase da vida. Além disso, é preciso ficar atento a outros sintomas que possam aparecer junto com a febre, independentemente da idade. Prado reforça que em caso de manifestações desconfortáveis e mais graves, como falta de ar e fraqueza, é necessário procurar atendimento médico.
Temperatura deve ser medida corretamente
Renato Kfouri explica que a temperatura pode ser aferida pela via oral, axilar ou retal. Para medir, é preciso utilizar um termômetro. O médico lista que há vários equipamentos no mercado, como o digital utilizado na axila ou aqueles que nem precisam encostar na pele, por exemplo. Para utilizar o aparelho escolhido corretamente, é importante ler as suas instruções.
O pneumologista Gustavo Prado complementa com a importância de adquirir um produto certificado. Antes de comprar um aparelho, ele recomenda que a pessoa consulte se aquele produto é registrado no país.
Em relação à medição, Josélia Frade, farmacêutica e assessora da Presidência do Conselho Federal de Farmácia (CFF), afirma que “a temperatura deve ser medida sempre com o mesmo aparelho e no mesmo lugar, a fim de permitir a comparação de resultados ao decorrer do tempo”. Além da temperatura, é recomendável anotar a data e o horário em que a medição foi feita. Caso a pessoa tenha feito exercícios físicos, tomado banho, ingerido comida ou bebida, é necessário aguardar por meia hora antes de verificar a temperatura corporal.
Segundo os médicos, a utilização de termômetros em locais públicos, como entrada de lojas e aeroportos, nesta pandemia é um tipo de “triagem simples”. Como nem todas as pessoas com Covid-19 apresentam febre, não é um método seguro para encontrar pessoas infectadas. De todo modo, ele ainda pode servir para informar e encaminhar quem esteja com febre.
“É preciso ter cuidado para não confiar demasiadamente nessa medida pouco sensível”, alerta Prado. Ele lembra que locais como shoppings, que tem grande circulação de pessoas e são espaços fechados, oferecem alto risco de contaminação. Assim, é importante seguir as recomendações de distanciamento, higienização e uso de máscara. “As pessoas precisam se perguntar se realmente precisam ir àquele lugar e assumir esse risco de contrair ou transmitir a doença”, finaliza.
Viva Bem | A Febre
O QUE É A FEBRE
- É um aumento da temperatura corporal acima dos padões normais
- Há febre quando a temperatura do corpo está acima de 37,5ºC
- Alguns especialistas a consideram a partir de 37,8ºC
- É uma reação do organismo que está se defendendo de agentes estranhos
- A febre pode aparecer como um sinal de várias doenças
- A maioria dos casos de febre está ligado a doenças infecciosas como, por exemplo, gripe, Covid-19 e sarampo
- Mas também pode aparecer diante de doenças inflamatórias e autoimunes (como lupus)
A temperatura
- A temperatura normal no corpo humano varia entre 35,5ºC e 37ºC
- Há mecanismos naturais para mantê-la ajustada, como:
- A transpiração que “refresca a pele” e auxilia na diminuição da temperatura nos dias quentes
- Já nos frios, os vasos sanguíneos ficam mais estreitos para evitar a perda de calor
Por que a febre ocorre
- Quando agentes estranhos como vírus e bactérias entram no corpo, o sistema imunológico produz uma resposta
- As células de defesa que irão combater esses agentes produzem uma substância química que afeta o centro termorregulador
- O centro termorregulador (onde a temperatura do corpo é controlada) fica em uma região do cérebro chamada hipotálamo
- Assim, é uma consequência da ativação dessa resposta inflamatória
COMO SABER SE HÁ FEBRE?
- Para medir a febre é necessário utilizar um termômetro. Há diversos tipos, como digitais que precisam ou não encostar na pele
- No momento da compra, verifique se o equipamento tem selo de certificação e registro. Isso garante a eficácia do item. Para medir a temperatura adequadamente, leia as instruções do aparelho
- É comum que os digitais, por exemplo, apitem assim que a temperatura for registrada
- É recomendado usar o mesmo aparelho e no mesmo lugar ao longo do tempo para comparar resultados
- Ao medir a temperatura, anote o resultado, data e hora da verificação
- Segundo o CFF, não é recomendado medir a temperatura logo após realizar exercícios físicos, tomar banho, comer ou beber. O ideal é descansar pelo menos 30 minutos antes de realizar uma medição
- A temperatura pode ser aferida pelas vias oral, axilar ou retal
QUANDO SE PREOCUPAR
- É muito importante reconhecer a causa da febre, ou seja, do que o organismo está se defendendo
- A febre não é uma doença, mas um mecanismo do corpo e um sinal
- Quando ela acontece em um indivíduo sem qualquer doença de base (que predispõe a condições mais graves), costuma ser uma manifestação de infecção viral e, na maioria das vezes, se resolve espontaneamente
- Caso ela venha acompanhado de outros sintomas como convulsão, grande mal-estar e dificuldade respiratória é sinal de alarme
- No caso de febre alta e persistente, ou que continue retornando após o fim do efeito de um medicamento, também é importante procurar um médico
Outros casos
- O recém-nascido (bebê com até 28 dias de vida), normalmente, não tem febre. Caso isso aconteça, é necessário consultar o médico imediatamente
- Apesar de comum em crianças e adultos, a febre raramente aparece em idosos
- Além da febre, é importante prestar atenção em outros sinais e sintomas de crianças e idosos para procurar serviço médico
- Pacientes com câncer que estejam fazendo tratamento com quimioterapia também é motivo de alarme
- Como a pessoa está com o sistema imunológico fragilizado devido ao tratamento da doença, uma infecção é um risco maior
Convulsão febril
- É uma desrregulação neurológica
- Acontece com quem tem predisposição genética para isso
- A convulsão com febre exige cuidado
FEBRE E COVID-19
- A febre é um dos sinais da Covid-19, mas nem todos os infectados pela doença apresentam febre
- Tosse, perda de olfato, falta de ar, dor de cabeça e no corpo também estão na lista de sintomas causados pela doença
- Vale lembrar que muitas pessoas que contraem o novo coronavírus não apresentam sintoma algum
- Neste momento de pandemia, aparecimento de febre associado outros sintomas deve levar a pessoa ao serviço de saúde
Termômetros na entrada de estabelecimentos
- A medição de temperatura é uma triagem simples, mas não garante que aquele local está livre de pessoas infectadas
- O método pode servir para orientar e informar
- No entanto, como nem todas as pessoas com Covid-19 apresentam sintomas, não é um bom método para quantificar ou relaxar nas medidas de prevenção
FONTES
Gustavo Prado, pneumologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz; Josélia Frade, farmacêutica, assessora da Presidência do Conselho Federal de Farmácia (CFF); Renato Kfouri, pediatra, infectologista e membro do Departamento Científico de Infectologia da Sociedade Brasileira de Pediatria
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.