No primeiro dia em que bares e restaurantes puderam funcionar até as 22h na capital paulista, a movimentação em estabelecimentos da zona norte de São Paulo foi tranquila. Nesta quinta-feira (6), no começo da noite, os comércios desse tipo na tradicional avenida Luis Dumont Villares, na Vila Guilherme estavam em clima de Happy hour.
A recepcionista Amanda Borges, 23, aproveitou que "o pagamento caiu" para tomar uma cerveja com as amigas do trabalho, a atendente comercial Lisley Carolina, 28, e a vendedora Sara de Andrade, 26. Elas trabalham em uma concessionária próxima ao Loirassa, bar escolhido para o passeio, e ficaram surpresas ao saber que poderiam ficar até as 22h no local. "A gente já trabalha juntas durante toda a quarentena, não fizemos home office, mas é a primeira vez que resolvemos sair para 'tomar umas'. Já que pode ficar até mais tarde, então a gente fica até fechar", garantiu Borges.
O gerente do estabelecimento, que existe há 25 anos, Antônio Iraildo, 36, afirma que o faturamento caiu cerca de 90%. "Foi difícil, ainda mais porque não fazemos delivery para não competir com outros bares da avenida que já entregam e que são do mesmo dono. Mas agora a gente acha que vai começar a movimentar mais." Além do Loirassa, pertencem à mesma o Loirão, Dona Fulô e Adega Original. "Com esses outros três, por entregarem comida, já foi o contrário: na quarentena, faturaram 30% a mais que antes", diz o gerente.
Alguns cuidados tomados no bar para o momento de pandemia são o espaçamento maior entre as mesas, o uso de máscara e face shield por todos os funcionários, o controle de clientes até a capacidade máxima permitida e o cardápio virtual, por meio de QR Code.
Na mesma avenida, a lanchonete Açaí da Nova estava um pouco mais movimentada, mas, mesmo assim, com lugares sobrando. Por lá, a consultora de vendas Mariana Souza Santos, 24 anos, se reuniu com os dois amigos pela primeira vez, depois de ficar em casa desde o começo do ano, emendando uma licença-maternidade com a quarentena.
"Tenho um bebê de sete meses e, até agora, só estava saindo de casa para coisas essenciais, como ir à farmácia. Deixei minha filha com a sogra e resolvi sair um pouco",afirmou. Um dos amigos dela, o consultor de vendas Thomas Borges Faria, 27, conta que também praticamente não estava saindo de casa. " Fui demitido em março, ou seja, mal ficamos de quarentena e a empresa já 'passou a faca'. Aí fiquei esse tempo todo sem sair nem para o essencial. Agora que eu comecei a ver que as coisas parecem estar mais tranquilas, o pessoal [nas ruas] já está saindo mais."
Aristóteles Rodrigues Moura, 31, responsável pelo local está otimista com a nova fase. " O faturamento aqui tinha caído para só 2 a 3% do que a gente tinha antes, e mesmo esse percentual só foi possível porque a gente entrega por delivery."
A autorização para extensão do funcionamento foi anunciada pelo governador do estado de São Paulo, João Doria (PSDB), na última quarta-feira (5), durante coletiva de imprensa no Palácio dos Bandeirantes, na zona sul da capital paulista.
O horário esticado passou a valer para as regiões que já estavam há pelo menos duas semanas na fase amarela do Plano São Paulo de reabertura da quarentena do novo coronavírus, o que inclui a cidade de São Paulo. A regra de permissão para funcionamento de somente seis horas diárias, porém, se mantém. Os responsáveis devem decidir se o período será consecutivo ou dividido ao longo do dia.
Os locais podem oferecer serviços apenas para pessoas sentadas com a presença de público de no máximo 40% da capacidade do estabelecimento. As outras regras seguem as mesmas, como uso obrigatório de máscaras, limitação de operação só para ambientes ao ar livre ou arejados, uso de álcool em gel para higienizar as mãos e demais protocolos sanitários acordados com o setor e
já vigentes. É recomendado que se faça o agendamento prévio dos clientes para evitar possíveis aglomerações e, em hipótese alguma, pode haver filas ou pessoas aglomeradas em pé.
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