Descrição de chapéu Coronavírus

Atendimento em prontos-socorros infantis de São Paulo cai na pandemia

No Hospital Municipal Menino Jesus queda foi 53% de janeiro a agosto deste ano

São Paulo

A pandemia do novo coronavírus fez cair o atendimento em prontos-socorros infantis de São Paulo em pleno inverno, quando as doenças respiratórias são mais comuns.

No Hospital Municipal Menino Jesus, referência no atendimento infantil pelo SUS, a queda no pronto-atendimento foi 53% entre janeiro e agosto deste ano em comparação com o mesmo período do ano passado. Em maio, no auge da quarentena, a queda foi de 83% em relação a 2019.

A professora Aline Azevedo, 30 anos, com seu filho Samuel, de dez meses, no pronto-atendimento vazio do Hospital do Servidor Público Estadual - Rivaldo Gomes/Folhapress

No pronto-socorro infantil do Hospital do Servidor Público Estadual a redução no atendimento foi de 82% entre abril e agosto deste ano em comparação ao ano passado. Em abril, a queda foi 90% em relação ao mesmo mês de 2019.

Segundo a infectologista Andrea Almeida, do Hospital do Servidor Público Estadual, a explicação para a queda é a pandemia e os novos hábitos sanitários que a população adquiriu, como lavar as mãos ou passar álcool em gel, o uso de máscaras e o distanciamento social.

Além disso, algumas condutas adotadas pelos governos, entre elas o fechamento de escolas onde é comum a transmissão de vírus entre as crianças, também contribuíram na redução do contágio de doenças de transmissão respiratória, como gripes, resfriados, sarampo e catapora, e o agravamento de rinite, bronquite e asma.

"Esse conjunto de fatores adotados para controlar a Covid-19 também reduziu outras doenças comuns no inverno. Nesta época é comum até triplicar o atendimento e internações, mas neste ano estamos atendendo 10% a 20% da nossa capacidade", disse.

Segundo a coordenadora da UTI do Hospital Municipal Menino Jesus, Alessandra Geisler, é possível dizer que menos crianças ficaram doentes nesta pandemia porque também reduziram as internações por infecções respiratórias que não sejam da Covid-19. Segundo ela, o fato de o inverno deste ano não ter sido tão rigoroso fez com que as pessoas ficassem com os ambientes mais arejados. "O receio de pegar o coronavírus fez com quem tivesse algum sintoma mais leve ficasse se tratando em casa".

Tratamentos devem continuar

A infectologista Andrea Almeida, do Hospital do Servidor Público Estadual, alerta aos pais que levem os filhos ao médico caso vejam que seus filhos doentes e os sintomas não passem. Ela ressalta que o apelo para que as pessoas ficassem em casa, logo no início da pandemia, mas é preciso fazer acompanhamento médico.

"Hoje nós entendemos que deve ficar em casa quem está bem. Quem está doente precisa procurar atendimento médico. Se a criança ou até mesmo o adulto está com febre, perda de apetite ou diarreia deve procurar atendimento para ser tratado e orientado corretamente", afirmou.

A infectologista também ressalta para a necessidade dos pais deixarem a caderneta de vacinação dos filhos em dia. "As vacinas de gripe, sarampo e catapora estão disponíveis nos postos".

Quem tem doenças crônicas, como as do coração, ou fazem tratamentos de saúde não devem deixar de fazer o acompanhamento médico ou as terapias. "Não se pode postergar o tratamento das doenças. Isso pode prejudicar a saúde dos pacientes", afirmou.

Hospital tem pronto-atendimento vazio

Quem foi ao pronto-atendimento infantil do Hospital do Servidor Público Estadual nesta terça-feira (15) encontrou a unidade praticamente vazia. Foi o caso da professora Aline Azevedo, 30 anos, que levou o filho Samuel, de dez meses, para descobrir o motivo da febre.

Ela conta que a temperatura subiu durante a madrugada, chegando a 39,6ºC, e como não sabia o que era, achou melhor procurar ajuda médica no hospital.

"A gente não sabe o que é. Não sabe se é coronavírus. Mas como ele é um bebê que não fala o que está sentindo, achei melhor levar. Mas foi só um quadro viral", afirmou a professora, que sabe bem como a sala de aula ajuda a disseminar vírus nas crianças. "As crianças ficam todas doentes ao mesmo tempo", disse Aline.

O casal de funcionários públicos Érika Silva Rodrigues, 37 anos, e Silvio Rodrigues, 40 anos, também decidiram levar a filha Eloá, de nove meses ao médico devido ao surgimento de um caroço. "A gente fica com medo, mas achamos melhor levar porque se for algo grave dá tempo de cuidar", afirmou Silvio.

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