Feira noturna no centro de SP ignora protocolos de segurança contra a Covid-19

Frequentadores e vendedores não usam máscara, não fazem distanciamento e se aglomeram

Mariana Freire Ronny Santos
São Paulo

A fase mais restritiva da quarentena contra a Covid-19 na capital paulista não é suficiente para inibir uma feira montada quase toda noite na região do Parque Dom Pedro 2º, no centro. A fase emergencial do Plano São Paulo, em vigor atualmente, determina um toque de recolher a partir das 20h, mas nem isso, tampouco outros protocolos sanitários, como o uso de máscaras e distanciamento, têm sido seguidos.

A feira se estende pelas ruas Itapura de Miranda, Cavalheiro Basilio Jafet e Barão de Duprat. O portal Feiramaps, da prefeitura, não identifica a existência da atividade na região. A gestão Bruno Covas (PSDB) não esclareceu se a feira é irregular.

A reportagem do Agora esteve no local na noite de terça (16). Nenhum agente de fiscalização foi avistado pela área. Havia, inclusive, pessoas consumindo alimentos e bebidas em algumas das barracas --atividade proibida pela fase emergencial. Também se juntavam em torno delas, sem distanciamento e em grupos de mais de cinco pessoas. Uns sem máscaras, outros com ela presa somente ao queixo.

Feira noturna é realizada diariamente na região do Parque D. Pedro II, no centro de São Paulo - Ronny Santos/Folhapress

Há mais um agravante, segundo um morador da região que não quis ter o nome publicado: o acúmulo de lixo no dia seguinte. O problema já tem mais de 30 anos, ele diz, e, por mais que a prefeitura tenha sido acionada, nunca foi resolvido. Em 2010, uma reportagem do Agora já denunciava a situação listando os problemas que ainda permanecem.

De acordo com o homem, os piores dias são sextas e sábados. Além da feira, a área atrai pessoas com som alto e há consumo de bebidas alcoólicas. "Perturba a vida de todos os moradores em volta. Ninguém consegue dormir."

Nos dias em que há maior movimento, o morador relata, até o trânsito é bloqueado pelas barracas instaladas no asfalto e pelos carregadores de alimentos. Ele já chegou a presenciar uma ambulância esperando mais de 20 minutos para passar pela área.

Depois que as fases mais restritivas da quarentena começaram, o efeito na feira foi o o contrário do esperado. "Carro de som com som alto, pessoas dançando, bebendo cerveja, e a maioria sem máscara. [Na fase vermelha] aumentou. Se transformou num lugar que atrai muita gente, já que os outros lugares estão fechados. É um lugar que virou um espaço de lazer."

No site da prefeitura, uma nota fala de medidas que feiras livres precisam cumprir desde o início da pandemia. Elas estão autorizadas a funcionar, inclusive na fase emergencial, mas a degustação de alimentos no local foi proibida, e a oferta de mesas e cadeiras deve ser diminuída para diminuir as aglomerações.

Resposta

Procurada, a gestão Bruno Covas (PSDB) não se manifestou sobre a feira noturna do Parque Dom Pedro 2º. Foi questionado se a feira tem autorização para funcionar, como é feita a fiscalização no local e o que foi feito sobre as reclamações já recebidas.

A SSP (Secretaria da Segurança Pública) também foi procurada, mas não respondeu os questionamentos sobre a feira relatada. A nota enviada diz que as ações de policiamento e fiscalização foram intensificadas com um número maior de policiais nas ruas em todo o estado.

A pasta indica que denúncias de funcionamento irregular de serviços podem ser feitas pelo telefone 0800-771-3541 ou e-mail ao Centro de Vigilância Sanitária (secretarias@cvs.saude.sp.gov.br) e também pelo site do Procon (www.procon.sp.gov.br).

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