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Água com cheiro forte e sabor tão alterado que dá para sentir até no café. É isso que moradores das regiões do Ipiranga e Sacomã, na zona sul da capital paulista, têm recebido pela torneira há dias. A maioria dos entrevistados passou a comprar água para beber.
Em geral, os entrevistados comparam o cheiro e o gosto do que sai na torneira com lama. “A água está muito ruim, o gosto é tipo raiz podre com lama”, descreve a diarista Iolanda Cardoso, 41. Ela conta que a situação começou há cerca de duas semanas e, desde então, passou a ferver a água para cozinhar.
Além de ferver, a empregada doméstica Marlene Lopes, 59, compra a água para beber. Ela percebeu que a água estava estranha há uma semana. “Fui abrir a torneira e subiu um cheiro de lama podre”, diz. Ela conta que até o café ficou ruim. Assim, a primeira ação da moradora foi contratar uma pessoa para lavar a caixa da água, mas não adiantou.
“Com o passar dos dias, tudo que eu fazia na cozinha ficava diferente, até utilizando a água do filtro, o gosto de barro ficou insuportável”, afirma a arquiteta e urbanista Caroline Santos, 25, moradora do Jardim Celeste. Ela conseguiu falar com um atendente da Sabesp, que disse que a situação seria normalizada no início desta semana, mas até o fim desta quinta-feira (26), nada havia mudado.
“A gente mora em uma região em que grande parte não tem poder aquisitivo para comprar fardo de água”, comenta André Luiz, 38. Apesar do cheiro e sabor, a cor continua normal. Sua família já gastou cerca de R$ 100 nos últimos cinco dias para comprar água. André sofre de gastrite e precisou da água comprada para beber e cozinhar. Nos últimos dias, diversos vizinhos do condomínio em que ele mora relataram problemas na água e casos de diarreia ou dores no estômago recentes.
Já a moradora do bairro São João Clímaco Solange Vieira, 35, tem recebido água com cor amarelada há cerca de 10 dias. Mãe de uma criança de um ano, ela compra água para beber e ferve o restante. “Não dá para comprar para tudo. A situação está difícil”, afirma.
A coloração também é um problema na casa de Angel Gonzalez Barreto, 28, autônoma. Moradora da Vila Liviero, a água amarronzada aparece em dias alternados, mas o gosto de barro permanece há dias. “Minha filha teve diarreia e agora meu filho está tendo. A gente não sabe se é por causa da água”, comenta lembrando que a saúde das crianças estava normal.
Além dos filhos de Angel, outras pessoas sentiram mal-estar. O eletricista de rede Carlos Neves, 26, também mora na Vila Liviero e, quando as alterações no cheiro da água começaram, também teve dores de barriga, que só passaram quando ele decidiu comprar água para beber. “A água da torneira, mesmo filtrada, dava dor”, comenta.
As diferenças não são sentidas apenas pelo olfato ou paladar. A família de Iolanda Cardoso e da comerciante Ivanete Gobeti Karalkovas, 45, passaram a sentir coceira no corpo após tomar banho. Além disso, Ivanete e seu marido chegaram a ter diarreia por um dia. Ela sempre morou na região do Jardim Patente e não se lembra de uma água com gosto e cheiro fortes por tantos dias antes.
A coordenadora de teleatendimento e moradora da Vila das Mercês Katlin Cristina Laia, 25, também nunca havia passado por estes problemas com a água. “No momento vejo como descaso já que não foi informado nada na região sobre melhora”, comenta.
Todos os entrevistados disseram que outros moradores passam por problemas semelhantes. A nutricionista Laryssa Ravalia, 23, percebeu que o problema era maior do que sua casa quando foi ao mercado comprar água e encontrou vários vizinhos na mesma situação.
Moradora do Jardim Previdência, Laryssa conta que a situação começou há duas semanas e, desde então, ligou para a Sabesp cerca de quatro vezes para reclamar. Em uma delas, a companhia teria agendado a visita de um técnico para o último sábado (21), mas não compareceu.
Sabesp diz que situação está normal em parte dos endereços
Em nota, a Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) informou que fez vistorias nos endereços localizados na Vila Vera, São João Clímaco, Vila Liviero, Jardim Patente Novo e Vila Moraes. A companhia afirma que “realizou análise técnica na água e não detectou situação de anormalidade, ou seja, a água está dentro dos parâmetros estabelecidos pelo Ministério da Saúde para consumo”.
De acordo com o órgão, durante esta sexta-feira (27) iriam ocorrer vistorias nos demais endereços localizados nos bairros Jardim Previdência, São João Clímaco, Cidade Nova Heliópolis e Jardim Celeste. Questionada pela reportagem, a companhia não comentou o que explicaria os relatos dos moradores.
Problema antigo
Em março do ano passado, moradores do Jardim Miriam, Jardim Ângela, Campo Limpo e Capão Redondo, também na zona sul, já haviam relatado o mesmo problema com o abastecimento de água. Na ocasião, a Sabesp disse que a água estava dentro dos "padrões legais".
Na região do ABC, em abril de 2019, os moradores também tiveram problema com a água. Primeiro foi a qualidade, depois a falta dela.