Parques na capital paulista variam no cumprimento dos protocolos sanitários
Visitantes ignorando avisos de interdição, medição de temperatura só em alguns e pessoas sem máscara são algumas das situações vistas
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Depois de meses fechados ou com funcionamento restrito devido à pandemia da Covid-19, os parques voltaram a receber visitantes com uma rotina quase normalizada. Na tentativa de minimizar o risco de transmissão do vírus, as gestões municipal e estadual estabeleceram protocolos sanitários, mas há muitas diferenças no cumprimento entre os equipamentos.
O Vigilante Agora percorreu 13 parques (cinco estaduais e sete municipais) observando os protocolos e as condições de conservação. As visitas foram feitas na terça (3) e na quarta-feira (4) em parques de todas as regiões de São Paulo. Problemas pontuais, em maior ou menor grau, foram encontrados em todos.
Em alguns parques, como o Aclimação (região central), havia aferição de temperatura na entrada, e o parquinho estava interditado. Também sob gestão municipal, o Parque do Povo, zona sul, tinha os brinquedos liberados, enquanto o Parque da Luz, no centro, não tinha aferição de temperatura em todas as entradas.
Os parques estaduais também tinham diferenças de protocolo. No Villa-Lobos, região oeste, havia, além da medição de temperatura na terça —mas não na quarta— aviso sonoro sobre os protocolos e uso de cabines de desinfecção. Vizinho a ele, o Parque Cândido Portinari não tinha a medição. Em ambos, apesar de o protocolo estabelecer a interdição de equipamentos de ginástica e do parquinho, eles eram usados normalmente.
Em todos os parques visitados, os banheiros tinham água, sabão e papel disponíveis em quantidade adequada. Em alguns, como o Ibirapuera, zona sul, Lajeado, zona leste, Parque do Povo e Água Branca, zona oeste, havia também totens de álcool gel distribuídos pela área.
A disponibilidade de bebedouros varia conforme a gestão do local. Nos parques municipais, eles estavam isolados ou desligados. Nos estaduais, os equipamentos funcionavam com avisos para que as pessoas usassem garrafas ou copos, minimizando o risco de transmissão da Covid-19.
Mãe e filha, as psicólogas Luzia Ramirez, 69, e Fernanda Ramirez, 37, frequentam o Horto Florestal, zona norte, pelo menos quatro vezes por semana. E, dizem, estão satisfeitas com o protocolo de combate à Covid-19.
"Acho que eles procuram fazer o melhor possível. Tem pessoas, como em qualquer lugar, que desrespeitam, mas não é a regra", afirma Luzia. Segundo Fernanda, quando flagram alguém sem máscara, acionam os seguranças para que abordem e cobrem o uso correto.
No parque Ecológico do Tietê, zona leste, a situação é diferente. Muitas pessoas, entre frequentadores e funcionários, estavam sem a proteção. A limpeza também estava problemática: havia, especialmente na trilha, muito plástico e, inclusive, máscara pelo chão.
Governo diz que vai reforçar exigência do uso de máscara
Questionada pelo Vigilante sobre o descumprimento da determinação para o uso de máscaras, a Sima (Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente), ligada ao governo estadual, afirma que população e funcionários são "expressamente orientados" para o uso. "Os monitores e seguranças já foram instruídos para que reforcem este aviso junto à população."
Segundo a nota enviada, desde a retomada do funcionamento dos parques nos fins de semana, a aferição de temperatura nas entradas é opcional a cada instituição.
Apesar de o Vigilante ter flagrado o uso de equipamentos que, segundo o protocolo, deveriam estar interditados (como equipamentos de ginástica e parquinho), a Sima afirma que eles seguem restritos. De acordo com a nota, há avisos, e as faixas restritivas são "repostas constantemente".
"Ainda há funcionários e monitores que rondam os parques para dispersão de aglomerações e eventual utilização dos equipamentos interditados."
Duas cabines higienizadoras, no Horto Municipal e no Parque Cândido Portinari, estavam sem uso. A Sima diz que a empresa que fez a doação já foi acionada para realizar reparos para que elas voltem a operar. O reparo de outros pontos observados pelo Vigilante, como o conserto de dispensadores de sabão e de bebedouros, já foi providenciado.
Prefeitura afirma que vai consertar problemas apontados
Em nota, a SVMA (Secretaria do Verde e do Meio Ambiente), ligada à prefeitura, afirma que está realizando processo de compra para substituir itens quebrados nos banheiros dos parques Anhanguera, da Luz e Buenos Aires. Segundo a nota enviada, os itens sofreram "atos de vandalismo".
No Parque da Luz, a administração municipal diz que "os administradores dos parques estão atentos quanto ao uso de máscaras pelos funcionários tanto da SVMA quanto de empresas prestadoras de serviço", apesar de o Vigilante ter observado muitos visitantes e funcionários sem o item.
Lá, a medição de temperatura é feita somente no portão principal, que dá acesso à praça da Luz. De acordo com a nota, a varrição é feita diariamente.
Já no Buenos Aires, já foi solicitada a correção dos buracos e desníveis do asfalto, segundo a prefeitura. No Parque do Carmo, há "ações periódicas" para a manutenção de bancos, parquinho e estacionamento.
A orientação, diz a nota, é de que a população evite a prática de atividades físicas que gerem aglomeração e use máscara nos parques, mas o Vigilante viu que isso não tem sido cumprido.
Como deve ser
- Boa sinalização
- Limpo
- Mato e grama aparados
- Banheiros limpos, com papel higiênico, papel toalha e sabonete
- Segurança espalhada por todo o ambiente
- Equipamentos conservados
- Protocolos sanitários contra o coronavírus
ZONA NORTE
Parque Anhanguera
Av. Fortunata Tadiello Natucci, 1000 - Perus
- Aferição de temperatura e álcool gel na entrada
- Boxes do banheiro sem portas, e aparelhos sanitários sem assento
- Sabonetes em garrafas improvisadas e papel toalha na bancada
- Asfalto da ciclofaixa com buracos
- Acúmulo de folhas e água suja nas pias
- Bebedouros interditados
Horto Florestal
R. do Horto, 931 - Horto Florestal
- Medição de temperatura na entrada
- Parquinho, equipamentos de ginástica e quadras interditados
- Banheiros limpos, mas sabonetes em garrafas improvisadas
- Bebedouros com aviso sugerindo o uso de garrafinha. Alguns não tinham água
ZONA OESTE
Villa Lobos
Av. Professor Fonseca Rodrigues, 2001 - Alto de Pinheiros
- Medição de temperatura e três cabines de desinfecção na entrada
- Na área entre a biblioteca e o orquidário, havia mato alto
- Parquinhos não estavam interditados e havia crianças utilizando
- Quadras interditadas
Portinari
Av. Queiroz Filho, 1365 - Vila Hamburguesa
- Nos acessos pelo parque Villa Lobos e pela avenida Queiroz Filho, não havia medição de temperatura
- Banheiros estavam limpos, mas havia uma torneira quebrada
- Havia uma cabine de desinfecção no meio do parque, mas não estava funcionando.
- Quadras interditadas.
- Uma parte dos equipamentos de ginástica estava interditada. Outra estava com acesso livre e sendo utilizada
Água Branca
Avenida Francisco Matarazzo, 455. Barra Funda
- Totens de álcool gel na entrada e pelo parque
- Equipamentos de ginástica da área de idosos estavam sendo usados
- Bebedouros com aviso sugerindo o uso de garrafinha
REGIÃO CENTRAL
Jardim da Luz
Praça da Luz, s/n - Bom Retiro
- Em uma das entradas (rua Ribeiro de Lima), não foi feita medição de temperatura
- Um dos banheiros femininos estava fechado. O outro estava com água acumulada
- Totens de álcool gel em alguns pontos do parque
- Muitas pessoas e funcionários sem máscara
Buenos Aires
Av. Angélica, 1.500 - Higienópolis
- Medição de temperatura e totem de álcool gel na entrada
- Parquinho estava aberto, com muitas pessoas usando
- Banheiros limpos, mas suportes de papel e sabão improvisados
- Na área próxima os banheiros, havia bancos quebrados e amontoados.
Aclimação
R. Muniz de Souza, 1.119 Aclimação
- Medição de temperatura
- Equipamentos de ginástica sendo utilizados. Parquinhos interditados
- Banheiros limpos, com água, sabão e papel
- Grades da quadra estava enferrujada
- Bancos quebrados ou com a madeira degradada
- Bebedouros interditados
ZONA SUL
Ibirapuera
Av. Pedro Álvares Cabral, s/n - Vila Mariana
- Sem medição de temperatura na entrada, mas muitos totens de álcool gel espalhados pelo parque
- Bebedouros interditados
- Obras em vários pontos
- Brinquedos infantis estavam cercados, mas havia muitas pessoas usando
- Banheiros limpos, com sabão, água e papel
- Quadras de basquete e futsal estavam abertas, com pessoas jogando
Parque do Povo
Av. Henrique Chamma, 420 - Pinheiros
- Medição de temperatura e álcool gel na entrada
- Limpo e com gramado bem podado
- Parquinho sendo usado
- Banheiros limpos, com indicação de distanciamento, sabão, água, papel e álcool gel. Num deles, o sanitário de pessoas com deficiência estava interditado
- Bancos com mensagens indicando a necessidade de distanciamento
- Bebedouros interditados
ZONA LESTE
Parque Ecológico Do Tietê
Rua Guirá Acangatara, 70 Engenheiro Goulart
- Medição de temperatura e álcool gel na entrada
- Equipamentos de ginástica e brinquedos não estavam interditados e pessoas usavam
- Quadras estavam fechadas, mas sem sinal expresso de interdição
- Muitas pessoas (usuários e funcionários) sem máscara
- Muito lixo jogado, especialmente nas margens da trilha
Parque Lajeado
R. Antonio Thadeo, 712 - Guaianazes
- Não tem medição de temperatura, mas havia totem de álcool gel na entrada e pelo parque
- Parquinho está aberto e com muitas crianças usando
- Parte do pergolado estava quebrado
- Banheiro limpos, com dispensador de álcool gel, sabão, papel e água
- Bebedouros interditados
Parque Do Carmo
Av. Afonso de Sampaio e Sousa, 951 - Itaquera
- Medição de temperatura e funcionários na entrada e pelo parque aplicando álcool gel
- Equipamentos de ginástica e brinquedos sendo usados
- Muitas pessoas sem máscaras e não havia ronda de seguranças para cobrar o uso
- No parquinho, os balanços estavam enferrujados, e um deles estava quebrado
- Bebedouros interditados