A rede estadual de ensino de São Paulo terá duas provas para analisar o desempenho dos alunos, após mais de sete meses de aulas virtuais e com escolas fechadas por causa da pandemia do novo coronavírus. A primeira será on-line e a segunda, presencial.
A proposta é que a prova presencial seja realizada no dia 3 de dezembro. Nesta terça (3), os alunos do ensino médio foram autorizados a voltar às aulas na cidade de São Paulo, com um limite de cinco horas diárias na escola.
Segundo o secretário estadual de Educação, Rossieli Soares, a prova presencial depende da autorização dos municípios, mas a ideia da gestão João Doria (PSDB) é que todos os alunos realizem o diagnóstico de forma presencial nas escolas.
A avaliação será realizada para identificar o nível de aprendizado dos alunos e para observar qual foi o impacto do período de quarentena no ensino, já que as escolas ficaram fechadas por muitos meses e as aulas foram aplicadas por meio de plataformas virtuais. Os alunos de todas as idades irão participar.
O secretário afirmou que o calendário do ano letivo será seguido e que as férias escolares ocorrerão em janeiro. Entretanto, segundo ele, ocorrerão atividades extras durante o período para os alunos que quiserem.
Na escola
Conforme balanço divulgado na tarde desta segunda, 9.000 alunos de escolas estaduais na cidade de São Paulo foram para as aulas presenciais.
O secretário acredita que até a próxima semana, cerca de 1.300 colégios estaduais deverão ter retornado as atividades no ensino médio. O governo de São Paulo autorizou o retorno das atividades nas escolas, mas cada município tem autonomia para decidir.
"Não tivemos nenhum caso de covid-19 dentro das nossas escolas. Estamos fazendo o monitoramento", afirmou Rossieli.
De acordo com o secretário, 219 cidades já autorizaram o retorno dos estudantes para as atividades escolares. Desde 7 de outubro as escolas reabriram, no entanto, apenas para atividades extracurriculares. Na rede municipal, o retorno também foi autorizado parcialmente no mês passado.
Nesta terça, os alunos passaram a receber o conteúdo normal das disciplinas. O retorno às salas de aula, no entanto, segue facultativo. Quem preferir pode continuar tendo aulas on-line de casa.
Um adolescente de 16 anos, aluno da Escola Estadual Professor Milton da Silva Rodrigues, na Freguesia do Ó (zona norte), disse que resolveu voltar porque considera o reencontro com os amigos e professores importantes. Segundo o estudante, no ensino em casa ele acaba se distraindo, o que não ocorre com o educador na frente da classe.
Segundo o secretário, está em avaliação protocolos sanitários para retomar o fornecimento de merenda manipulada aos estudantes.
Ele disse ainda que pelo menos 45 mil jovens já decidiram fazer o quarto ano do ensino médio. A participação no novo ano letivo também é opcional. Ao todo, existem 1,3 milhão de alunos no ensino médio no estado de São Paulo. O quarto ano é uma tentativa do governo de minimizar problemas de aprendizagem que possam ter ocorrido por conta do período de quarentena
A diretora da escola estadual Professor Américo de Moura, Vanessa dos Santos Rodrigues, afirma que nas próximas semanas a prioridade será pelas atividades de português e matematica.
"Como nós trabalhamos o ensino integral, o acompanhamento já é individualizado. As salas estão preparadas para receber 13 alunos de cada vez. Aqui é integral, mas por enquanto uma parte da turma vem de manhã e a outra parte a tarde", conta a diretora da unidade localizada na Vila Prudente, zona leste da capital paulista.
Uma aluna de 17 anos, que estuda o segundo ano do ensino médio na escola, afirma que decidiu voltar para as aulas presenciais porque "estava me sentindo muito sozinha" e que não estava conseguindo acompanhar as aulas remotas
Outro adolescente que estuda no local, também de 17 anos, afirmou que sua motivação para o retorno foi pensar no vestibular, embora ainda esteja no segundo ano do ensino médio. Segundo ele, estudar por conta própria é difícil.
A reabertura deve respeitar limites máximos de alunos e seguir protocolos sanitários. Nas redes privadas e municipais, a educação infantil e os anos iniciais do ensino fundamental podem ter até 35% dos alunos por dia em atividades presenciais.
Para os anos finais dos ensinos fundamental e médio, o limite máximo é de 20%. Na rede estadual, só é permitido o atendimento de até 20% em todas as etapas.
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