PM ameaçou colega com arma por causa de atraso na volta do almoço, diz defesa
Soldado que encostou sua arma na cara de um cabo, no centro de São Paulo, passa por tratamento psicológico, segundo seu advogado
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Cerca de 25 minutos de atraso para o retorno do almoço motivaram o desentendimento que resultou em ameaças feitas por um soldado armado da Polícia Militar, contra um cabo, na tarde de sexta-feira (4), em frente a uma multidão no centro da capital paulista. A afirmação é do advogado de defesa Fabrício Bennaton, em entrevista exclusiva ao Agora nesta segunda-feira (7).
O defensor afirmou que o soldado, de 34 anos, passa por dificuldades pessoais e financeiras. O PM, segundo o advogado, está fazendo tratamento psicológico para lidar com estresse e problemas emocionais. O policial está preso, por tempo indeterminado.
Questionada, a Polícia Militar não explicou qual o motivo do desentendimento entre os dois PMs.
A condição emocional do PM, acrescentou o advogado, teria contribuído para que o soldado sacasse sua arma e ameaçasse o superior, quando foi repreendido ao retornar com atraso do almoço.
Ainda segundo o defensor, seu cliente perdeu o horário de retorno por ter atendido a uma senhora estrangeira, que supostamente havia passado mal, com dores no peito e de cabeça.
O atendimento à mulher, mencionado pelo advogado, não teria sido registrado pelo soldado, por causa da discussão ocorrida minutos depois.
"Foi advertido que ele e seu parceiro seriam comunicados ao seu comandante [sobre o atraso], momento em que ele discordou [soldado preso] da advertência em relação ao seu parceiro, assumindo inteira responsabilidade, mas foi ignorado, e, acabou se descontrolando emocionalmente, sacando sua arma e apontando [ela] ao seu colega de farda", afirmou o advogado Fabrício Bennaton em mensagem de texto.
As ameaças foram filmadas por celulares e compartilhadas nas redes sociais.
O defensor disse que seu cliente já teria feito entre três e quatro atendimentos psicológicos, antes da ocorrência de sexta. O advogado reforçou ainda que o soldado não tem antecedentes criminais.
"Depois que ele sacou a arma, disse que passou um filme na cabeça dele, pensou na família, no emprego, mas já tinha sacado a arma e não tinha o que fazer. Ele está arrependido", afirmou o advogado.
A defesa entrou nesta segunda-feira com um pedido de liberdade provisória ao soldado. A solicitação será analisada pela Justiça Militar.
"A família acompanha com tristeza a repercussão dos fatos e aguarda, com ansiedade, pela sua soltura", disse ainda o defensor.
O caso
O soldado ameaçou outro PM com uma arma por volta das 14h30 de sexta-feira (4), na esquina das ruas Santa Ifigênia e Timbiras, no centro de São Paulo. Vídeos gravados por celular mostram o desentendimento entre os dois PMs fardados diante da uma multidão.
A corporação afirmou que o PM agressor foi preso em flagrante pelo crime de ameaça e violência contra superior, que é cabo, qualificada pelo uso de arma de fogo. Ele foi encaminhado do presídio militar Romão Gomes, na zona norte da capital paulista (leia íntegra da nota abaixo). Já o cabo, segundo a corporação, foi retirado de serviço.
Segundo as imagens, o PM aponta a pistola calibre ponto 40 em direção à face do colega de farda, enquanto discute com ele. Não é possível ouvir o que ambos conversam.
Após alguns segundos, ainda de acordo com as imagens, o PM que é ameaçado tenta desarmar o outro policial, que consegue se esquivar, indo para o meio da rua Timbiras. Na sequência, o agente ameaçado sai de perto do agressor, que ainda fala com o outro PM, mantendo a arma de fogo em punho. Em seguida, o agressor caminha calmamente ao local onde a briga teve início.
Outras imagens mostram o policial agressor acompanhado por outros três PMs. Ao menos dois policiais militares acompanharam o início da confusão.
Leia nota da PM na íntegra
A Polícia Militar esclarece que classifica como gravíssima e repulsiva a ocorrência do início da tarde desta sexta-feira (4), na região de Santa Ifigênia, no centro da Capital, onde um policial ameaça outro com arma em punho, em via pública. A atitude viola frontalmente os valores fundamentais da Instituição, especialmente a disciplina, a hierarquia, o profissionalismo, a honra e a dignidade humana, exigindo assim punições severas, na medida de sua gravidade. Por se tratar de crime militar, todas as circunstâncias em que os fatos se deram estão sendo apuradas pela autoridade competente, em sede de polícia judiciária militar. O autor da ameaça foi preso em flagrante delito pelo crime de ameaça (artigo 223 do Código Penal Militar) e violência contra superior qualificada pelo uso de arma (artigo 157 do Código Penal Militar) e será conduzido ao Presídio Militar Romão Gomes