Um policial civil de 51 anos foi preso, por volta das 3h20 deste domingo (6), após manter a mulher e mais duas pessoas como reféns em seu apartamento, na região da Mooca (zona leste da capital paulista). As negociações para que ele se rendesse demoraram cerca de uma hora, segundo a Polícia Militar.
A PM foi acionada para ir até o imóvel, onde teve a entrada permitida pela portaria do prédio e por uma amiga da família do policial. Essa mulher teria informado aos militares que o policial civil estava armado, mantendo a esposa como refém, além de mais duas pessoas, em um quarto do apartamento, no segundo andar do edifício. O motivo para o cárcere privado é investigado pela Corregedoria da Polícia Civil.
Usando escudos, policiais militares entraram no apartamento, quando foram recebidos com ao menos cinco tiros, conforme relatado pelos PMs em depoimento. Os disparos, supostamente dados pelo suspeito, foram contidos por um escudo da PM. Um militar revidou atirando uma única vez, segundo registrado na delegacia. Ninguém se feriu.
Após os disparos, ao menos cinco PMs ficaram na cozinha do apartamento, de onde um tenente iniciou as negociações com o suspeito, que entrou em um quarto do imóvel, com três vítimas. A reportagem teve acesso a parte da negociação, que foi registrada em vídeo por um celular.
Segundo as imagens, o tenente da PM afirma ao policial civil que não irá matá-lo, pedindo para que o suspeito largue a arma. “Por que aponta a arma para mim? Não estou apontando [minha arma] para você. O escudo não mata, só [me] defende”, argumenta o PM. As respostas do suspeito são ininteligíveis.
O militar ainda pede para que o policial civil abaixe a arma. “Você está com a arma na mão, assim não dá para conversar. Primeiro você larga a arma e depois a gente espera, não tem problema”, diz o PM, sem sucesso. O vídeo é interrompido logo em seguida.
Cerca de 20 minutos se passaram, segundo registrado pela Polícia Civil, até que o suspeito libertou a esposa e as duas pessoas.
As negociações se estenderam por cerca de mais 40 minutos, segundo a PM, até que um delegado que trabalha com o policial civil chegou ao local e ele se rendeu. O agente foi primeiramente encaminhado ao 56º DP (Vila Alpina). Após isso, acabou levado à Corregedoria da instituição.
O Gate (Grupo de Ações Táticas Especiais), da PM, foi acionado ao local. Porém, quando negociadores chegaram, o suspeito já havia se entregado.
O policial foi indiciado em flagrante por tentativa de homicídio qualificado, violência doméstica e injúria.
A arma dele, marca Taurus modelo 24/7, foi apreendida, da mesma forma que a arma usada pelo PM. Foram encontradas cinco cápsulas de munição no quarto de onde o suspeito atirou contra os PMs.
Além disso, também foram apreendidas 46 munições no apartamento do policial preso.
O caso ocorreu quase dois dias após um soldado da PM ameçar, com um arma, um superior hierárquico em frente a uma multidão, no centro da capital paulista.
A SSP (Secretaria da Segurança Pública), gestão João Doria (PSDB), afirmou que o caso foi registrado pela Corregedoria da Polícia Civil como tentativa de homicídio, injúria e violência doméstica.
Após isso, o agente foi levado ao presídio especial da Polícia Civil, onde está à disposição da Justiça. "O órgão corregedor da instituição instaurou processo administrativo disciplinar para apurar a conduta do agente", diz trecho de nota.
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