Polícia prende em SP 14 suspeitos de tirar grana de idosos com o 'golpe do motoboy'
Quadrilha mantinha centrais clandestinas de telemarketing de onde entrava em contato com as vítimas
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A Polícia Civil prendeu na manhã desta terça-feira (8) 14 pessoas suspeitas de integrar uma quadrilha especializada em tirar dinheiro, principalmente de idosos, no chamado “golpe do motoboy”. Em quatro meses o bando teria movimentado ao menos R$ 500 mil das vítimas, em 69 centrais de telemarketing clandestinas, operadas na capital paulista. A defesa dos presos não havia sido localizada até a publicação desta reportagem.
A delegada Ivalda Aleixo, divisionária da Delegacia de Capturas do Dope (Departamento de Operações Policiais Estratégicas), afirmou que o bando passou a ser investigado há cerca de quatro meses, após a Polícia Civil de Santa Maria (RS) pedir apoio à especializada paulista.
As investigações indicaram que o bando mantinha centrais clandestinas de telemarketing nas zonas norte e leste da capital paulista, de onde aplicava golpes em São Paulo e Rio Grande do Sul. Mais de 90% das vítimas, afirmou a delegada, têm idades superiores aos 70 anos. As vítimas são pouco mais de 100, segundo a policial.
Destas centrais, ainda segundo a delegada, criminosos ligavam para idosos afirmando que os cartões das vítimas haviam sido clonados.
“Um atendente [criminoso] informava sobre a falsa clonagem do cartão e pedia para a vítima ligar ao SAC [Serviço de Atendimento ao Consumidor] do banco. Após isso, porém, a ligação não era encerrada [pela quadrilha], que esperava a vítima telefonar para o banco”, explicou Ivalda.
Sem saber que a ligação não estava encerrada, a vítima era enganada, ainda conforme explicou a policial, ao ouvir uma gravação que simulava os toques de chamada telefônica ao SAC do banco, além de sons ao fundo, como os de uma central de telemarketing.
Neste momento, acrescentou a delegada, um falso atendente confirmava o cancelamento do cartão da vítima, que era orientada em seguida pelos criminosos sobre como destruir o cartão “clonado” e o remeter à agência.
“Os suspeitos pediam para a vítima cortar o cartão falsamente clonado, mas no meio, para não destruir o chip, e o entregar a um motoboy, com a promessa de que o cartão cortado seria levado para uma agência do banco”, explicou a delegada sobre como a quadrilha tinha acesso às contas bancárias das vítimas.
O uso do motoboy, ainda segundo a policial, era justificado por causa da pandemia da Covid-19, para que os idosos evitassem sair de casa.
O esquema
O Dope apurou que, para movimentar a conta dos idosos, a quadrilha contava com dados sigilosos, supostamente passados por funcionários de instituições bancárias, que também são investigados pela especializada.
Com o chip das vítimas em mãos, além de seus dados e senhas, os criminosos faziam transferências bancárias e compras. Para isso, usavam máquinas de crédito e débito, registradas em nome de laranjas.
Entre os casos investigados pela polícia, ocorreram prejuízos pessoais entre R$ 3.000 e R$ 80 mil.
Com base nesta investigação, o Dope cumpriu 30 mandados de prisão e 39 de busca e apreensão, em 69 locais na capital paulista.
Entre eles, um na Brasilândia (zona norte) se destacou pela organização. “Os suspeitos trabalhavam em horário comercial e ficavam em baias [como em uma empresa de telemarketing]. Apreendemos anotações que vão ajudar a entender a dimensão do golpe”, disse a delegada do Dope.
O esquema contava, de acordo com a polícia, com a participação de motoboys, atendentes e pessoas responsáveis por obter os dados e, também, em movimentar rapidamente o dinheiro das vítimas.
Além das anotações, a polícia também apreendeu 30 máquinas de transferência bancária, 100 chips de diversas operadoras de cartão, além de R$ 12 mil.
As investigações continuam e já identificaram centrais clandestinas fora de São Paulo.