Descrição de chapéu Zona Sul

Motorista é confundido com pedófilo em assalto e morto na zona sul de SP

Suspeitos do crime, que estão presos, teriam pedido autorização a facção criminosa para torturar e matar a vítima, segundo a polícia

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São Paulo

Cinco pessoas foram presas neste domingo (3), em Parelheiros (zona sul da capital paulista), suspeitas de envolvimento no roubo seguido de tortura e morte do motorista de aplicativo Roger Fereira Silva, 35 anos, vítima de um assalto na região. O celular e dois cartões bancários dele foram levados pelos bandidos e recuperados pela polícia.

Segundo a polícia, o motorista teria sido confundido com um pedófilo pelos ladrões, por isso acabou torturado e morto após o roubo.

De acordo com a Polícia Civil, na noite do dia 30, o motorista atendeu a um chamado feito por um azulejista, acompanhado de outro homem, ambos de 25 anos, além de uma atendente de telemarketing, 19. O local exato não foi informado pela polícia.

Após isso, conforme registrado pela 6ª Delegacia Seccional, os dois homens e a mulher embarcaram no GM Corsa dirigido pela vítima e anunciaram o assalto. O trio é suspeito de matar Silva, com requintes de crueldade, após o roubo. A defesa dos três não havia sido localizada até a publicação desta reportagem.

A vítima enviou dois áudios a parentes, entre o fim da noite do dia 30 e no início da madrugada do dia seguinte. Em cada um deles, pediu R$ 300. A Polícia Civil afirma que as mensagens foram enviadas já durante o assalto. A família não teve notícias do motorista desde então.

O carro foi encontrado carbonizado, três dias depois, na região de Parelheiros.

Após o desaparecimento do motorista, parentes perceberam movimentações no email de Silva e acionaram a polícia, que rastreou e encontrou o celular dele com uma menina de 12 anos, no domingo (3), na estrada dos Limas, na zona sul.

Ao ser abordada, a criança afirmou à PM ter ganhado o celular de presente de um conhecido da família, um metalúrgico de 53 anos que, de acordo com a polícia, afirmou ter comprado o aparelho, por R$ 200, de um servente de pedreiro de 25 anos.

Os dois adultos foram levados à delegacia e presos em flagrante por receptação de produto de origem criminosa. A polícia investiga o suposto envolvimento deles nos outros crimes. A defesa de ambos também não foi encontrada pelo Agora.

Um dos suspeitos de torturar de matar um motorista de aplicativo mostra à polícia local onde corpo foi enterrado, neste domingo (3), na zona sul da capital paulista - Reprodução/Polícia Civil

Após ser abordado, o servente de pedreiro disse aos PMS o local onde estariam os dois homens de 25 anos e a jovem de 19 que teriam matado a vítima. O trio foi preso.

Em depoimento na 6ª Delegacia Seccional, a atendente de telemarketing teria admitido o roubo, indicando os dois homens como suspeitos de torturar e assassinar a vítima, além de informar o local onde o motorista havia sido enterrado.

Em uma área de mata fechada, perto da estrada dos Limas, ainda na zona sul, o corpo de Silva foi encontrado em uma cova rasa, com as mãos amarradas para trás e sem os dedos das mãos.

Após o encontro do corpo de Silva, os dois homens teriam confessado à Polícia Civil ter matado o motorista com um corte no pescoço, além de arrancar os dedos de suas mãos, pois acreditavam que ele era pedófilo. Os dois suspeitos justificaram a desconfiança ao constatar fotos de meninos no celular do motorista.

O celular da vítima, porém, não tinha qualquer material ilegal, segundo a polícia. Eram apenas fotos de seus cinco filhos.

A arma usada para matar o motorista não havia sido localizada até a publicação desta reportagem.

"Os indiciados informaram que pediram autorização para executar a vítima ao Primeiro Comando da Capital, que determinou por meio de sua 'hierarquia' que a vítima fosse torturada antes de morrer, bem como prova da execução da vítima enviaram [dupla presa] os dedos aos membros da 'disciplina" da organização criminosa", diz trecho de documento policial.

O corpo do motorista foi enterrado com a ajuda de uma enxada, apreendida na casa do trio, juntamente com munições de fuzil e carregadores deste mesmo tipo de arma.

Os dois homens e a mulher foram indiciados por associação criminosa, porte ilegal de arma, homicídio quadruplamente qualificado (motivos fútil, torpe, à traição, além de ocultação de cadáver), além de tortura, resistência e roubo.

A prisão em flagrante deles foi convertida para preventiva (por tempo indeterminado) pela Justiça nesta segunda-feira (4), segundo o Tribunal de Justiça de São Paulo.

Os homens que comercializaram o celular da vítima foram indiciados por receptação.

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