"O Silêncio dos Inocentes", grande vencedor do Oscar, faz 30 anos
Longa levou as cinco estatuetas mais nobres: filme, diretor, atriz, ator e roteiro adaptado
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No dia 14 de fevereiro de 1991, o filme “O Silêncio dos Inocentes”, do diretor Jonathan Demme, chegava às telas dos Estados Unidos. Era Valentine’s Day, o dia dos namorados norte-americano. Aparentemente, uma data nada propícia para a estreia de um thriller com um serial killer canibal.
Mas isso não atrapalhou a trajetória do longa. Um ano depois, entrou para o restrito clube dos filmes que receberam os cinco Oscar mais nobres da Academia: melhor filme, melhor diretor, melhor ator (para Anthony Hopkins), melhor atriz (para Jodie Foster) e melhor roteiro adaptado. Apenas “Aconteceu Naquela Noite” (1934), de Frank Capra, e “O Estranho no Ninho” (1975), de Milos Forman, haviam conseguido tal feito. Depois, mais nenhum outro.
A história de Clarice Starling (Jodie Foster), agente em treinamento no FBI que pede ajuda de um serial killer canibal, o doutor Hannibal Lecter (Anthony Hopkins), para prender outro criminoso em série, entrou para a cultura popular. Do filme surgiram continuações e séries sobre os passados dos dois personagens.
O serial killer que Clarice busca é Buffalo Bill, criminoso que mata mulheres e tira a pele delas. Para ajudar a agente, Hannibal propõe uma troca: Clarice fala sobre sua vida pessoal e ele colabora para traçar o perfil do criminoso. É quase uma permissão para entrar na mente da agente.
“Lecter precisa, quer ser visto como humano. Acho que há algo muito bonito na forma como eles se relacionam com a humanidade um do outro. Se Lecter absorve a dor de Clarice ou ouve o relato dela sobre os cordeiros, não é porque é uma história de sangue. É uma pequena história de dor. E, para ele, essa é a conexão”, afirmou Jodie Foster em entrevista à Vanity Fair, para falar dos 30 anos do filme.
A atriz credita o sucesso do longa, para além de uma carreira básica de um thriller como “O Silêncio”, ao fato de Demme tê-lo filmado sob o ponto de vista de Clarice. A obra, diz, é sobre uma heroína. “O mito do herói sempre foi reservado para os homens. Mas agora havia essa personagem feminina para assumir a jornada mitológica”, afirma.
Passados tantos anos, também é hora de reavaliar um aspecto criticado, a forma como Buffalo Bill é representado. O personagem pensa ser transexual, o que não é. Mas a comunidade LBGT sempre apontou o risco de se sugerir conexão entre o crime e os transexuais. “Sinto que Demme (morto em 2017) ficou de coração partido por não ter deixado isso claro. Ele entendeu a controvérsia e viu que não fez um trabalho tão bom ao não deixar as ideias claras”, diz a atriz.
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CONFIRA DEZ CURIOSIDADES SOBRE O FILME
1- No primeiro encontro de Clarice e Hannibal, o doutor zomba do sotaque sulista da policial. A fala foi improvisada por Hopkins, conseguindo de Jodie uma reação espontânea. A atriz disse que se sentiu pessoalmente atacada, mas agradeceu ao ator pelo resultado final da cena
2- Hopkins convenceu o diretor Demme a mudar a cor do uniforme de Hannibal quando ele é transferido de prisão. A produção havia previsto uma roupa laranja ou vermelha, igual à dos prisioneiros, mas o ator sugeriu um uniforme branco
3- Hopkins aparece exatos 24 minutos e 52 segundos na tela. Sua performance foi a segunda mais curta a receber o Oscar de melhor ator. O posto de mais breve fica com David Niven, em “Vidas Separadas” (1962), com 23 muitos e 39 segundos
4- Jodie Foster passou um tempo com uma agente do FBI. A policial deu à atriz a dica da cena em que Clarice aparece chorando ao lado de um carro. A agente disse a Jodie que esta era sua forma de extravasar diante da pressão do trabalho
5- Além de estudar serial killers, Hopkins buscou em um amigo que raramente piscava ao falar a inspiração para criar Hannibal
6- Ao saber que tinha sido escolhido para interpretar Hannibal por causa de sua atuação como doutor Frederick Treves em “O Homem Elefante” (1980), Hopkins disse a Demme: “Mas Treves era um bom homem”. Demme respondeu: “Lecter também, mas está preso em uma mente insana”
7- Demme queria que o público acompanhasse a história sob o ponto de vista de Clarice. Para isso, filmou os atores olhando para a câmera quando os personagens conversam com ela e, quando a agente fala, Jodie Foster desviava o olhar da câmera
8- “O Silêncio dos Inocentes” seria a estreia do ator Gene Hackman na direção, mas o astro acabou recusando o projeto por causa do teor do roteiro. Demme assumiu o filme
9- Ao ficar à frente do projeto, Demme pensou em Michelle Pfeiffer, com quem havia trabalhado em “De Caso com a Máfia”, para interpretar Clarice. Mas a atriz recusou o papel. O diretor cogitou Meg Ryan, mas voltou a Jodie Foster, escalada inicialmente para o longa
10- Em suas famosas listas, o American Film Institute escolheu Hannibal como o maior vilão da sétima arte. Clarice Starling está em sexto na relação dos heróis cinematográficos, sendo a primeira mulher citada
Fontes: IMDB, Vanity Fair e American Film Institute
OUTROS FILMES DE JONATHAN DEMME
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FILADÉLFIA (1993)
Após o sucesso de “O Silêncio dos Inocentes”, Demme dirigiu este drama sobre o advogado gay Andrew Beckett (Tom Hanks), sócio de um grande escritório de advocacia, que tenta provar ter sido demitido por ser HIV positivo. Para defendê-lo, contrata Joe Miller (Denzel Washington), um advogado homofóbico. O filme deu a Hanks, até então mais conhecido por comédias, seu primeiro Oscar. E também levou a estatueta de melhor canção, por “Streets of Philadelphia”, de Bruce Springsteen.
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SOB O DOMÍNIO DO MAL (2004)
Para quem gosta de tramas de conspiração e poder, este longa é um prato cheio. Demme refilmou “Sob o Domínio do Mal”, de 1962, estrelado por Frank Sinatra, e teve entre os produtores uma das filhas do cantor e ator, Tina Sinatra. Se na primeira versão trazia uma conspiração comunista internacional, na de 2004 uma grande corporação, que possui contratos com o Pentágono, está por trás do conluio. Ele inclui soldados que lutam na Guerra do Iraque, nos anos 1990, e são submetidos a uma lavagem cerebral. Anos depois, um deles é candidato a vice-presidente dos EUA. No longa, Denzel Washington volta a trabalhar com Demme. O elenco tem ainda Meryl Streep.
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O CASAMENTO DE RACHEL (2008)
Este filme está entre os melhores trabalhos de Demme. Na trama, Anne Hathaway é Kym, jovem que deixa a reabilitação por alguns dias para ir ao casamento de sua irmã mais velha, Rachel. Sua chegada faz florescer conflitos, traumas e a lembrança de uma tragédia na família. O elenco tem ainda Debra Winger, atriz conhecida nos anos 1980 por filmes como “Laços de Ternura”. Aqui ela é Abby, mãe pouco presente de Kym e Rachel. E Demme ainda deu uma pitada brasileira no longa, com uma bateria e passistas na festa do casamento.
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