Voltaire de Souza: Noite iluminada
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Eficiência. Energia. Organização.
Na crise da Covid, a cidade inova.
Enterros noturnos. Com iluminação especial.
As autoridades explicam.
—Os cemitérios não dão conta do movimento.
O sr. Avelar dava um sorriso triste.
—Por essas e por outras é que eu prefiro cremação.
A tosse dele não passava.
—E eu perdi o paladar.
A mulher dele se chamava Danila.
—É psicológico, Avelar.
Ela não acreditava na Covid.
—Foi toda aquela pimenta que você pôs na feijoada.
Uma grande reunião na casa de praia em Itanhaém.
Avelar tinha feito a exceção.
—Bodas de ouro não é todo dia, pô.
Agora, chegava o medo.
—Então, Danila. Quero ser cremado.
—Para com essa mania, amor.
Era amargo o sorriso do aposentado.
—Depois da feijoada, o churrasco.
Danila administrou ao marido mais uma dose de cloroquina.
No silêncio da suíte, ela teve um sonho.
O major Olímpio aparecia com uma lanterna poderosa.
—Quem me seguir não vai ficar perdido.
A vizinhança notou a paz no casarão.
—Ué… eles nunca foram de ficar em quarentena.
O duplo enterro seguiu procedimentos normais.
Luzes se acendem.
Mas os olhos, muitas vezes, se fecham.