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SP muda atendimento na saúde após estudo apontar 64% de contaminados com variante de Manaus

Orientação é procurar unidade de saúde assim que começar a sentir os primeiros os sintomas da Covid-19

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São Paulo

A Prefeitura de São Paulo, gestão Bruno Covas (PSDB), decidiu mudar o protocolo de atendimento na rede municipal de saúde depois que um estudo confirmou que 64,4% dos casos analisados de Covid-19 na capital são da variante de Manaus. Agora, a orientação é que a pessoa procure uma UBS (Unidade Básica de Saúde) assim que começarem os primeiros sintomas.

Segundo o estudo, foram analisadas 73 amostras de casos de Covid-19 confirmados na cidade de São Paulo e 52 delas foram consideradas variantes de preocupação, já que 47 delas (64,4% do total) são da chamada P1, a que foi identificada em Manaus, e as demais, do Reino Unido.

Segundo os dados apresentados nesta sexta-feira (26) pela Prefeitura de São Paulo , as variantes são encontradas em toda a capital.

Movimentação na UBS Alto de Pinheiros, na zona oeste de São Paulo, em dia de vacinação contra a Covid-10 - Zanone Fraissat - 08.mar.2021/Folhapress

O estudo realizado pelo Instituto de Medicina Topical da USP (Universidade de São Paulo) indicou ainda que a menor parte, 28,8% são de outras variantes. Estudos indicam que existem ao menos 6 mil variantes de coronavírus.

Segundo o estudo, a maior parte desses 47 registros positivos da variante P1 estão na zona norte, que concentra 10 casos. As zonas leste e sudeste, tem nove registros cada uma, seguida pela oeste (oito), centro (sete), e sul, com quatro confirmações da variante de Manaus.

Os dados indicam ainda que a cidade de São Paulo registrou recorde de casos de síndrome respiratória aguda grave na 9ª semana epidemiológica de 2021 encerrada na última terça-feira (23). Foram registrados 5.217 registros, acima dos 5.211 anotados na 20ª semana epidemiológica de 2020, até então o recorde, registrado apenas na segunda semana de maio do ano passado.

Aparecido creditou o crescente número de casos à circulação das variantes. Dois estudos divulgados no início deste mês indicam que a variante britânica é de 43% a 90% mais transmissível do que as demais linhagens. As estatísticas foram obtidas a partir de análises de pesquisadoes da Inglaterra, Escócia, Bélgica e Estados Unidos.

Essa situação levou a prefeitura a mudar o protocolo para atendimento de Covid-19 na cidade de São Paulo. Agora, o pedido é que as pessoas procurem o mais cedo possível as UBSs (Unidades Básicas de Súde) para que possam ser avaliadas.

“Eu apelo para toda a população que, aos primeiros sintomas, principalmente os pacientes jovens, para que eles valorizem esses primeiros sintomas e procurem as unidades básicas de saúde para o monitoramento”, afirmou a médica Sandra Maria Fonseca Sabino, secretária-executiva de atenção básica, especialidades e vigilância da Secretaria Municipal de Saúde.

Busca tardia

Atualmente as pessoas demoram seis dias para procurar assistência nessas unidades. Os dados indicam que 30% dos casos suspeitos dão entrada na rede municipal de saúde já entre o 5º e 6º dia de sintoma da doença e vão direto para serviços de urgência e emergência.

Entre aqueles que estão hospitalizados, o tempo médio de internação é de 9,3 dias. No recorte feito apenas com aqueles que estão em UTIs (unidades de terapia intensiva), essa média cai para 8,8 dias.

Segundo o secretário municipal de Saúde, Edson Aparecido, essa demora para procurar o atendimento leva ao óbito 35% das pessoas que apresentaram a variante.

Outro fator que preocupa a prefeitura é a idade média das pessoas que estão sendo infectadas na cidade de São Paulo, que vai de 20 anos a 54 anos.

“É uma característica acentuada dessas novas variantes. São esses os pacientes que em número cada vez mais acentuado procuram o sistema de saúde e quase sempre já em estágio avançado”, afirmou o secretário. ​

Ao comentar o estudo, Selma Anequini Costa, diretora da divisão de vigilância epidemiológica da Prefeitura de São Paulo, afirmou que as três principais orientações continuam as mesmas: distanciamento social, uso correto de máscara e a higiene das mãos.

“Independentemente do que está circulando, a forma de transmissão é a mesma. A gente precisa tomar muito mais cuidado agora e não sabemos quantas outras [variantes] poderão vir, se a gente não interromper essa transmissão e não cuidar. Está nas mãos da população nos ajudar também para que a gente consiga diminuir esse número de casos”, afirmou.

Protocolos

Os novos protocolos incluem intensificar a chamada busca ativa dos casos, ações educativas inclusive no trânsito para que as pessoas busquem a unidade de saúde mais próxima assim que começar a apresentar os sintomas e manter o monitoramento diário de quem apresenta problemas respiratórios mesmo que não apresente todos os sintomas da doença.

Segundo explicou a médica Sandra Maria Fonseca Sabino, secretária-executiva de atenção básica, especialidades e vigilância da Secretaria Municipal de Saúde, já no terceiro dia dos sintomas a unidade de saúde requisitará exames de laboratório (ferratina, hemograma, triglicérides, proteína C reativa), além do exame de Covid-19 que deve ser realizado entre o terceiro até no máximo o sétimo dia de sintomas.

Mesmo se os exames estejam dentro dos parâmetros adequados e a saturação esteja superior a 94%, a pessoa será orientada a retornar na unidade de saúde no sexto dia – ou antes, se houver piora – para repetir os exames. Se a saturação for inferior a 94% mas a pessoa estiver se sentindo bem e sem sintomas graves, receberá um oximetro para realizar a aferição em casa. Mesmo assim ele será monitorado por equipes das unidades de saúde até o 14º dia.

Caso a pessoa não vá até o serviço de saúde, a recomendação é ir até a casa do paciente e analisar o que está ocorrendo. Se a pessoa apresentar piora no quadro de saúde ou tiver comorbidades, o paciente deve ser encaminhada para uma unidade da rede de urgência e emergência.

Se o paciente comparecer e, mesmo se os exames não apontarem nenhuma alteração, a recomendação é não prescrever nenhum tipo de corticoide antes do sétimo dia dos sintomas. Antibióticos devem ser administrados apenas em caso de pneumonia bacteriana.

O protocolo também prevê que o profissional da unidade de saúde deve monitorar todos pacientes por telefone até o 14º dia e preencher uma planilha com esses dados. Só depois disso, e se não houver alteração alguma, é que o paciente poderá receber alta médica.

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