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Voltaire de Souza

Medo. Insegurança. Hospitais.
O dr. Marco Aurélio trabalhava no SUS.
—Antes, eu tinha medo de pegar Covid…
O medo, agora, é outro.
—Quadrilhas. Roubando vacinas para uso particular.
A enfermeira Jucele tinha um irmão miliciano.
—Ele se dispôs a fazer a segurança aqui do local....
O nome do rapaz era Bertran.
—A gente pode até vacinar você... de cortesia.
—Imagine. Acreditar nessa porcaria.
O rapaz seguia a linha do presidente Bolsonaro.
—Covid é coisa de maricas.
—Mesmo assim, aceitamos a sua colaboração…
—O que o vírus não mata, mato eu mesmo. Com muito prazer.
Na entrada do posto, ele examinava os documentos.
—Opa. Opa. Furou a fila, tem porrada.
A quadrilha do Valmir chegou no final do expediente.
—Bertran. A gente se conhece. Facilita para nós.
O miliciano agiu rápido.
—Aqui. Trezentas doses. Geladinhas.
Para o dr. Marco Aurélio, ele explica.
—Não era vacina. Era veneno de rato.
—Você trocou no depósito?
—A Jucele me ajudou.
Ele jura que as outras vacinas estão intactas.
—Qualquer coisa, reclamem comigo.
É preciso confiar na ciência.
Mas do poder de uma pistola, ninguém duvida.

Medo. Insegurança. Hospitais. - Pexels

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