Descrição de chapéu Coronavírus

Hospitais municipais de SP têm maior ocupação de UTI desde julho

Situação dos leitos de terapia intensiva mantidos pela prefeitura é semelhante à registrada no pico da primeira onda da Covid-19

São Paulo

Os hospitais municipais da capital paulista registraram nesta semana o maior número de pacientes com Covid-19 internados em leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) desde julho do ano passado, quando a cidade ainda passava pelo pico da primeira onda da doença.

Na última terça-feira (23), 604 pessoas ocupavam leitos de terapia intensiva mantidos pelo município, mesmo número registrado em 23 de julho. Desde então, a quantidade não havia voltado a bater na casa de 600. Apesar de o número ser o mesmo, as taxas de ocupações, que são as proporções entre internados e vagas disponíveis, são diferentes.

Fachada do Hospital Municipal de Brasilândia, na zona norte de São Paulo; unidade teve aumento de 18,75% na ocupação da UTI em uma semana - Rivaldo Gomes/Folhapress

No dia 23 de julho, a taxa era de 58%. Já nesta terça, o índice era de 69%. Isso quer dizer que, na primeira medição, a cidade possuía mais leitos municipais disponíveis à população. Na época, o hospital de campanha do Anhembi ainda estava em funcionamento, com capacidade para atender até 870 pessoas —a gestão Bruno Covas (PSDB) ainda manteve um hospital de campanha no Pacaembu (zona oeste) no auge da pandemia em 2020.

Ainda na última terça, a soma de internados em UTI nos hospitais municipais e nas unidades privadas contratadas pela prefeitura era de 691 pessoas. Esse número é o mais alto desde o dia 3 de agosto.

Os dados dos boletins diários da Secretaria Municipal da Saúde mostram que, entre outubro e fevereiro, o total de leitos de UTI ocupados com pacientes de Covid quase dobrou, passando de 356 para 691. Na comparação com 23 de novembro, o aumento foi de 41%.

Da última semana para cá, o total de vagas preenchidas em terapia intensiva continua aumentando. No Hospital Municipal da Brasilândia (zona norte), houve uma elevação de 18,75% entre os dias 17 e 24, passando de 144 para 171 internações. No Hospital Municipal Guarapiranga (zona sul), a alta foi de 16,87%: de 83 para 97. Os dados são da plataforma SP Info Tracker.

Na opinião do epidemiologista André Ribas, professor da faculdade São Leopoldo Mandic, a alta no número de hospitalizações pode ter influência da maior incidência da nova cepa do coronavírus, identificada inicialmente em Manaus (AM). "Já é sabido que algumas mutações dessa linhagem favorecem a transmissão. Essa mutação favorece a adesão ao receptor e é a mesma que foi identificada nas linhagens que circulam na Inglaterra e na África do Sul."

O especialista diz, entretanto, que ainda não há estudos que comprovem que essa nova cepa provoque quadros mais graves da Covid-19.

Sobre as medidas que vêm sendo adotadas pelo governo do estado e por prefeituras da Grande São Paulo e do interior para aumentar a restrição na circulação de pessoas, Ribas diz que as ações são "necessárias, mas insuficientes".

Ele afirma que é necessário fazer um monitoramento, não somente de quem testou positivo para a Covid-19, mas também das pessoas que tiveram contato com esses pacientes.

"Quando o paciente se apresenta no serviço de saúde, cerca de 75% da sua capacidade de espalhar doença já foi, porque ele começou a transmitir antes mesmo de começar os sintomas. Não adianta isolar só o paciente, tem que isolar todo mundo que teve contato com ele. Isso tem sido feito em todos os países que tiveram sucesso [no controle da pandemia]", acrescenta.

Ribas sustenta que é necessário aumentar a velocidade de vacinação da população, bem como ampliar a oferta de imunizantes de diferentes laboratórios. "Nenhum produtor sozinho vai dar conta da demanda", diz.

Resposta

Para dar conta da demanda de pacientes com Covid-19, a Prefeitura de São Paulo, gestão Bruno Covas (PSDB), afirma que, durante a pandemia, entregou oito novos hospitais: Brasilândia, Bela Vista, Parelheiros, Guarapiranga, Capela do Socorro, Santo Amaro, Sorocabana e Brigadeiro.

Além disso, a administração municipal cita a construção do anexo do Hospital Municipal do M' Boi Mirim e dos hospitais de campanha do Pacaembu e do Anhembi, que funcionaram durante a primeira onda da doença e foram desativados em junho e em setembro do ano passado, respectivamente.

A secretaria diz ainda que, desde o início da pandemia, "fortaleceu todos os seus equipamentos e ações com foco na prevenção, diagnóstico, atendimento, garantia de leitos e internações em função da Covid-19 em todos os 96 distritos administrativos da cidade, focando com especial atenção as áreas mais vulneráveis".

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