Com a aceleração nos casos de Covid-19 a partir de novembro, a capital e a Grande São Paulo voltaram a ter hospitais com 100% de ocupação, seja em leitos de enfermaria ou de UTI (Unidade de Terapia Intensiva).
Na capital, duas unidades municipais atingiram 100% de utilização das vagas para terapia intensiva nesta semana: a Santa Casa de Santo Amaro e o Hospital Municipal Vila Santa Catarina, ambos na zona sul. O hospital da Brasilândia, na zona norte, chegou a 70% de ocupação. A unidade é utilizada somente para o atendimento de pacientes com Covid-19.
Na rede municipal, o índice de ocupação de UTI era de 59% na quarta-feira (6) em hospitais da prefeitura e de 88% nas unidades privadas contratadas.
Para se ter ideia, na primeira semana de julho, quando os três hospitais de campanha instalados na cidade ainda estavam em operação, os percentuais eram mais baixos do que os atuais: 52% e 68%, respectivamente. O pico na capital foi em 13 de maio, quando apenas uma em cada dez vagas de UTI estava disponível.
A reportagem pediu à Secretaria Municipal de Saúde a lista detalhada com as taxas de ocupação em cada um dos hospitais da prefeitura, mas não obteve retorno.
Na rede estadual, 65,3% dos leitos de UTI da Grande São Paulo estavam em utilização na terça-feira. As taxas para a região metropolitana estão acima de 60% desde o dia 2 de dezembro. No estado, o índice chegou a 62,3%.
Em Guarulhos, duas unidades atingiram 100% de ocupação de UTI nesta semana: o Complexo Hospitalar Padre Bento e Hospital Geral. O Hospital Municipal de Urgências chegou a 100% de utilização dos leitos de enfermaria.
Em São Bernardo do Campo (ABC), os dois locais reservados exclusivamente para atendimento de pessoas com o novo coronavírus também têm números elevados: 94,7% no Hospital Anchieta e 82,5% no Hospital de Urgência.
Diadema e São Caetano do Sul, também no ABC, apresentam taxas mais baixas na UTI: 40% e 44%, segundo as prefeituras. Em Osasco, o índice chegou a 56,1%.
Na opinião do infectologista Marcelo Otsuka, consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia, os números devem piorar ainda mais nos próximos dias, pois irão refletir as contaminações ocorridas nas festas de fim de ano. Essa piora, avalia o especialista, pode causar um colapso na saúde pública.
Sobre a possibilidade da adoção de novas regras restritivas à circulação, Otsuka entende que esse tipo de medida só tem eficácia se houver conscientização por parte da população. "Não adianta nada se o povo continuar entendendo que não existe risco e continuar a disseminação da doença", diz.
Duas cidades mantêm hospitais de campanha
Na Grande São Paulo, dois municípios continuam com seus hospitais de campanha ativados para o tratamento de pessoas com Covid-19. Em Santo André, a prefeitura, gestão Paulo Serra (PSDB), mantém duas dessas estruturas emergenciais, sendo uma no campus da UFABC (Universidade Federal do ABC) e outra no ginásio Pedro Dell'Antônia. As taxas gerais de ocupação nas unidades na última terça-feira (5) eram de 26% e 64%, respectivamente.
Em Osasco, a gestão do prefeito Rogério Lins (Podemos) reabriu no início de dezembro o hospital de campanha da cidade, que tem 70 leitos (a taxa de ocupação não foi informada). A administração municipal diz que, se for necessário, poderá ampliar a estrutura para 300 vagas.
Já em Guarulhos, a prefeitura, gestão Gustavo Henric Costa (PSD) diz estar em tratativas com um hospital privado da cidade para a contratação de leitos de enfermaria e de UTI. Não foi informado o número de vagas que serão alugadas.
Funcionários esperam movimento ainda maior em unidade
A tranquilidade do lado de fora da Santa Casa de Santo Amaro e do Hospital Municipal da Vila Santa Catarina, ambos na zona sul da capital, destoa da situação dos locais, que estão sem vagas para pacientes com o novo coronavírus. Na primeira unidade de saúde, o acesso é restrito a funcionários e pacientes com hora marcada, além de eventuais emergências.
Segundo uma atendente, todos os leitos para Covid-19 estão ocupados. “Nossa lotação está acima de 100% e, para semana que vem, esperamos que aumente ainda mais [os casos de contaminação pelo novo coronavírus], por causa das aglomerações que vimos no fim do ano”, explicou a funcionária.
Por volta das 11h30 desta quarta-feira (6), a reportagem viu somente funcionários entrando e saindo do local. A movimentação, ao menos na parte externa, estava tranquila.
No Hospital Municipal da Vila Santa Catarina, a situação do lado de fora também era sossegada no início da tarde.
Entretanto, um vendedor ambulante que pediu para não ser identificado afirmou que, na manhã de terça (5), havia uma fila com oito ambulâncias esperando para entrar na unidade.
O acesso ao hospital é permitido a qualquer pessoa, desde que use máscara e respeite os protocolos sanitários.
Resposta
A Prefeitura de São Paulo, gestão Bruno Covas (PSDB), afirmou que irá aumentar a oferta de vagas para Covid-19 na cidade. A administração municipal diz que o Hospital Brigadeiro, que terá 106 leitos para pacientes com coronavírus, será entregue no fim do mês.
A Secretaria Municipal da Saúde diz que estuda a contratação de mais leitos da rede privada. A pasta afirma que a Santa Casa de Santo Amaro mantém 20 leitos de UTI Covid-19 e cinco leitos de enfermaria disponíveis para a prefeitura. “Os pacientes são transferidos para esse hospital somente via central de regulação.”
O governo do estado, gestão João Doria (PSDB), diz que monitora a situação e que, “se necessário”, ativará novos leitos. Ainda em janeiro, serão abertas dez vagas de UTI no Complexo Hospitalar Padre Bento, em Guarulhos.
A prefeitura de São Bernardo do Campo diz que a cidade ganhou dez novos leitos de UTI em dezembro. Em São Caetano do Sul, a administração municipal afirma que aumentou o número de vagas de enfermaria no fim de 2020, passando de 18 para 26.
Em Diadema, foram contratados dez leitos privados para suprir a demanda, sendo que oito estão ocupados. A prefeitura diz que, “se necessário, tomará as medidas para adequação da rede municipal”.
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