Voltaire de Souza: Quando a vida traz limões
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Fila. Embolo. Aglomeração.
É a luta pela vacina.
Aconteceu em Duque de Caxias.
A prefeitura liberou a imunização dos sexagenários.
Da janela do apartamento, Johnny contemplava a multidão.
—Nunca pensei que tivesse tanto…
O rapaz estava desempregado há quase dois anos.
—Com vacina, esse pessoal arranja emprego antes de mim.
Aos 35 anos, ele achava isso uma injustiça.
A mulher dele se chamava Rose.
—Você só reclama, Johnny.
Ela tinha um espírito mais empreendedor.
—Vou assar uns bolinhos de fubá.
Rose lançou um olhar duro para Johnny.
—Você vai lá e vende.
Johnny baixou a cabeça.
Mas a humilhação crescia na sua alma de roqueiro.
—Sou um artista, pô.
—Amanhã, quero você de pé às quatro da manhã.
Assim foi. Johnny saiu de casa com uma cestinha.
—Caramba. Tudo escuro e mais de 5.000 pessoas aqui.
Veio a ideia.
Um sistema de som. Velhos CDs de forró e jovem guarda.
—Bailão da saudade, pessoal. A caipirinha sai R$ 10 a dose.
Às autoridades ele explica.
—Festa não pode. Mas proibir fila de vacina vocês não têm direito.
Do limão, sempre pode sair um aperitivo.