Sítios. Palacetes. Mansões.
Nossos políticos vivem bem.
O deputado Enocídio Beretta se orgulhava.
—Uma casa à altura das minhas responsabilidades.
Os caminhões da Empresa de Mudanças Te Levo estacionaram na frente da mansão.
O sr. Constantino fazia parte da equipe.
—Esses caixotes aqui… onde eu ponho?
—Na sala de munições.
Era um amplo cômodo no subsolo da propriedade.
Caixas de papelão se empilhavam num canto.
—Ei, ei, cuidado com isso aí.
Rasgara-se a fita adesiva.
Algemas. Palmatórias. Máquinas de choque elétrico.
Enocídio explicou.
—É para umas festinhas eróticas. Nada de mais.
Constantino era evangélico.
—Coisa do capeta…
—Calma. Também tem templo particular.
O gramado se estendia até o Lago Paranoá.
—Aqui, o cemitério-memorial. Com crematório também.
—Tanta gente morrendo desse vírus, né, deputado?
O tapa estalou na cara do serviçal.
—Não me fale de Covid por aqui.
Enocídio não acreditava na pandemia.
—É só para os amigos mortos em combate.
Piscina, sauna e cinema são indispensáveis em qualquer mansão.
Mas o espaço de trabalho é sempre a maior prioridade.
Voltaire de Souza: Espaço planejado
Voltaire de Souza
Assuntos relacionados
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.