Exatamente um mês após o início das aulas, a partir da próxima segunda-feira (8), os estudantes terão de enfrentar uma nova adaptação no retorno às aulas da rede estadual de ensino, já que as escolas darão prioridade aos estudantes com maior necessidade de aprendizado e os vulneráveis.
Em entrevista à imprensa no Palácio dos Bandeirantes na tarde desta quarta-feira (3), o governador João Doria (PSDB) anunciou que todo o Estado de São Paulo passará à fase vermelha, a mais restritiva do Plano São Paulo, a partir da 0h deste sábado (6), medida que perdurará até o dia 19 de março. O motivo é tentar frear a explosão de casos de Covid-19 e mortes no estado devido à doença, movimento que acompanha a tendência nacional.
Nessas duas semanas, as escolas estaduais, que abriram as portas para o início do ano letivo de 2021 no dia 8 de fevereiro, darão prioridade no atendimento aos estudantes que se enquadrarem nos seguintes critérios: os que têm necessidade de se alimentar na escola; os que possuem dificuldades de acesso à tecnologia ou não têm os equipamentos necessários para estudar remotamente; e ainda aqueles cujos pais trabalhem em atividades consideradas essenciais, tais como médicos, enfermeiros, e funcionários de supermercados, farmácias, postos de gasolina e pet-shops, por exemplo.
“Educação é essencial, sempre com cuidado extremo nos protocolos, atendendo aos que mais precisam. Temos pessoas que precisam muito da escola aberta”, disse o secretário estadual da Educação, Rossieli Soares.
A decisão do governo estadual não será seguida pela gestão do prefeito Bruno Covas (PSDB). Procurada, a secretaria municipal de Educação informou que manterá o esquema vigente de manter até 35% dos alunos em sala de aula, sem estabelecer prioridades.
Já o Sieeesp (Sindicato dos Eestabelecimentos de Ensino do Estado de São Paulo), que representa as escolas particulares, informou que encaminhou nesta quarta-feira (3) uma circular a seus associados recomendando que eles enfatizem o ensino à distância. (leia mais abaixo)
Desde que reabriram, as escolas estaduais operam com limite de até 35% na quantidade de estudantes dentro de sala de aula. Para isso, foi criado um rodízio entre aqueles que declararam a intenção de ir presencialmente, porém, o número sempre ficou abaixo da expectativa de atender os 3 milhões de alunos que poderiam comparecer às aulas. Agora, esse número deve ser ainda menor. Dados apresentados pelo secretário indicam que em fevereiro, 2,5 milhões de alunos compareceram às cerca de 3.000 escolas estaduais em funcionamento. No período, 165 mil funcionários estiveram presencialmente nas unidades.
Durante as duas semanas de março em que todo estado estará na fase vermelha, a previsão é a de que as escolas recebam 500 mil alunos e 50 mil funcionários.
Rossieli afirmou que as unidades escolares possuem o mapeamento desses alunos em condições de vulnerabilidade, bem como aqueles com dificuldade de aprendizado.
A Prefeitura de São Paulo, gestão Bruno Cova (PSDB), diz que vai seguir a determinação do governo do estado e manterá escolas abertas com até 35% dos alunos nas salas de aula.
Protesto
Também presente na entrevista à imprensa, Jean Gorinchteyn, o secretário de Saúde Estadual do governo Doria, comentou o protesto realizado na noite anterior em frente a sua casa e promovido por pais de alunos da rede particular de ensino que defendem a abertura irrestrita das escolas. O protesto foi organizado como resposta a uma declaração de Gorinchteyn dada à rádio “CBN” na qual ele defendia o fechamento das unidades durante o acirramento da pandemia.
Para o secretário, o maior incômodo foi o grupo ter se aglomerado e, assim, desrespeitado as medidas estratégicas de combate à disseminação do novo coronavírus. “Foi a única coisa que me incomodou”, disse.
Ele afirmou que a medida anunciada por seu colega da Educação, Soares, foi fruto de adaptações que poderiam e foram feitas. “A escola é necessária para todos. Mas neste momento, a escola estará abertas para aqueles que mais precisam”, disse.
Ao final de seu comentário sobre o episódio, Gorinchteyn fez um apelo. “Quem puder ficar em casa e não circular, que deixem os seus filhos em casa”, disse.
Particulares
A decisão do governo do Estado é apoiada por Benjamin Ribeiro da Silva, presidente do Sieeesp (Sindicato dos Eestabelecimentos de Ensino do Estado de São Paulo). Ele encaminhou uma circular aos associados recomendando que estudantes acima de 9 anos de idade prefiram fazer as atividades à distância.
“Alunos de até oito anos de idade têm dificuldades de interagir com a tecnologia e precisam estar presencialmente nas aulas”, afirmou.
Outro grupo que ele cita ser necessária a presença em sala de aulas é o daqueles estudantes cujos pais não podem fazer home office.
Em nota assinada por Isabel Quintella, Lana Romani e Vera Vidigal, o Movimento Escolas Abertas elogiou a atitude do governo estadual em manter as escolas funcionando mesmo na fase vermelha. Porém, defende que a decisão de priorizar um grupo em detrimento de outro deve ser tomada de forma individual pelas escolas.
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.