Voltaire de Souza: Tempos que voltam
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Lembrança. Memória. Registro.
O movimento de 1964 é comemorado.
Em Brasília, o general Perácio convocou uma reunião.
—Temos de celebrar.
Os ministros concordaram com a cabeça.
—Afinal, se a gente não tivesse feito uma ditadura…
—Os comunistas tomavam conta.
Um ministro levantou o dedo.
—O fato, general, é que os comunistas estão de volta.
Perácio fez cara séria.
—Concordo plenamente.
Sua mente voltou para os velhos tempos.
—Torturamos tanta gente… e agora, os problemas voltam.
—Devíamos ter matado mais, general.
—Pois é… a Covid já matou 300 mil…
—E ninguém está reclamando.
—Haha… só os comunistas.
A solução veio num lance de lógica.
—Seria bom se os comunistas pegassem o vírus.
Veio a dúvida.
—Mas general… é só uma gripezinha.
—Pois é. Mas é só gripezinha para quem tomar cloroquina.
A sugestão foi clara.
—Proibir cloroquina para os comunistas?
—Isso. E intubar sem anestesia.
Perácio anotou as sugestões. E deu o aviso.
—Amanhã, churrasco lá em casa.
Mais de 500 convidados para a ocasião militar.
O tempo, por vezes, é como uma gripe.
Passa. E depois volta.