Descrição de chapéu Coronavírus

Doria inaugura hospital com atraso de duas semanas e com um terço dos leitos

Promessa era entregar Hospital de Campanha Santa Cecília em março com 180 leitos, mas terá 60

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

São Paulo

Com atraso de 13 dias, o governador João Doria (PSDB) anunciou na tarde desta terça-feira (13) a abertura do 12º hospital de campanha no estado de São Paulo, que terá um terço dos leitos anteriormente anunciados pelo governo, na Santa Cecília, região central da capital paulista.

Com custo operacional mensal estimado em R$ 12 milhões, o Hospital de Campanha Santa Cecília começa a funcionar com 20 leitos de enfermaria e dez de UTI (Unidade de Tratamento Intensivo). Até o fim do mês, segundo o governador, estarão ativados 40 leitos de enfermaria e 20 para tratamento intensivo. Anteriormente, o estado falava em 180 leitos na unidade.

“Essa unidade será ativada gradualmente. Como todo hospital, não abre com seu funcionamento já pleno. Temos 900 profissionais que irão atuar neste hospital de campanha, entre eles 150 médicos”, disse o tucano em coletiva de imprensa. ​

A inauguração ocorre em meio a altas de infecções, mortes e internações decorrentes da Covid-19 em todo o país. Atualmente, só o estado de São Paulo conta com 25.700 internados, sendo 11.974 em leitos de UTI e 13.726 em enfermaria. As taxas de ocupação dos leitos de UTI registradas nesta terça-feira foram de 85,7% na Grande São Paulo e 87% no estado.

Hospital de Campanha Santa Cecília fica próximo à estação de metrô Marechal Deodoro - Governo do Estado de São Paulo/Divulgação

O prédio na Santa Cecília, ainda de acordo com o governador, já funcionou como hospital e, por isso, oferece facilidades de operacionalidade. “Nós abdicamos das tendas, opção tomada na primeira onda da Covid-19, e optamos por utilizar estruturas físicas, pois elas oferecem melhores condições de trabalho e operacionais, favorecendo a recuperação de quem é internado em leito primário e de UTI”, afirmou Doria, acrescentando ainda que a estrutura do prédio foi cedida gratuitamente pelo proprietário do local.

Apesar de o novo hospital no centro começar a atender com 30 vagas, o secretário estadual da Saúde, Jean Gorinchteyn, destacou que, entre 28 de fevereiro e 30 de março, foram criados 4.695 novos leitos para atendimento de pacientes com Covid-19 no estado. “Isso é o dobro do que tínhamos na primeira onda [da Covid-19], e damos continuidade a abertura de leitos para atender com dignidade toda a população”, enfatizou o secretário.

Hospital terá custo operacional de R$ 12 milhões ao mês - Governo do Estado de São Paulo/Divulgação

Gorinchteyn também comentou sobre a captação feita pelo Ministério da Saúde de medicamentos usados para entubar pacientes com Covid-19. Neste momento, ele foi interrompido por Doria.

“O que houve foi um sequestro [dos insumos], para ficar bem claro o que fez o Ministério da Saúde. Nenhum fabricante brasileiro pode vender ao setor público ou privado os medicamentos para intubação de pacientes, o que é um absurdo”, afirmou o governador, rival político declarado do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

Ao retomar a palavra, o secretário da Saúde acrescentou que o estado de São Paulo está fechando uma compra internacional do chamado kit intubação — constituído de sedativos e relaxantes musculares — que irá “desafogar os estoques”, ainda conforme Gorinchteyn, no máximo por 40 dias. A data da compra e o tempo de duração dos atuais estoques não foram informados.

“Ninguém está ficando sem medicação. Estamos suprindo por arranjo todos os municípios para que possamos permitir que todos sejam acolhidos. Não tivemos desabastecimento nem desassistência, mas precisamos de um volume de medicamentos muito maior”, ressaltou o secretário.

Transporte público

O governador concluiu a coletiva de imprensa comentando sobre a lotação do transporte público na capital paulista, o que aumenta as chances de eventuais infecções pelo novo coronavírus.

“Isso é um tema do Brasil e mundial, a ocupação de trens e metrô. Você não pode imaginar transporte de massa sem a presença de pessoas e a proximidade entre elas. O que fizemos foi a obrigatoriedade do uso de máscara, de álcool em gel, cuidados sanitários em preservação de ambientes em ônibus, trens e metrô, além de continuar a estimular horários alternativos [para evitar aglomerações em horários de pico]. Isso é o que está ao alcance de ser feito, pois não podemos proibir a pessoa, que precisa, de usar o transporte público", afirmou.

Após a conclusão da coletiva de imprensa, Doria, o secretário da Saúde e representantes da unidade de saúde fizeram uma tour pela unidade, com limite de pessoas para evitar aglomerações.

Quase 200 mil sem segunda dose em SP

O secretário-executivo da Saúde estadual, Eduardo Ribeiro, afirmou ao Agora que, até a 0h desta terça-feira, 191.889 pessoas ultrapassaram o prazo máximo de 28 dias para tomar a segunda dose da Coronavac em todo o estado.

Já no país, segundo o Ministério da Saúde, cerca de 1,5 milhão de brasileiros, imunizados com uma primeira dose, estão nas mesmas condições.

“É bom enfatizar que, para um efeito pleno da vacina, segundo os próprios fabricantes, precisam ser usadas duas doses”, afirmou Ribeiro, se referindo à Coronavac, vacina por hora usada nos paulistas.

Sobre a Coronavac, segundo o fabricante, o tempo máximo de administração da segunda dose é de até 28 dias após a primeira aplicação do imunizante.

O secretário executivo afirmou ainda que, no estado de São Paulo, todas as pessoas são cadastradas nominalmente e, dois dias antes do vencimento da primeira dose, são alertadas por mensagens para serem imunizadas pela segunda vez.

“Se por qualquer motivo a pessoa não conseguir tomar a segunda dose, em 28 dias, reforçamos para que, mesmo assim, procure uma unidade de saúde e tome a segunda dose”, orientou Ribeiro.

Ele disse ainda que os municípios onde a evasão é identificada são notificados para realizar uma “busca ativa” para localizar as pessoas e promover a aplicação da segunda dose.

“Caso as pessoas não tomarem a segunda dose é um prejuízo para toda a sociedade, pois há duas finalidades em vacinar: a proteção individual e coletiva. Quanto maior o percentual de imunizados, menor a circulação do vírus e as chances de ele sofrer mutações”, alertou.

Notícias relacionadas