Descrição de chapéu Coronavírus

Saiba como verificar se a vacina contra a Covid-19 foi aplicada de maneira correta

A pessoa deve ficar observar o profissional preparando a injeção e conferir aplicação

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São Paulo

Desde o início da campanha de vacinação contra a Covid-19 no Brasil, circulam imagens em redes sociais mostrando irregularidades durante a aplicação, como seringas vazias ou profissionais que apenas espetam a agulha na pessoa, sem injetar, de fato, o imunizante. Especialistas ouvidos pelo Agora explicaram o passo a passo da vacinação e dão dicas de como evitar problemas.

A professora Lourdes Bernadete dos Santos Pito Alexandre, do curso de Enfermagem do Centro Universitário São Camilo, explica que todo o procedimento para imunização segue um protocolo com ações a serem seguidas pelo profissional de saúde antes, durante e após a aplicação da injeção.

Profissional da saúde aplica vacina contra a Covid-19 em idoso na zona oeste de São Paulo - Zanone Fraissat -15.mar.2021/Folhapress

"Primeiramente, a vacina tem que estar conservada em um recipiente com temperatura adequada, gelo reciclável e termômetro", diz. Segundo ela, se o imunizante não ficar na temperatura indicada pelo fabricante, perde a eficácia. Em seguida, acrescenta, a pessoa deve se certificar que tanto a seringa quanto a agulha foram abertas na hora e, portanto, estão esterilizadas.

O passo seguinte é a aspiração: ou seja, o momento em que o funcionário passa o material do frasco para a seringa. A pessoa deve verificar a embalagem contendo o nome da vacina. Tanto no caso da Coronavac quanto do imunizante da Oxford/AstraZeneca, a dose é de 0,5 ml. A segunda dose tem que ser do mesmo fabricante da primeira.

Lourdes orienta ainda que se observe o líquido no interior da seringa. "A vacina tem um aspecto um pouco opaco e esbranquiçado, mais para o leitoso. Não é transparente", alerta.

Profissional de saúde mostra a seringa com a vacina antes da aplicação na aposentada Francisca de Sousa Faria, 76 - Zanone Fraissat/Folhapress

Na sequência, o profissional fará a aplicação. É importante olhar para o momento em que o êmbolo é pressionado. Após a conclusão, o interior da seringa deve estar vazio e a mesma deve ser descartada em local adequado. Por fim, a pessoa recebe o cartão de vacinação, que deve conter o número do lote do imunizante. Essa informação é importante para uma possível investigação em caso de efeito colateral.

A enfermeira sugere que os idosos sejam acompanhados durante a vacinação para que ajudem a prestar atenção se todos os passos citados foram seguidos corretamente.

A infectologista Laura Nóbrega, professora da faculdade São Leopoldo Mandic e participante do projeto ImunizaSUS, acrescenta que, no caso da vacina contra a Covid-19, ainda não é indicado que, após a aplicação,a pessoa faça um exame que detecta se o organismo já possui os anticorpos contra a doença. "Ainda não existe uma padronização segura que indique se o nível de anticorpos significa que a pessoa está protegida e por quanto tempo", explica.

Na opinião de Laura, alguns dos problemas ocorridos durante a campanha podem não ter sido provocados por má-fé. "Quando a gente vacina milhões de pessoas, existe a possibilidade de erro humano. Então, alguns desses casos que vemos vídeos podem ter sido não intencionais", diz.

Por esse motivo, a professora considera que não há necessidade de um "estresse" sobre esse tema. "Apesar de vermos vários vídeos desse tipo, acredito que sejam casos de exceção. Inclusive torço por isso", salienta.

Conselho de Enfermagem recebeu 18 denúncias sobre vacinação falsa

Até o início deste mês, o Coren-SP (Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo) recebeu 18 denúncias relacionadas a vacinação falsa em todo o território paulista, de acordo com o presidente da entidade, James Francisco Pedro dos Santos.

Segundo Santos, em caso de denúncia, é aberto um procedimento de investigação em caráter sigiloso, que dura pelo menos seis meses. Após a conclusão do processo, se o profissional for considerado culpado, pode sofrer penalidades que vão desde uma advertência verbal até a indicação da cassação do exercício profissional. "Existe um rito a ser seguido. A pessoa tem todo o direito ao contraditório e ampla defesa", garante.

Se a decisão for pela indicação da cassação, o processo é remetido ao Conselho Federal de Enfermagem, que abre um novo procedimento investigativo. Enquanto os trâmites estiverem em andamento, o profissional pode continuar exercendo a profissão.

O presidente do Coren-SP afirma que a pessoa ou seu acompanhante pode filmar ou fotografar a vacinação, desde que não mostre o rosto do funcionário. Segundo Santos, essa proibição está no código de ética da profissão e ocorre porque pode haver casos em que a família desconfia ter havido algo errado sem que de fato tenha ocorrido uma irregularidade. "Aí fazem a divulgação e, mesmo que o profissional não seja culpado, já terá sido 'julgado' nas redes sociais", afirma.

Porém, se houver, realmente, a constatação de uma falha, a pessoa pode fazer denúncia no site do Coren-SP. Também é possível registrar boletim de ocorrência em uma delegacia ou até mesmo oficializar queixa ao Ministério Público.

Por garantia, famílias optam por filmar imunização

No momento da vacinação, familiares têm optado por filmar ou fotografar a aplicação da injeção nos idosos para garantir que não haverá problemas. O registro das imagens é uma prática permitida, desde que não se identifique o rosto do profissional de saúde.

A dona de casa Maria Montich da Silva, 78 anos, é moradora de São Bernardo do Campo (ABC paulista) e recentemente recebeu a segunda dose da Coronavac. "Eu fiquei preocupada. Mas, na primeira dose, minha neta estava junto. Ela filmou e fotografou tudo, então fiquei mais tranquila", lembra.

Ela diz que, na segunda dose, a própria enfermeira responsável pela vacinação a tranquilizou a respeito do procedimento. "Ela foi muito gentil. Me mostrou o frasco da vacina, a seringa cheia e, em seguida, a seringa vazia", comenta.

O aposentado José Batista Leal Filho, 78 anos, de São Caetano do Sul, também tomou a segunda dose recentemente. "Eu confio bastante nos profissionais aqui de São Caetano, mas, mesmo assim, é sempre bom dar uma olhadinha. Fiquei atento, pois sempre pode haver algum mau profissional", afirma.

Mesmo com as denúncias de problemas na aplicação, ele considera que a imunização é a "salvação de tudo". "Não sei como que pode ter gente que não confia ou que induz o povo a não tomar a vacina. Se eu pudesse, falaria para todo mundo tomar", garante.

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