Família diz que corpo de idosa pode ter sido trocado em hospital da zona norte de SP
Parentes de mulher de 91 anos perceberam no cemitério que o corpo prestes a ser sepultado não era dela
Já é assinante? Faça seu login
Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:
Oferta Exclusiva
6 meses por R$ 1,90/mês
SOMENTE ESSA SEMANA
ASSINE A FOLHACancele quando quiser
Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.
Uma idosa de 91 anos foi enterrada no lugar de outra mulher, vítima de Covid-19, na última quarta-feira (5) em São Paulo. A troca dos corpos aconteceu no Hospital Municipal Dr. José Soares Hungria, em Pirituba (zona norte), e foi confirmada pelo filho dela, Antonio Soares da Silva, 66 anos, que até agora não teve acesso ao corpo da mãe.
Ignácia Silva morreu na quarta-feira (5) no hospital municipal de Pirituba. No dia seguinte (6), Silva compareceu à unidade de saúde para o reconhecimento do corpo e disse ter sido informado, após um tempo de espera, que os funcionários não estavam encontrando o corpo de sua mãe.
Após mais de duas horas de espera, Silva foi levado ao necrotério do hospital. Ao ver os cabelos brancos de uma idosa, concluiu que era o corpo de Ignácia e assinou o documento que reconhecia que aquela era sua mãe.
Quando o corpo estava a caminho do cemitério Dom Bosco, em Perus (zona norte), o hospital entrou em contato com a funerária para comunicar que aquele era o corpo errado. A família, que estava no cemitério, pôde verificar e confirmar que realmente não era Ignácia.
O corpo era de uma mulher de 88 anos, vítima de Covid-19. A hipótese é de que Ignácia, que havia morrido por infecção generalizada e insuficiência cardíaca, tenha sido enterrada no lugar da outra mulher na quarta-feira (5).
A família de Ignácia foi até o 46º DP (Perus) para a abertura de um boletim de ocorrência.
Em nota, a Secretaria da Segurança Pública, gestão João Doria (PSDB), diz que "após realizar as oitivas com os familiares das duas vítimas e com representantes do hospital e do serviço funerário, a autoridade policial do 46º DP registrou o caso como não criminal e orientou as partes sobre as medidas judiciais cabíveis".
No registro do boletim de ocorrência, o funcionário do serviço funerário explica que, por ter passado mais de 24 horas do sepultamento de Ignácia no nome de Idalina, não seria possível abrir a cova para reconhecimento.
"Muito provavelmente foi minha mãe que foi enterrada, mas eu não posso afirmar nada, se a minha mãe foi trocada, se não foi... Eu estou considerando minha mãe como desaparecida", relata Antonio, que não teve acesso ao corpo da mãe.
A família de Ignácia afirmou que pretende acionar a Justiça, onde deve ser solicitada a exumação do corpo. "Está sendo muito triste. Eu não queria estar fazendo nada disso, mas faço porque muitas famílias vão se ver no meu caso", afirma Silva.
A reportagem tentou contato com a família da outra mulher, mas não conseguiu até a publicação desta reportagem.
Resposta
Em nota, a Prefeitura de São Paulo, por meio da Secretaria Municipal da Saúde, diz que o ocorrido é inadmissível e que, devido à gravidade do caso, o Cejam (Centro de Estudos e Pesquisas Dr. João Amorim), a Organização Social responsável pela gerência do Hospital Municipal Dr. José Soares Hungria, afastou preventivamente o colaborador envolvido no caso.
"Uma sindicância já foi instaurada para apurar os fatos. A direção da unidade já reforçou as orientações para a tripla checagem, que é o protocolo instituído em todas as unidades hospitalares da capital", diz o texto.